Em 1984, o selo alemão Noise Records lançou a coletânea “Death Metal”, que ficou conhecida como uma das representações mais brutais de Heavy Metal daquela época por apresentar bandas como Running Wild, Hellhammer e Dark Avenger em seu casting. Foi este mesmo álbum que revelou uma das primeiras bandas de Power Metal que o mundo conheceu: o Helloween.

No ano seguinte, pela mesma gravadora, sai o seu primeiro EP, um autointitulado de cinco músicas que ajudou o quarteto alemão a solidificar-se pelo underground mundial, fazendo paralelo a referências da New Wave Of Britsh Heavy Metal, que explodia na Inglaterra, e a bandas alemãs mais tradicionais, como o Accept.

O estilo elaborado por Kai Hansen (guitarra e vocais), Michael Weikath (guitarra), Markus Grosskopf (baixo) e Ingo Schwichtenberg (bateria) acrescentava uma melodia distinta ao Heavy Metal, mas mantinha a habitual velocidade que era característica das bandas germânicas – talvez seja por isso que alguns fãs classificam essa fase até o lançamento deste “Walls of Jericho” como Speed Metal.

Muitos afirmam que o título bíblico e a representação do artista plástico Uwe Karczewski – que desenhou a capa – foram uma forma de protestar contra o sistema vivido em seu país, quando a nação era dividida pelo Muro de Berlim, que sucumbiu em 1989. Outra visão política atribui-se à letra de “How Many Tears”, onde a canção faz claras referências à Guerra Fria ao citar o clima tenso entre Estados Unidos e Rússia.

Por outro lado, músicas como “Guardians”, “Ride The Sky” e “Phantons of Death” abriam caminho para uma nova proposta lírica, que tarimbou a identidade do Helloween através das décadas, fazendo da banda uma espécie de pai do Power Metal e Metal Melódico.

A participação de Chris Boltendahl (Grave Digger) nos backing vocals de “Reptile” talvez não houvesse chegado ao conhecimento de muitos fãs, mas demonstrava o bom entrosamento do grupo naquele cenário que já se encaminhava para ser um dos mais importantes do mundo.

O álbum chegou até a Ásia e fez sucesso no Japão, atingindo a 75ª posição. Em três anos de lançamento, “Walls of Jericho” teve nada menos que oito edições, muitas delas com a inclusão de bônus como o EP “Helloween” e depois a da música “Judas”, que saiu como single em 1986. Um lote da versão em cassete, comercializada no final dos anos oitenta, foi liberado com a música “To Mega Therion” do Celtic Frost, resultado de uma falha de produção, pois a banda suíça também fazia parte do elenco da Noise e, provavelmente, misturaram as masters. Em 2006, saiu o último relançamento em CD que trouxe um disco adicional contendo faixas ao vivo e remixadas, liberado pela Sanctuary Records.

“Walls of Jericho” pode não ser o álbum mais expressivo do Helloween, mas é uma fonte inesgotável de influência para grupos que vem surgindo a cada hora no mundo inteiro. Não fosse o caminho pavimentado por esse disco, o cenário melódico do Heavy Metal, com certeza, teria tomado uma direção completamente diferente, portanto, saudai ao primogênito!

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Formação:
Kai Hansen (vocal, guitarra);
Michael Weikath (guitarra);
Markus Grosskopf (baixo);
Ingo Schwichtenberg (bateria).

Faixas:
01 – Walls of Jericho
02 – Ride The Sky
03 – Reptile
04 – Guardians
05 – Phantoms of Death
06 – Metal Invaders
07 – Gorgar
08 – Heavy Metal (Is The Law)
09 – How Many Tears

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