Por ocasião do lançamento de seu quarto álbum o Hammerfall já não era mais considerado, por ninguém, como uma promessa, e sim como uma banda razoavelmente estabelecida. Esse status não caiu do céu (ou do Valhalla) para eles, pois foi na verdade, e merecidamente, fruto da qualidade e do carisma das composições que a banda tinha apresentado até então.
E é justamente na area de composições que surgiu o grade desafio desse disco, pois pela primeira vez a banda não teve a colaboração de Jesper Stromblad, guitarrista e cabeça pensante do In Flames. No entanto, ao longo do trabalho, dá para perceber que tanto o guitarrista Oscar Dronjak, quanto o vocalista Joacim Cans, aprenderam os macetes com o parceiro e apresentaram um disco com bastante qualidade, dentro do estilo que a banda pratica.
Outro rompimento que pôde ser percebido logo de imediato foi a mudança do artista gráfico responsável pela capa. O genial Andreas Marschall não assinou esse trabalho, tendo sido substituído por Samwise Didier, que felizmente não decepcionou, exibindo um traço mais simples, porém bonito, podendo ser comparado com algo na linha de histórias em quadrinhos da Marvel.
Para compensar os elementos de funcionamento da banda que haviam sido subtraídos, houve a adesão do produtor Charlie Bauerfeind, que já assinou trabalhos de Helloween, Saxon, Blind Guardian, Rage, além dos brasileiros Viper e Angra, e que encontrou, no Hammerfall, uma formação que se preparava para efetuar, pela primeira vez, a gravação de um disco sem mudanças de formação em relação ao disco anterior.
“Riders Of The Storm” é a primeira faixa e não precisa recorrer a introduções ou a velocidade acelerada para atrair o interesse, sendo uma canção de mid tempo, com o tradicional refrão em forma de coro que se espera do Hammerfall. Na faixa seguinte, “Hearts on Fire”, que se revelou ser a escolha acertada para single do álbum, a velocidade aumenta um pouco e esse parece ser o padrão a ser seguido, pois a próxima, “On The Edge Of Honour”, é a mais rápida até então. A faixa-título quebra essa escalada e é uma música bem compassada, mas que não me soou interessante a ponto de nomear o disco. Nesse ponto do álbum, parece haver uma ligeira queda no interesse despertado pelas canções, pois “Trailblazers” e a balada “Dreams Come True” não são fortes o suficiente para lhe empolgar além do grau de normalidade.
Após o cover de “Angel Of Mercy”, da banda americana Chastain, o disco torna a evoluir com as faixas “The Unforgiving Blade”, que se destaca pelo refrão, a emotiva instrumental “In Memoriam”, composta e conduzida pelo guitarrista Stefan Elmgren e, finalmente, pela derradeira canção “Hero’s Return”, que possui todas aquelas características que a gente espera de uma música do Hammerfall, fechando o disco com méritos.
O que se percebe do Hammerfall é que a parceria Cans/Dronjak, que configura a espinha dorsal da banda, é um dos poucos exemplos de efetiva longevidade dentro desse meio. Trabalhando em sintonia, já há dezenove anos, é claro que não vão acertar no alvo em todas as oportunidades e ninguém espera por isso, mas estão sempre oferecendo boas canções. “Crimson Thunder” não é um disco perfeito, tem suas falhas, mas está certamente entre os mais destacados da banda e merece a sua audição.
Formação:
Joacim Cans (vocal);
Oscar Dronjak (guitarra, backing vocal);
Stefan Elmgren (guitarra, violão);
Magnus Rosén (baixo);
Anders Johansson (bateria).
Convidados:
Mat Sinner (backing vocal);
Rolf Köhler (R.I.P. 2007) (backing vocal);
Daniel Böhm (backing vocal na faixa 9);
Christoph Lutz (backing vocal na faixa 9);
Boris Matchin (violoncelo);
Jens Johansson (teclado na faixa 11);
Mats Rendlert (backing vocal);
Martin Meyer (clavinete);
Markus Wosgien (backing vocal na faixa 9);
Patrick Benzer (teclados).
Faixas:
01 – Riders of the Storm
02 – Hearts on Fire
03 – On the Edge of Honour
04 – Crimson Thunder
05 – Lore of the Arcane (instrumental)
06 – Trailblazers
07 – Dreams Come True
08 – Angel of Mercy (Chastain cover)
09 – The Unforgiving Blade
10 – In Memoriam
11 – Hero’s Return