Para fazer essa crítica, eu tinha duas opções: escrever uma visão do álbum Revolution Radio sem ter uma base estabelecida para ter como referência e “julgar” o disco por si só, ou revisitar a discografia prévia da banda para estabeler um parâmetro, pois a última vez que tinha pego Green Day para ouvir foi quando saiu Nimrod e eu tinha 13 anos de idade; meu gosto musical dentro do rock já era outro e o punk rock/pop punk praticado pela banda nunca foi minha especialidade ou algo que ouvisse com frequência.

Embora goste muito da ideia de resenhar sem comparar, que é uma tarefa difícil quando a banda já tem uma discografia estabelecida, resolvi passear pelos álbuns anteriores para entender a evolução da banda até aqui.

Após isso, pude perceber duas coisas: os primeiros 5 ou 6 álbuns do Green Day são muito bons e também que, infelizmente, a qualidade dos álbuns recentes, especialmente os da década de 10, demonstram uma certa estagnada, sem a mesma qualidade ou criatividade dos anteriores e com poucos destaques em cada lançamento – e não estou falando em mesma sonoridade dos anteriores, e sim em qualidade, seja fazendo algo mais punk ou algo mais pop.

Revolution Radio é o penúltimo trabalho do trio americano, lançado em outubro de 2016 e gravado entre 2014 e 2016. A produção ficou por conta da própria banda e contou com três singles: “Bang Bang”, que tem um início promissor com um lampejo de qualidade do velho estilo da banda, e acaba sendo um dos momentos mais legais da audição. Sua letra conta em primeira pessoa uma espécie de visão irônica sobre a mente de um atirador de massa e é bastante criativa; “Still Breathing”, que evidencia o lado mais pop do grupo e é uma canção que não empolga, e “Revolution Radio”, que quando ouvi pela primeira vez, seu riff me fez lembrar imediatamente de “Garota de Berlim” do Supla. É uma das faixas boas aqui, uma espécie de power pop com influências punk.

A melhor canção de Revolution Radio é a primeira faixa, “Somewhere Now”, que começa com dedilhados acústicos, e depois alterna entre boas melodias e um toque de classic rock. Infelizmente apenas mais duas canções merecem certo destaque, “Say Goodbye” que ao mesmo tempo que soa como um pop punk perfeito, tem um leve clima psicodélico e surf rock, e “Too Dumb to Die”, que é mais direta e old school.

A segunda metade de Revolution Radio parece estar ali para cumprir tabela, para ter um disco completo e quase todas são faixas que não possuem muita inspiração.

Como curiosidade, vale destacar que Revolution Radio foi o primeiro álbum desde Warning (2000) a não vir com um adesivo do “parental advisory” em sua capa; o trabalho também debutou como número 1 nos charts da Billboard vendendo cerca de 95 mil cópias; também foi número 1 na Irlanda, Itália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido.

Green Day – Revolution Radio
Data de lançamento: 7 de outubro de 2016
Gravadora: Reprise / Warner Bros.

Formação:
Billie Joe Armstrong – vocais, guitarras, piano
Mike Dirnt – baixo, vocais de apoio
Tré Cool – bateria, percussão

Tracklist:
1. Somewhere Now
2. Bang Bang
3. Revolution Radio
4. Say Goodbye
5. Outlaws
6. Boucing off the Wall
7. Still Breathing
8. Youngblood
9. Too Dumb to Die
10. Troubled Times
11. Forever Now
12. Ordinary World

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