Roadie Metal Cronologia: Grave Digger – The Clans Will Rise Again (2010)

Grave Digger havia presenteado seu público com o trabalho mais consistente na década que chegava ao fim: “Ballads of a Hangman” (2009)  é um dos registros mais apreciados pelos fidelíssimos fãs do grande representante do movimento  FWOGHM (First Wave of German Heavy Metal). A confiança do bardo alemão foi tamanha, que aproximadamente um ano e meio após esse lançamento, já aportavam novamente com um álbum conceitual (tradição na discografia da banda) e uma pretensiosidade que indicava grande coragem.  “The Clans Will Rise Again” traz grande referência a um dos maiores clássicos do grupo, “Tunes of War”, de 1996. Inspirado pelo oscarizado filme “Braveheart”, dissertava sobre os feitos de William Walace pela independência da Escócia com fortes refrãos, em músicas pesadíssimas de grande acento épico. 

O disco “The Clans Will Rise Again” marca a estreia do ótimo guitarrista Axel Ritt (ex-Domain) como membro efetivado (permanece até os dias atuais) e a ansiedade por novamente trazer a Escócia para sua temática, levou os fãs a acreditarem em uma continuação direta de “Tunes of War”. Não foi bem isso que ocorreu… O desencadeamento conceitual retratou mais o contexto histórico da sociedade escocesa e a cultura das Highlands. Apesar da similaridade, havia grande distinção entre as duas obras.  Expectativas criadas a parte, é um ótimo disco, que traz uma excelente impressão logo de cara pela belíssima arte gráfica (capa e encarte irrepreensíveis), que impacta! Mas vamos as faixas…

A introdução denominada “Days of Revenge” é muito bonita, e funciona como uma espécie de “desintegrador de moléculas”, já que de “sopetão” você adentra automaticamente as highlands escocesas. É impossível ficar imune ao som das gaitas de foles e flautas celtas, ainda mais quando emenda o petardo “Paid in Blood'”, com seu riff contagiante e a bateria insana comandando o instrumental absurdamente coeso (vale ressaltar o esmero da produção). Um verdadeiro petardo. no qual o refrão épico enfatiza o grito de guerra referente a batalha de Falkirk! Marca registrada do Grave Digger, e na minha opinião, uma das melhores faixas da banda.

Um breve dedilhado dá as boas vindas a “Hammer of the Scotts”, outro destaque do disco, com sua fúria irresistível, e mais um refrão grudento urrado na tradição de Chris Bolthendal, e que insiste em não abandonar nossa memória por um bom tempo. A letra é uma ode dos escoceses às guerras, para celebração com o martelo e convocando todos a levantar suas espadas para o céu! Já a faixa seguinte (“Highland Farewell”) singela filosoficamente sobre uma highland, e diminui consideravelmente a cadência, contrastando com as explosões iniciais. Mas é uma ótima música!

A faixa título é praticamente declamada sobre uma base mais “sabbathiana”, arrastada e soturna, mas com algumas variações rítmicas surpreendentes ao decorrer. Canção bastante interessante, que soaria melhor se não fosse as equivocadas linhas vocais escolhidas, ao murmurar um sentimento de vingança dos clans escoceses. A tríade “Rebels”, “Valley of Tears” e “Execution” representa exatamente a essência de toda a carreira do Grave Digger. Não surpreende mas oferece tudo aquilo que os fãs do singular Heavy Metal concebido pelos alemães tem de praxe: solos muito bem executados, velocidade se alternando com peso que contagiam, e principalmente o “climão” envolvendo a temática referente. A história do povo escocês funciona muito bem com os característicos arroubos épicos!

“Whom the Gods Love” é um ótimo diferencial! A exemplo da faixa-título, o peso predomina, e os contornos são bem melódicos, nos presenteando com o solo mais cheio de feeling (belíssimo) do álbum, numa narrativa emocional de um povo esperançoso, mas que ainda sofre pelos horrores da guerra. Voltamos as “cacetadas” com “Spider”, onde um guerreiro divaga sobre as batalhas perdidas mediante um instrumental bemmmm poderoso! Uma das minhas preferidas nesse trabalho.

A linda instrumental “The Piper McLeod” abre alas de um encerramento para lá de interessante… “Coming Home” reza na cartilha da sonoridade tradicional do grupo, mas é a música do álbum com mais “características escocesas”, pela inserção de instrumentos típicos, dando um “molho” perfeito a proposta requerida. Já o fechamento com a sensível “When Rain Turns to Blood”, traz basicamente uma balada com ares épicos, dando dramaticidade ao desfecho pela nova incursão do Grave Digger a Escócia. O único senão dessa canção é o vocal de Boltendahl, a meu ver definitivamente não funciona nas passagens mais lentas. No mais, “The Clans Will Rise Again” é um ótimo álbum, que oferece ao público da lenda alemã todos os elementos fundamentais que permeiam sua trajetória. Com certeza, abriram um largo sorriso imediatamente após sua primeira audição! Minha nota é 8,5.

Grave Digger – The Clans Will Rise Again
Data de lançamento: 01/10/2010
Gravadora: Napalm Records

Faixas:

1. Days of Revenge (1:58)
2. Paid in Blood (3:57)
3. Hammer of the Scotts (4:01)
4. Highland farewell (4:07)
5. The Clans Will Rise Again (5:01)
6. Rebels (4:40)
7. Valley of Tears (4:09)
8. Execution (4:45)
9. Whom the Gods Love (6:12)
10. Spider (3:12)
11. The Piper McLeod (0:49)
12. Coming Home (4:22)
13. When Rain Turn to Blood (6:14)

Formação:

Chris Boltenhal – Vocais
Hans Peter “H.P.” Katzenburg – Teclados
Axell Ritt – Guitarra
Jens Becker – Baixo
Stefan Arnold – Bateria

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