INTRODUZINDO: lançado em 2003, Rheingold é o 11º álbum de estúdio da banda alemã de power metal (épico?), GRAVE DIGGER. Temos aqui um álbum conceitual baseado na obra de Richard Wagner chamada ‘O Anel dos Nibelungos‘. Muitas linhas das letras são citadas ou parafraseadas (em uma tradução para o inglês) de Wagner. A música também tem referências ocasionais a Wagner, a mais óbvia talvez seja a introdução à música “Dragon“, que é o leitmofit de “Siegfried’s Horn Call” da obra citada. NR: Leitmofit seria como um fio condutor relacionado aos conceitos musicais de lema-tema. É uma “curta, constantemente e recorrente” frase musical associada com uma pessoa em particular, lugar, ou ideia.

RELEASE: GRAVE DIGGER é uma banda alemã de Heavy/Power Metal formada em 1980 por Chris Boltendahl e Peter Masson. O primeiro contato que este redator teve com a referida banda foi com o grande clássico “Tunes of War“, em meados dos anos 2000. Logo em seguida vieram mais duas pérolas de sua discografia, “Excalibur” e “Knights of the Cross“, solidificando a relação de amor eterno com essa banda, que ocupa o TOP 5 deste headbanger desde então.

O álbum abordado nesta matéria tem uma ligação ainda mais especial com este que vos escreve: o ano era 2003 e durante a tour de promoção do disco, o GRAVE DIGGER aportou na capital gaúcha Porto Alegre(RS) para promover o que foi o segundo grande show da vida deste que redator, à época com 19 anos. O GRAVE DIGGER apresentou um setlist matador recheado de clássicos, e fez história naquela noite. Ver a “formação clássica” foi algo inestimável… Guardo ainda (com muito carinho) a camiseta comprada no evento. NR2: a “formação clássica” a que me refiro, além de Boltendahl (é obvio), foi inesquecível presenciar os monstros Manni Schmidt (esse cara toca demais), Jens Becker e Stefan Arnold, e claro, H.P. Katzenburg em suas aparições em meio à fumaça.

Grave Digger – Rheingold Tour 2003 – Porto Alegre, Bar Opinião

DISSECANDO O DISCO: o disco se inicia com (“The Ring“) uma daquelas intros majestosas, com teclados e samplers épicos carregados de emoção. Vale a pena ouvir cada segundo, pois esta eleva os ânimos e cria a atmosfera necessária até a entrada da primeira pedrada, que inclusive, ostenta o nome do disco: “Rheingold” apresenta um riff (de guitarra) matador, rápido, sólido e carregado, que mantém consigo energia suficiente para prender a atenção dos verdadeiros bangers amantes do power metal. A música cresce e a “cozinha” entra, encorpando volume à guitarra. Após a “surra”, Boltendahl dispara as primeiras palavras, prometendo mais um grande clássico para a banda. O refrão é uma mescla de tormenta que antecede a calmaria. Esse é o tipo de música que nunca deve faltar no play. Não vou me prender muito a descrever os solos de guitarra nas músicas; em resumo, ao meu ver, são todos fantásticos e bem estruturados, criativos e empolgantes. “Valhalla” agrega ainda mais peso que sua antecessora e abre caminho para a pancadaria comer solta. Baita songmosh temos aqui. Através da ponte arco-íris (Byfrost) – que coincidentemente é o bridge da música – seguimos para o Paraíso Nórdico. O refrão… impossível não cantar junto até explodir os pulmões!

Grave Digger – Valhalla

“Giants” continua o massacre: forte, com pegada e cheia de personalidade. Com um refrão carismático, uma cozinha bem alinhada e um caminhão de riffs criativos, esta track irá colar bem ao vivo. Inclusive, na tour, ela foi tocada no show em que estive. No intervalo para o solo, muita criatividade na ambientação. O finalzinho da song, é um show a parte. “Maidens of War” chega e, depois de muita gladiação, conseguimos voltar a respirar… por 15 míseros segundos! E o pau come de novo! O riff se apresenta poderoso e, quando você pensa que o vocal vai entrar, um solo ríspido rasga sua distração. É a primeira faixa que tem andamento mais “calmo”, entretanto, sem perder o peso. Como sempre, no refrão, cantaremos todos gritando. Aqui, temos um solo mais melodioso, repleto de harmonia e variações – o clima causado é inebriante!

Maidens of War

Metade do disco: “Sword” trás ligada em si mais uma intro, que acompanha bem a primeira faixa. Com um riff forte e gingado, a música gruda de imediato. O riff grudento acompanha o verso da track, impossibilitando que a cabeça do ouvinte permaneça inerte ao pescoço. O refrão surge sem aparentemente passar por um bridge, e ja inunda novamente as orelhas. Ao final, temos uma caída para o último refrão, clássica cozinha baixo+bateria levando o riff. “Dragon” se inicia diferente das demais: temos aqui o refrão (incompleto) cantado logo de cara. Aí sim, depois, a música começa, mostrando mais um riff muito característico do GRAVE DIGGER. O verso desta track é menos denso que suas antecessoras, permitindo um gingado mais ameno de cabeça. Matando o dragão, outras cabeças irão rolar! “Liar” aperta o passo e aumenta a tensão: recheada de bumbos duplos (quase não param de bater esses bumbos) e uma guitarra rápida e carregada, a track é perturbadora. Temos uma verdadeira song-ninja: rápida e letal! A mais curta do disco. “Murderer” é mais uma que é precedida por uma intro (muito bonita por sinal). O trabalho de guitarra / cozinha que encontramos aqui é de cair o queixo. Particularmente eu gostaria mais que o andamento se mantivesse no mesmo ritmo, porém, ele sofre uma baixa na cadência, apresentando a primeira “balada” do disco, se é que podemos encarar dessa forma. Na verdade, a apresentação da música por ser progressiva, dá essa impressão. Para fechar o disco, mais uma grande track que fez parte dos shows dessa tour: “Twilight of the Gods” tem um dos melhores riffs da obra (se não o melhor). O solo introdutório cria a atmosfera para mais uma vez Boltendahl surgir em meio a neblina e disparar a letra de forma agressiva. A música é intensa, e finaliza o trabalho com um gosto de “quero mais”. Algumas versões do disco contam com bônus. O GRAVE DIGGER apresenta neste trabalho quase 45 minutos de puro êxtase! NUNCA trocaria esse disco por qualquer 2o tempo de uma final de Copa do Mundo.

Grave Digger – 25 To Live – 22 – Twilight Of The Gods

CONCLUSÃO: além do sentimento pessoal que este redator carrega com o presente álbum, bem como com a banda num todo, posso certificar que todo esse sentimento não influencia grosseiramente no contexto desta resenha. Ou seja, o ouvinte não irá, de forma nenhuma, encontrar neste disco algo que não descrito aqui: trata-se de um exemplar magnífico do mais puro Power Metal. Sem dúvida, um dos melhores discos da carreira do GRAVE DIGGER. É obvio que, se você não é um admirador do estilo, e nem da banda, sua opinião será diversa.

Há quem diga que o GRAVE DIGGER soe muito igual em suas composições… penso ser isto uma injustiça, pois, obviamente, a banda mantém as características do Power Metal mesclado ao Heavy Metal mais tradicional, entretanto, de forma alguma, isto faz com que a criatividade musical do grupo se reprima, ou mesmo, se limite a um mesmo emaranhado de notas. O GRAVE DIGGER ocupa uma posição merecida (e muito disputada) em meu TOP 5 pessoal não é bem à toa…

O único ponto negativo que posso exaltar desta (fantástica) banda seria a falta de investimento em videoclipes. Uma banda que abrange tantos (e tantos) temas diferenciados teria matéria infinita para produção visual. Pense…

NOTA: este é o primeiro 10,0 que cravo na pedra sagrada do Deus Metal de todas as resenhas que já propus. Teremos outros, sim, mas, apenas os merecedores alcançarão este ápice.

Grave Digger – Rheingold
Lançamento – 03 de junho de 2003
Label – Nuclear Blast

Faixas:

“The Ring” – 1:48
“Rheingold” – 4:02
“Valhalla” – 3:48
“Giants” – 4:37
“Maidens of War” – 5:48
“Sword” – 5:03
“Dragon” – 4:07
“Liar” – 2:46
“Murderer” – 5:37
“Twilight of the Gods” – 6:42

Line-up (no disco):

Chris Boltendahl – Vocals
Manni Schmidt – Guitars
Jens Becker – Bass
Stefan Arnold – Drums
H.P. Katzenburg – Keyboards

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