Pela primeira vez em muito tempo, me foi delegada a função de dar início à cronologia de uma banda, no caso, o Grave Digger. A banda tem uma história um tanto confusa com várias trocas de nomes entre suas fases, mas é uma banda relativamente bem conhecida no meio do Heavy Metal e que permanece ativa até hoje.
A banda foi formada em 1980 por Chris Boltendahl e Peter Masson. A primeira formação da banda contava com Boltendahl nos vocais e baixo, Masson na guitarra e Lutz Schmelzer na bateria, que no ano seguinte foi substituído por Phillip Seibel. Nos primeiros anos da banda pré-lançamento de seu debut, a banda teve várias mudanças na formação, incluindo 3 bateristas e a adição de um membro extra no baixo, com Boltendahl se reservando somente aos vocais a partir de 1983. Nessa época, a banda, que ainda se chamava somente Digger (nome que seria retomado pela banda depois de alguns anos) participava em alguns pequenos festivais e gravou, em 1983, duas músicas ( Violence e 2000 Light Years From Home, um cover de The Rolling Stones) para a compilação Rock From Hell, compilação de metal alemão lançada pela Modern Music Records.
Em 1984, a banda – que agora já usava o nome Grave Digger – lançou seu debut (e assunto desta matéria), o álbum “Heavy Metal Breakdown“.

Algo que já me chamou atenção antes mesmo de ouvir o álbum, quando fui ler sobre o mesmo, é que, apesar das letras e música serem 100% creditadas ao vocalista Chris Boltendahl, na verdade ele não escreveu quase nenhuma. Na época, a banda não tinha dinheiro para registrar os direitos das músicas para todos os membros, então decidiram registrar tudo no nome de Boltendahl, apesar de haver participação na composição dos outros três membros e de maioria das letras terem sido feitas pelo então manager da banda, Gerd Hanke, pois o inglês de Boltendahl não era bom suficiente na época para escrever boas letras.
O álbum originalmente foi lançado com 9 faixas, incluindo o cover de The Rolling Stones gravado para a coletânea Rock From Hell. Curiosamente, o single “Violence” não estava incluído na versão original. Dez anos depois, em 1994, foi lançada uma versão bônus japonesa contendo mais 10 faixas, incluindo “Violence” e algumas faixas de EP’s e compilações que a banda gravou.
Em 2018 foi lançada uma versão remasterizada do álbum, que é a única disponível oficialmente em meios digitais. A versão remasterizada conta com 14 faixas, misturando as originais com algumas da versão de 1994 e uma versão alternativa para “2000 Light Years From Home”
Como estamos falando do primeiro álbum de uma banda que era pequena na época e de um álbum dos anos 80, não vou me importar tanto com a qualidade da gravação em si, vou tentar focar mais no conteúdo da obra nesta resenha.
Em linhas gerais, é possível compreender porque Grave Digger se tornou uma banda importante para o cenário oitentista. Desde seu primeiro álbum, a banda basicamente “seguiu a receita” de forma exemplar: música linear com riffs rápidos, porém marcantes; o vocal agudo e gritado; bateria rápida (para a época) e que só para no final da música; certas linhas vocais feitas para serem entoadas pelo público; e uma balada no álbum. Isso somado ao cover de uma banda popular como The Rolling Stones ( que, inclusive, foi tão bem traduzido para o gênero que, ao longo de minha primeira audição do álbum, achei que era uma música autoral da banda) seria o que um grande produtor da época diria que era o que daria sucesso.
Não sou o maior fã de Heavy Metal clássico que existe. Hoje, quarenta anos depois, acho que é um estilo saturado e dificilmente me atrai. Mas admito que tive uma certa diversão ao ouvir este álbum do Grave Digger, apesar de ser o padrão esperado para o estilo e para a época, o álbum não me cansou. Além disso, diversas vezes me peguei batendo o pé com o ritmo frenético da bateria ou cantando alguns trechos simples e previsíveis junto com a música, o que é um sinal de que o álbum realmente me entreteve.
Os dois maiores destaques do álbum para mim são “Yesterday”, a balada do álbum, que se difere completamente do resto do álbum e é uma música muito bem composta, e “2000 Light Years From Home”, o cover de The Rolling Stones que, como citei acima, foi muito bem transposta para o gênero do Grave Digger, ao ponto de que, se não soubesse que era um cover, de fato não imaginaria, pois quando ouvi sem atenção, não notei que era um cover (fui notar quando estava pensando na música e reconheci a frase “2000 Light Years From Home” no refrão).
O álbum “Heavy Metal Breakdown” é extremamente recomendado para quem gosta do gênero. Ele segue o padrão que estava em alta na época e, com seus simples 36 minutos de duração, consegue agradar sem deixar a desejar, mas sem cansar o ouvinte. A banda executa muito bem todas as faixas, não sendo possível detectar nenhum erro de gravação em meio ao álbum, e a voz de Chris Boltendahl é padrão, porém apresenta uma boa técnica quando se trata da sustentação das notas e da agressividade dos vocais. Minha única crítica é, na verdade, sobre a versão remasterizada de 2018, que notei que quebra a qualidade de certas partes ( que provavelmente na gravação original excediam o volume usado como referência na remasterização), causando uns chiados estranhos. Mas nada “estraga” o álbum de fato.

Data de Lançamento: 24/10/1984
Gravadora: Noise/Megaforce
Tracklist:
1- Headbanging Man
2- Heavy Metal Breakdown
3- Back From the War
4- Yesterday
5- We Wanna Rock You
6- Legion of the Lost
7- Tyrant
8- 2000 Light Years From Home ( The Rolling Stones Cover)
9- Heart Attack
Japanese Bonus Track Version (1994):
10- Violence
11 – Shoot Her Down
12 – We Wanna Rock You (Single Version)
13 – Storming the Brain
14 – Shine On
15 – Tears of Blood
16 – Don’t Kill the Children
17 – Girls of Rock n’ Roll
18 – Stronger Than Ever
19 – I Don’t Need Your Love
Formação:
– Chris Boltendahl (Vocais)
– Peter Masson (Guitarra)
– Will Lackman (Baixo)
– Albert Eckdart (Bateria)
Músicos Adicionais:
– Dietmar Dillhardt ( Teclado em “Yesterday”)
Equipe:
– Karl-Ulrich Walterbach – Produção
– Harris Johns – Engenharia e Mixagem