O que nomes como Vivian Campbell, Adrian Smith, Slash, Joe Bonamassa, Mikael Åkerfeldt, Kirk Hammett, Zakk Wylde, Orianthi, Paul Gilbert e Jake E. Lee possuem em comum, além de serem ótimos guitarristas? Todos, em algum momento, apontaram o norte-irlandês como uma de suas influências. Nada mais justo para esse que é um dos maiores nomes do instrumento na história, indo em sua carreira do Jazz ao Blues, do Hard/Heavy ao Progressivo. O seu domínio da guitarra, o feeling, a paixão e energia que imprimia, o fizeram um músico único.
Wild Frontier, lançado em 1987, faz parte de sua fase voltada ao Hard Rock, e é, ao menos do meu ponto de vista, o ponto alto desse período. Continuação natural de seu álbum anterior, Run For Cover, de 1985, o material aqui se mostra bem melódico, mas um pouco mais enérgico que o antecessor. Alguns elementos de música celta foram agregados, mas de uma forma extremamente natural, enriquecendo ainda mais as canções. Essas, por sinal, se destacam pelas ótimas melodias e pelos refrões grudentos, que pegam o ouvinte com uma facilidade incrível. Vale dizer também que Wild Frontier foi dedicado a ninguém menos que Phil Lynott, do Thin Lizzy, grande amigo de Gary, e que havia falecido recentemente.
O álbum abre com a clássica e incrível “Over the Hills and Far Away”, onde as influências celtas são bem afloradas. É possivelmente a música mais conhecida do álbum, já tendo ganhado versões de nomes como Nightwish e Tyrfing. Na sequência, a ótima “Wild Frontier”, que deveria ter sido cantada por Phil Lynott, e que possui refrões grudentos e melodias que cativam com facilidade o ouvinte. Nessa mesma pegada, temos “Take a Little Time”. “The Loner”, originalmente gravada por Cozy Powell no álbum “Over the Top”, de 1979, é extremamente emocional, e dá sinais do direcionamento futuro para o Blues, que marcou a carreira de Gary a partir da década de 90.
No restante do álbum, a qualidade se mantém, com “Friday on My Mind”, cover do The Easybeats, a cativante “Strangers in the Darkness”, a pesada “Thunder Rising”, e “Johnny Boy”, uma balada muito bonita e que também traz influências de música celta. Versões posteriores lançadas em CD, receberam como bônus, versões alternativas para “Over the Hills and Far Away” e “Wild Frontier”, além da música “Crying in the Shadows”.
O único ponto passível de alguma ressalva, foi a opção pela utilização de uma bateria eletrônica, programada pelo baterista Roland Kerridge, da banda inglesa de NewWave, Re-Flex. Por mais que isso não comprometa o resultado do álbum, ter o instrumento real teria dado ainda mais vida as canções. Não custa lembrar que na turnê de Wild Frontier, as baquetas foram comandadas por Eric Singer, então, apenas imagine.
Ao final de tudo, o que temos aqui é um trabalho obrigatório, não só para qualquer fã de Hard Rock Melódico, como também de boa música.