Roadie Metal Cronologia: Gary Moore – Dirty Fingers (1983)

Esse é um tipo de disco que eu classificaria como “música instantânea”! É sério! Quando chega ao final da audição, você meio que não acredita que já passaram dez músicas.

Surpresa nenhuma quanto a isso, afinal, vamos lá: O dono da bola era um guitarrista já consagrado, mas em contínua ascensão, aqui em seu terceiro álbum solo, mas com passagens pelo Skid Row, Thin Lizzy, Colosseum II e pela banda de Greg Lake. Acompanhando-o, um time de craques do naipe de Don Airey (teclados), Jimmy Bain (baixo), Tommy Aldridge (bateria) e Charlie Huhn, vocalista egresso da banda de Ted Nugent. Na produção, Chris Tsangarides, engenheiro de som dos discos do Colosseum II, que seria convidado por Moore para produzir seu primeiro solo e voltaria para este, consagrando-se no futuro por conduzir as gravações de álbuns essenciais de Bruce Dickinson, Anvil, Judas Priest, Angra e muitos outros.

Na realidade, a parceria de Moore com Tsangarides foi contínua, sem o aparente salto ocorrido na gravação do segundo solo, “Corridors of Power”, produzido por Jeff Glixman. “Dirty Fingers”, cronologicamente, deveria ter sido o segundo álbum, pois foi gravado em 1981, mas seu lançamento foi suspenso para que a gravadora pudesse priorizar a divulgação do projeto G-Force, que tinha mais potencial radiofônico.

Essa decisão foi corrigida em 1983, com o efetivo lançamento do trabalho. Aqui, ainda temos Moore resguardando-se dos vocais principais em favor de Huhn, efetuando apenas um dueto na melancólica balada “Rest In Peace” e fazendo os backings nas demais. Um incisivo riff de guitarra dá o início a “Hiroshima”, mostrando que o disco encontrava o seu espaço dentro do que o Rock pesado significava naquele período. O guitarrista estava afiado em seus solos tanto quanto nos riffs, e demonstrava isso fazendo a passagem, de um para o outro, na transição entre a instrumental “Dirty Fingers” e a introdução de “Bad News”.

Moore compôs sozinho todo o álbum, com exceção de “Don’t Let Me Be Misunderstood”, cover do super clássico do The Animals, uma daquelas canções que todos os seres que respiram já escutaram e que, aqui, recebe uma versão impecável, digna do material original. Depois da pegajosa “Run To Your Mama”, vem a pesada “Nuclear Attack”, onde Airey surge com mais evidência dentro do arranjo, criando melodias de teclado que fazem contraponto aos riffs.

E por falar em contraponto, isso é o que veremos a partir de “Nuclear Attack”, pois seu peso dá passagem para “Kidnapped”, a faixa mais acessível do álbum. Na sequência, veremos uma dobradinha semelhante, pois “Really Gonna Rock” é outra música de impacto que será seguida por outra radiofônica, “Lonely Nights”, embora não tanto quanto “Kidnapped”. O encerramento é realizado com emoção, com a já mencionada “Rest In Peace”, concluindo maravilhosamente um álbum que efetivamente merece ser mais conhecido, tanto pelos fãs das fases mais recentes de Moore, quanto por apreciadores de Rock em geral. Não se trata de tentar posicionar o disco dentro do contexto geral da obra do guitarrista. Essa é bem variada em abordagens, mas constante na qualidade, e esse é um legado que poucos podem deixar.

Dirty Fingers – Gary Moore
Gravadora: Jet
Data de lançamento: 21.04.1983

Tracklist
01 Hiroshima
02 Dirty Fingers
03 Bad News
04 Don’t Let Me Be Misunderstood
05 Run to Your Mama
06 Nuclear Attack
07 Kidnapped
08 Really Gonna Rock Tonight
09 Lonely Nights
10 Rest in Peace

Formação
Gary Moore – guitarra
Charlie Huhn – vocal
Don Airey – teclados
Jimmy Bain – baixo
Tommy Aldridge – bateria

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