Em um primeiro momento, a feição de caráter “rabugenta” do finado guitarrista irlandês Gary Moore (1952 – 2011) pode não gerar simpatia o suficiente para que se perca algum tempo em conhecer sua obra – ou pelo menos, uma minúscula parte dela. Mas, seu talento com o instrumento de seis cordas e sua influência para diversos outros músicos, fizeram com que seu nome ficasse marcado para sempre na história do Rock. Apesar das décadas de carreira, o Roadie Metal Cronologia desta vez se focará em sua carreira solo.
‘Corridors of Power’ foi lançado em setembro de 1982 pela Virgin Records, sendo então o segundo disco a carregar o seu próprio nome. Vale informar (ou lembrar) que além das guitarras, Gary Moore ainda foi o responsável pelos vocais (que em alguma vez ou outra me fez pensar estar ouvindo o Glenn Hughes…) e pelo conceito de capa – estampando a mesma, é claro. Na formação, um time de peso, com Ian Paice (bateria – Deep Purple), Neil Murray (baixo – Whitesnake, Black Sabbath) e Tommy Eyre (teclados – Joe Cocker, Alex Harvey e muitos outros – falecido em 2001). E claro, sem ainda mencionar as participações especiais de outros nomes como Don Airey (teclados), Jack Bruce (vocal), John Sloman (backing vocal), Mo Foster (baixo) e Bobby Chouinard (bateria) – nas faixas 05 e 06.
Com nove composições – sendo uma delas um cover para “Wishing Well” do Free, lançada originalmente em 1973, no último trabalho da banda inglesa – ‘Corridors of Power’ começa com a envolvente “Don’t Take Me for a Loser”, que faz com que se tenha vontade de ouvir o restante do trabalho. Apesar da pegada sutilmente macia, nota-se o apelo de Gary ao aderir o Hard’n’Heavy da nova década, com um refrão fácil, aliado ao poder de sua guitarra…
O clima dá uma amenizada a mais com a tocante “Always Gonna Love You” e apruma novamente com o já mencionado cover do Free, “Wishing Well”. O pique se mantém relativamente elevado com a seguinte, “Break My Heart Again”.
Balada? Se tem?? É claro! Prepare sua taça de vinho e se deixe embalar por “Falling in Love With You”, que considero um dos pontos altos da audição! (e olha que sou bem enjoado com “baladas”, hein!). Dando um tapa nos sentimentalismos, “End of the World” pode ser descrita em duas partes: se você é um aficionado por guitarra, delicie-se com os seus dois minutos iniciais de puro instrumental. Agora, se você tava sentindo falta de peso e do Heavy, do Hard’n’Heavy que citei lá no primeiro parágrafo, pode ficar à vontade. Mas, espere que tem mais, pois a rápida “Rocking Every Night” apenas reforça essa adrenalina – ou seja, a hora da desforra é agora!
O engraçado é que o álbum não ficou tão bem dividido, pois começou mais acessível, se manteve mais contido e já, praticamente, na reta final acabou mostrando outra faceta, mais pesada e intensa. Faceta essa, diga-se, bem mais aprazível que as outras, e coroada pela forte “Cold Hearted”. O ponto final é ditado pela “quase viajante” “I Can’t Wait Until Tomorrow”, com seus mais de sete minutos, encerrando assim mais uma curiosa e inédita audição – para mim, pelo menos.
Faixas:
01. Don’t Take Me for a Loser
02. Always Gonna Love You
03. Wishing Well
04. Gonna Break My Heart Again
05. Falling in Love with You
06. End of the World
07. Rockin’ Every Night
08. Cold Hearted
09. I Can’t Wait Until Tomorrow
Formação:
Gary Moore (guitarras e vocais)
Neil Murray (baixo)
Ian Paice (bateria e percussão)
Tommy Eyre (teclados)
Músicos Convidados:
John Sloman (backing vocals)
Jack Bruce (co-lead vocals on track 06)
Bobby Chouinard (bateria, 06)
Mo Foster (baixo, 05)
Don Airey (teclados, 05)