Roadie Metal Cronologia: Gary Moore – Blues for Greeny (1995)

O inquieto mago da guitarra irlandês literalmente matou “dois coelhos em uma cajadada só”, com seu décimo álbum autoral, “Blues for Greeny”. Homenagear o repertório de Peter Green, um dos fundadores do Fleetwood Mac, quando a banda em sua fase inicial destilava um repertório vinculado ao BLUES. Perfeito para um instrumentista completamente moldado pelo gênero! A obsessão foi tão grande, que MR. Gary Moore fez questão de usar a mesma guitarra Les Paul Standard, de 1959, usada para gravar as faixas originais. Green emprestou e depois vendeu a guitarra para Moore após deixar o Fleetwood Mac.

Uma característica marcante na trajetória musical de Gary é a versatilidade. Foi passando pelas gerações subsequentes conseguindo de forma subliminar dialogar com as novas tendências que vinham surgindo no mercado (principalmente o americano), onde conseguiu melhor do que ninguém fazer a ponte do seu estilo “bluezy”, com hard-rock, heavy-metal e camadas mais díspares do soft-rock. Só não espere aqui neste disco, AQUELE cara que começou no Skid Row original (O IRLANDÊS!), passou pelo Thin Lizzy, e além do que já foi citado anteriormente, chegou a flertar com o cool-jazzAres PURISTAS foram incensados nessa magia!

Ao adentrar a década de 90 na “crista da onda”, graças ao seu maior sucesso comercial até então, o clássico “Still Got the Blues”, e a parceria com o supergrupo Traveling Wilburys, em “She’s My Baby”, se sentiu a vontade para “surfar na onda” que lhe proporcionava um prazer equivalente ao “manjar dos deuses”: O BLUES! “Blues for Greeny” é O DISCO DE BLUES em sua plenitude, um dos mais magistrais já concebidos. O cancioneiro de Peter Green volta completamente revigorado pela paixão e tesão na execução de cada segundo desse álbum…

O contundente estilo musical é um dos que mais nos proporcionam registros icônicos ao longo da história. Mas te daremos um singelo conselho: APRESENTE para quem não conhece BLUES ou precisa se aprofundar no lamento, afetividade e técnica particular de feeling, que só uma guitarra “endiabrada” como a de Gary Moore, bebendo direto na fonte do rio Mississipi pode proporcionar. Se esta pessoa não tiver o “carrossel de emoções” que o registro apresenta de forma SUBLIME, infelizmente não é para ela… Porque temos aqui O FINO, uma verdadeira aula!

A temperatura começa nas alturas: “If You Be My Baby” tem aquela “safadeza” que só um rhythm and blues “matador” consegue proporcionar. O solo choradooooooo como se não houvesse amanhã, é coisa divina. Ou do diabo! Tem a história do pacto, né? Não sei, estamos confusos… Que VOCAL! E pensar que ainda temos mais! A cadência de “Long Grey Mare” mantém a temperatura na altura máxima, a guitarra nos instiga a todo momento. A quebrada é violenta: a súplica de “Merry Go Round” leva as lágrimas com uma facilidade atroz. Vamos ser redundantes na análise desse petardo, porque irei repetir isso aqui algumas vezes: QUE SOLO SENSACIONAL!

“I Loved Another Woman” possui uma latinidade contida que é irresistível, ainda mais com o timbre da guitarra de Gary, “NA CARA” durante toda a canção. “Need Your Love So Bad” é a única de “Blues for Greeny” que não foi composta originalmente por Peter Green, é uma versão de Little Willie John. Com uma dramaticidade gospel em seu canto e arranjo, é mais um momento emocionante dessa obra-prima. E novamente o aviso de prevenção a possibilidade de choro desbragado com ÔOOOO SOLOOOOO (novamente!).

O blues-rock de ares setentistas “The Same Away” tem gosto de malte escocês envelhecido. Inevitável a ambientação fotográfica de um bar empoeirado em beira de estrada. A guitarra ecoa “gemendo e gritando” em “The Supernatural”, onde cada nota é emitida com emoção singular e exasperada. Realmente é COISA DE GÊNIO! O peso na cadência se faz presente novamente em “Driftin'”, sabemos que é do Fleetwood Mac, mas remeteu diretamente aos The Yarbirds. Com seus 8 minutos, assume ares de jam-session. A “casa cai”, a “porrada come solta”, ENFIM, acho que vocês entenderam a brutalidade do negócio…

“Showbiz Blues” traz uma levada acústica irresistível de ares folk-country. A crueza sonora em simbiose com a complexidade musical imposta, é mais um dos GRANDES momentos que temos nesse disco. Mas QUAL NÃO É? Essa é a questão… Assim como no puro e magistral lamento de “Love That Burns” e a encore arrebatadora de ‘Looking For Somebody”, em seu clima deliciosamente festivo, repleto de sensualidade e ares psicodélicos. Bem, PRECISAMOS DIZER MAIS ALGUMA COISA? A técnica magistral juntamente a passionalidade deslavada de“Blues for Greeny”, é uma das maiores preciosidades já concebidas nesse planeta. Eleva e MUITO nosso espírito. E como Gary Moore é indesculpavelmente subestimado. CAIA NESSA VIAGEM! Mas um aviso… Não tem volta!!!

Gary Moore – Blues for Greeny (1995)
Data de lançamento: 31/05/1995
Gravadora: Virgin Records

Gary Moore -guitarra,vocal
Andy Pyle (Blodwyn Pig,The Kinks,Wishbone Ash,Savoy Brown) -baixo
Graham Walker -bateria
Tommy Eyre (Zzebra,Riff Raff) -teclados
Nick Payn (Bill Wyman’s Rhythm Kings) -sax barítono
Nick Pentelow -sax tenôr

1 If You Be My Baby
2 Long Grey Mare
3 Merry-Go-Round
4 I Loved Another Woman
5 Need Your Love So Bad
6 The Same Way
7 The Supernatural
8 Driftin’
9 Showbiz Blues
10 Love That Burns
11 Looking for Somebody

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