Em 2007, o Foo Fighters já era uma banda de rock mais do que consolidada, com cinco álbuns lançados em seus então 13 anos de existência, e inúmeras premiação e topos das paradas. Após turnês extremamente bem sucedidas, alternando entre shows normais e acústicos, o cabeça da banda Dave Grohl conversava com o presidente do RCA Music Group, expressando como achava legal o fato da banda fazer shows nos dois estilos, agradando dois públicos com gostos diferentes, sem que estes tivessem que ir a todos os shows, ao que recebeu a resposta de que “poderiam fazer os dois ao mesmo tempo”. Este conselho, acatado por Dave Grohl, foi o embrião do disco sucessor de “In Your Honor“.

Lançado no dia 25 de Setembro de 2007, “Echoes, Silence, Patience & Grace“, este álbum se assemelha ao anterior no fato de ser metade faixas acústicas e metade distorcidas, porém se difere ao mesclar tais faixas em um único disco coeso, ao invés de se separar em dois CDs totalmente dedicados a cada estilo, como o seu antecessor.

Mas apesar de seguir a mesma linha de base, este disco muito se difere de “In Your Honor“, pois desta vez apostaram em uma sonoridade muito mais diversificada, com influências vindas de quase todo o espectro musical. O álbum altera o tempo todo, não só entre estilos, mas também entre atmosferas, contendo momentos mais melancólicos e introspectivos, com outros mais energéticos e bem-humorados, tudo sempre acompanhado de uma certa dose de experimentalismo.

Se existe algo que não pode ser dito sobre o disco, é que o mesmo é estático. Raras são as músicas que caem em estruturas previsíveis ou que ficam muito tempo na mesma ideia. Mesmos em algumas das faixas acústicas mais minimalistas como “Stranger Things Have Happened“, há sempre alguma progressão, algum movimento que faz as músicas passarem por paisagens sonoras diferentes durante a sua duração. Estas alterações às vezes vêm por meio de uma passagem orquestrada, ou um build-up épico que culmina em partes mais rápidas e velozes, quase punk.

A parte pesada do álbum é bem o que se esperaria do Foo Fighters (com adição dos elementos mais experimentais já citados), um rock energético com uma pegada bem comercial. O experimentalismo usado aqui definitivamente não é daquele que torna as músicas menos digeríveis e amigáveis ao grande público, mas sim um “tempero” adicional que torna a experiência de audição menos previsível e um pouco mais detalhada do que um simples álbum de pop rock. Para ouvidos mais acostumados com o lado mais pesado e “feio” do rock, porém, muitas dessas músicas podem soar seguras demais, com suas melodias grudentas típicas de canções que acabam fazendo parte da trilha sonora de algum filme familiar.

Já a parte acústica do disco foi a que mais me chamou atenção. Por incrível que pareça, as músicas acústicas não são apenas baladas feitas para rádio e MTV, tendo algumas delas até uma pegada folk, principalmente na excelentíssima instrumental “Ballad of the Beaconsfield Miners“.

Os destaques do disco são as faixas que melhor representam a diversidade musical que a banda tentou atingir neste trabalho. A faixe de abertura “The Pretender“, com um clima “para cima” é perfeita para ser tocada ao vivo. A faixa “Erase/Replace” com uma dose extra de peso e um refrão marcante, mostra que o Foo Fighters ainda sabe fazer barulho. “Summer’s End” possui uma base de blues interessante e inesperada e “Statues” surpreende novamente com uma influência setentista misturada com tendências do rock moderno. As acústicas “Come Alive” e “Stranger Things Have Happened” servem para trazer momentos mais contemplantes, com letras e instrumentais mais emotivos, enquanto que “Let It Die” une os dois lados do disco em uma única faixa.

Em conclusão, eu diria que “Echoes, Silence, Patience & Grace” é um bom disco de rock alternativo e nada mais. Não é um disco que quebra barreiras e cativa fãs de estilos diferentes (principalmente nós da música pesada), mas também não é um disco comercial demais que faz ouvintes mais exigentes torcerem o nariz. Principalmente pela dose singela de experimentalismo, as músicas (na maioria das vezes) soam artisticamente honestas, e não apenas como produtos para agradar as massas. Basicamente o disco buscou atrair um grande público através da união da simplicidade com a ingenuidade, e não pela reprodução sem-vergonha de tendências saturadas.

 

FORMAÇÃO:

Dave Grohl – Vocal, guitarra base, violão e piano

Nate Mendel – Baixo

Taylor Hawkins – Bateria, backing vocals

Chris Shiflett – Guitarra solo, violão, backing vocals

Track listing:

01 – The Pretender

02 – Let It Die

03 – Erase/Replace

04 – Long Road to Ruin

05 – Come Alive

06 – Stranger Things Have Happened

07 – Cheer Up, Boys (Your Make Up Is Running)

08 – Summer’s End

09 – Ballad of the Beaconsfield Miners (instrumental)

10 – Statues

11 – But, Honestly

12 – Home

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