Roadie Metal Cronologia: Foo Fighters – Concrete and Gold (2017)

Antes de mais nada, é preciso dar o destaque para o bem pensado minimalismo da capa. Concreto e ouro, bem delineados na representação da sigla FF que representa uma das bandas mais bem sucedidas da atualidade. Merecidamente, diga-se de passagem.

Essa popularidade foi construída em cima do talento de Dave Grohl como compositor. Ninguém questiona que o Foo Fighters possui uma identidade bem definida. Ouça uma música – mais acústica ou mais pesada, tanto faz – e você logo reconhecerá a sua paternidade. Não que isso signifique que ele seja um criador absoluto, que acerta sempre, mas o sujeito tem o domínio de suas ferramentas e não se priva de realizar experimentações dentro de sua seara. Os conceitos por trás do álbum “Sonic Highways” são exemplos dessa capacidade de fazer variações em sua própria circunscrição, independente dos resultados criativos ou comerciais obtidos.

A personalidade agregadora do guitarrista transborda para as composições e para os créditos do disco. O antigo quarteto virou quinteto e, agora, torna-se sexteto, com a transferência do tecladista Rami Jaffe do posto de músico de estúdio/apoio de turnê para o status de membro permanente. Assim, “Concrete and Gold” aproveita-se de uma sútil despretensão para conquistar, no somatório de cada uma de suas canções, o carinho do ouvinte.

“T-Shirt”, a faixa de abertura inicia muito suave, antes de explodir em um crescendo repentino, onde o vocal parece permanecer na suavidade original. Seu grande defeito foi o fato de terminar rapidamente, deixando-nos com a sensação de que algo errado aconteceu. “A música seria apenas isso? Não tem mais?”. Ficamos imaginando que haveria margem para desenvolver bem mais o seu arranjo, mas o single “Run” logo ocupa nossa atenção, com um riff furioso e uma condução variada.

As influências são bem diversas e perceptíveis. Make it Right” traz nuances de Soundgarden e “The Sky Is A Neighborhood” remete aos Beatles. “La Dee Da” arrisca sons de Noise Alternativo e transfere o bastão para a dualidade de serenidade e peso de “Dirty Water”. Nesse ponto, me cabe confessar que, a cada faixa, eu estava aguardando o momento em que eu iria me alienar da audição, desviado por alguma composição mais desinteressante. Não ocorreu. É certo que o álbum não irá lhe arrebatar, mas também é afirmativo que passa bem longe do enfado.

O Foo Fighters mais reconhecível surge em “Arrows” e “The Line”, enquanto o quarteto de Liverpool manda um novo aceno em “Happy Ever After (Zero Hour)”, com dedilhados que lembram demasiado a clássica “Blackbird”. Mas se vamos assumir as inspirações beatlenianas, então deixemos o banco da bateria livre para que Paul McCartney possa assumir as baquetas de “Sunday Rain”, liberando Taylor Hawkins para o comando da voz principal da canção.

A música que nomeia o disco é a responsável por encerrar os 48 bem distribuídos minutos de sua duração. Cada vez que apontamos uma influência aqui, ela foi assimilada dentro de sua inserção aos elementos característicos dos Fighters. “Concrete and Gold”, assim, ergue uma ponte diretamente para o coração do Pink Floyd, atravessando-a com todo respeito e reverência. Talvez haja ouvintes que sintam falta de algum hit mais bombástico, como tantos que a banda possui em seu catálogo, mas este disco nasceu com a robustez gerada pelo vínculo de músicas, que se sucedem como peças lógicas de um todo, firmes como concreto e reluzindo como ouro.

 

Formação

Dave Grohl – vocals, guitarra

Chris Shiflett – guitarra

Pat Smear – guitarra

Nate Mendel – baixo

Taylor Hawkins – bateria

Rami Jaffee – teclado

Músicas

01 T-Shirt

02 Run

03 Make It Right

04 The Sky Is a Neighborhood

05 La Dee Da

06 Dirty Water

07 Arrows

08 Happy Ever After (Zero Hour)

09 Sunday Rain

10 The Line

11 Concrete and Gold

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