Se para o Heavy Metal, Tony Iommi é autoridade máxima na criação de riffs que já resultaram até na fomentação de diversos subgêneros da música pesada, para o Thrash Metal esse “Tony Iommi” se chama Gary Holt. Desde a sua entrada no Exodus, em 1982, o músico vem mostrando uma sagacidade enorme na construção de peso e melodia em seu trabalho.
Em “The Atrocity Exhibition: Exhibit A” ele foi muito mais além na capacidade criativa. Compôs um álbum com ideias mais flexíveis, porém consegui manter a habitual agressividade na maioria dos momentos. “Tento não repetir a cada álbum”, declara Holt e continua: “Nós fizemos ‘Tempo of the Damned’, que era um pouco mais ‘oldschool’ e, em seguida, ‘Shovel Headed Kill Machine’, que era realmente brutal e rápido, depois veio ‘The Atrocity Exhibition: Exhibit’, que contém músicas mais longas e épicas”. Tal direcionamento, como sempre, agradou pouco os fãs mais conservadores, mas atraiu milhares de outros seguidores que aplaudiram a evolução da banda, assim como agradou a imprensa metálica pelo mundo.
O álbum trouxe como fato marcante a volta do baterista fundador Tom Hunting, que se afastou da banda por problemas de saúde em 2005. Sua recolocação logicamente ocasionou a despedida de Paul Bostaph (Forbidden, Testament, Queensrÿche, Slayer) que registrou o excelente “Shovel Headed Kill Machine” (2005).
Como disse Gary Holt, o oitavo álbum da carreira do Exodus contém músicas longas, uma delas chega a ter quase vinte minutos de duração. O título do disco seria usado pelo Dark Angel em um lançamento que estava programado para sair em 1992, mas que foi abortado. Este mesmo título foi retirado do romance do inglês J.G. Ballard, publicado em 1970.
“Funeral Hymn” saiu como “single” e chegou mostrando aos fãs como a banda completada por Rob Dukes (vocal), Lee Altus (guitarra) e Jack Gibson (baixo) evoluiu desde “Tempo of the Damned” de 2004. A menor canção do disco, “Riot Act”, que dispõe de pouco mais de três minutos e possui a maior fatia de agressividade, ganhou versão em videoclipe e figurou nos extras para “download” do vídeogame Rock Band 2.
Na primeira semana de lançamento, só nos EUA, “The Atrocity Exhibition: Exhibit A” vendeu 3.600 cópias, alcançando a marca de 22.000 cópias vendidas em novembro de 2008.
Lembra daquela música de quase vinte minutos, comentada anteriormente neste texto? Ela se chama “Bedlam 1-2-3” e é dividida em três atos. O ato que inicia a execução dá nome à faixa e possui a marca das guitarras e solos do Exodus, enquanto que a parte do meio, que se chamada “Silence”, é constituída por um vácuo de dez segundos até a chegada do último ato, que é uma curiosa melodia chamada “Bonded By Banjo”, reverenciando claramente à música “Bonded By Blood”, tocada com um banjo e com sotaque caipira (sério que isso é Exodus?).
Uma das canções mais pesadas e que deixa o fã mais tradicional tranquilo, é “As It Was, as It Soon Shall Be”, que possui pancadas “mind-tempo” nos riffs e ótima performance vocal de Rob. Justiça seja feita a esse músico que mais durou na banda como “frontman”.
“The Atrocity Exhibition: Exhibit A” foi composto com propósito de ter sua continuação, que veio três anos depois, o que evidencia os novos critérios buscados pela banda. “O novo lançamento chama-se “Exhibit B – The Human Condition”, podendo ser encarado como uma continuação de “The Atrocity Exhibition: Exhibit A”, apenas musicalmente”, entrega Gary Holt.
Com pouco ou muito peso, com melodia acima da média ou não, o Exodus sempre andou nos trilhos do Thrash Metal e é considerado um dos maiores nomes do gênero até hoje. Suas últimas apresentações pelo sul e nordeste do Brasil não tiveram bons episódios, mas seus fãs pelo país são tão fiéis quanto no resto do mundo.
Formação:
Rob Dukes – vocal
Gary Holt – guitarra
Lee Altus – guitarra
Jack Gibson – baixo
Tom Hunting – bateria
Faixas:
01.A Call To Arms
02.Riot Act
03.Funeral Hymn
04.Children Of A Worthless God
05.As It Was, As It Soon Shall Be
06.The Atrocity Exhibition
07.Iconoclasm
08.The Garden Of Bleeding
09.Bedlam 1.2.3
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7/10