Pergunte à um headbanger de meia idade o que ele acha dos últimos álbuns das grandes bandas e fatalmente você ouvirá como resposta algo do tipo “Eu preferia os primeiros álbuns quando eles soavam mais cru e tradicional”.
Pois bem, eu sou um roqueiro de meia idade e considero “Blood In, Blood Out” o álbum mais agradável de toda a discografia do Exodus. Claro, estou levando em conta apenas meu gosto pessoal, mas é a mais pura verdade: o meu disco preferido de uma de minhas bandas preferidas foi lançado em 2014!
O trabalho marca a volta do vocalista Steve “Zetro” Souza à banda e a decisão me pareceu pra lá de acertada, pois o cara parece que nasceu pra cantar no Exodus. Seu vocal rasgado tem cara de anos 80 e a banda faz exatamente isso, Thrash Old School, bem ao estilo anos 80.
O décimo álbum de estúdio dessa banda formada em 1979 em San Francisco/Califórnia começa com uma introdução de gosto duvidoso para quem curte um som pesado, mas os samplers que dão o start up logo são substituídos por guitarras eletrizantes com riffs bem característicos das bandas da famosa e lendária Bay Area. “Black 13”começa com um toque de Hip Hop, mas é seguramente uma canção com o DNA do Exudus.
A segunda faixa, além de fazer parte de meu álbum preferido, se tornou rapidamente a minha canção preferida dessa banda. Tive o prazer de assistir a duas apresentações do Exodus e em ambas ficou notório que a participação do público no refrão é o ponto alto do show. O que dizer desse petardo com jeitão oitentista e sonoridade arrebatadora? Um thrash metal perfeito!
“Collateral Damege” tem aquela cadência gostosa que serve pra dar uma desacelerada, “pero non mucho”, enquanto aguardamos pela minha segunda preferida do álbum, “Salt the Wound” onde a introdução se destaca por um duo de baixo ultra pesado e riff de guitarra arrasa quarteirão. A faixa conta com a participação de um tal de Kirk Hammett que fez parte da banda em 1982 e depois nunca mais ninguém ouviu falar… (sacou a ironia?).
Sempre que eu ouço “Atlas, Rise” do Metallica eu lembro de “Body Harvest”, a quinta faixa do álbum. Ouça com atenção e vais perceber que a diferença está na velocidade. O som do Metallica tem um andamento um pouco mais lendo, mas a pegada é a mesma. Mas falando de Exodus essa é uma, além das várias vezes que você se empolga com o duo Baixo/Bateria de Jack Gibson e Tom Hunting. “BTK” que vem na sequência é um exemplo bem claro disso. Aliás, Chuck Billy(Testament) dá uma canja nessa faixa.
Com uma introdução guitarristica de muito bom gosto “Wrapped in the Arms of Rage” abre alas e pede passagem dando início a uma sequência de três boas faixas que apesar de mostrarem uma banda coesa e bem afinada não chegam a empolgar, “My Last Nerve” e “Numb” completam a tríade.
“Honor Killings” e “Food for the Worms” encerram a pancadaria com aquilo que o Exodus tem de melhor: o dom de agredir sonoramente nossos ouvidos com um Thrash Metal Raiz, termo que tá na moda, né não? Pesadas e arrebatadoras, foram a escolha perfeita para colocar um ponto final nesse trabalho maravilhoso em que Gary Holt e Lee Altus mostraram como duas guitarras podem sim ocupar o mesmo espaço.