Minhas lembranças a respeito do Evergrey transportam-me para 2006, onde a banda lançava ‘Monday Morning Apocalypse’, cujo sempre me deparava com a propaganda nas páginas da revista Roadie Crew. No entanto, só parei para dar atenção à banda apenas após ter acompanhando o lançamento dos singles de ‘The Atlantic’ (e consequentemente, o álbum em si), anos depois. Pois é… É a vida!
O décimo primeiro disco do Evergrey foi um dos lançamentos mais comentados de 2019, e não para menos, já que o trabalho é digno de nota alta. Lançado em 25 de janeiro daquele ano, pela AFM Records, ‘The Atlantic’ não só manteve a qualidade sonora que há anos a banda apresenta, mas prontamente apresentou-se como um dos principais pontos na carreira dos suecos.
Obviamente também lançado aqui no Brasil, a começar pelo belo trabalho gráfico, o disco já chama a atenção imediatamente (aliás, tirando a arte do já citado álbum de 2006, a banda sempre acertou nesse quesito). No lado musical da coisa, esse impacto inicial não muda já que é uma experiência marcante o simples fato de se tirar um tempo para apreciar o álbum, devido a sua intensidade. É claro, cada ouvinte pode ter uma reação diferente, e isso é mais do que natural.
No que se refere à produção, tudo soa nos conformes: límpido e realçando as partes intrincadas e melodiosas e as mais pesadas com a mesma eficiência e equilíbrio. Com uma formação que se mantém inalterada há um pouco mais de uma década, nem é preciso escrever ou supor que isso também tenha sido mais do que positivo para o resultado final. Outro quesito que se pode levar em consideração é a constante produção de material/experiência em estúdio (em 26 anos de trajetória, o espaço de tempo, entre um disco e outro, mais considerável foi três anos, em duas ocasiões apenas – referentes ao período entre 2008 e 2014).
Uma das características que não mencionei acima, foi a diversidade. A mesma, você percebe logo na abertura “A Silent Arc”, que entre peso, melodias primorosas e nuances de puro Prog, o refrão apelativo (no ótimo sentido, claro), deixam o gosto de “quero mais”. O que é saciado com louvor na seguinte “Weightless” – uma das que mais gosto e ouvi. Seu clima impactante, com riffs “bem na cara” e momentos totalmente climáticos são os seus principais atrativos. Se isso foi demais para o seu coração, pode relaxar que a adrenalina da anterior é substituída pela cadência, beleza e mistério de “All I Have”, desaguando em mais um refrão de tirar o chapéu!! (esse pessoal realmente sabe das “manhas”, hein?!).
A grandiosidade do tracklist permanece inalterada com a igualmente épica “A Secret Atlantis”, que entre outros atributos, conta com um bem encaixado solo de teclado. Com a viajante (e curta) instrumental “The Tidal”, involuntariamente me lembrei da dobradinha “The Hellion”/”Electric Eye” do Judas Priest. Não musicalmente, lógico, mas pelo simples fato de que funcionam extremamente bem, uma após a outra. E a “Electric Eye” de “The Tidal” é sem dúvida alguma “End of Silence”! É, eu sei que isso ficou bem aleatório, mas, também sei (ou suponho…) que algumas boas almas irão me compreender.
Enfim… Seguimos rumo ao final com a fortíssima “Currents” e com “Departure”, que com um baixo bem evidente, segura um pouco a onda do peso na maior parte do tempo, da mesma forma que se perde em agradáveis camadas de Progressivo.
Com efeitos de teclado que achei interessante demais, “The Beacon” não perde o fio da meada, ainda que mais de quarenta minutos já tenham se passado, desde que que esta audição se iniciou. Sim, enganar o tempo com composições tão bem planejadas assim, chega a ser uma arte mística! Apesar de tudo estar muito bom e viciante, é regra que o fim precisa ser ditado, e com isso, “This Ocean” foi a escolhida para tal honraria. Um encerramento épico, para um trabalho com momentos épicos, é o que posso escrever aqui. As linhas são parcas, é verdade, mas também não é necessário esmiuçar instante por instante deste ‘grand finale’, já que assim não teria tanta graça para você, que ainda não se permitiu o luxo de conhecer ‘The Atlantic’!
Formação:
Tom S. Englund (vocals e guitarras)
Henrik Danhage (guitarras)
Rikard Zander (teclados)
Johan Niemann (baixo)
Jonas Ekdahl (bateria)
Faixas:
01. A Silent Arc
02. Weightless
03. All I Have
04. A Secret Atlantis
05. The Tidal (Instrumental)
06. End of Silence
07. Currents
08. Departure
09. The Beacon
10. This Ocean.