Roadie Metal Cronologia: Edguy – Mandrake (2001)

Em 1995, bandas seminais do Power Metal como Gamma Ray, Blind Guardian e Stratovarius, lançavam alguns de seus principais trabalhos. Nesse mesmo ano, o Edguy fazia a sua estreia com a demo de “Savage Poetry”. O tempo acabou por mostrar que ali não estavam meros novatos e o grupo foi, aos poucos, conquistando sua relevância, amparados principalmente na criatividade do vocalista Tobias Sammet.

Após quatro significativos álbuns, “Mandrake” veio complementar a escalada evolutiva dos germânicos, e o faz com indiscutível propriedade. A primeira faixa, “Tears of a Mandrake”, inicia com um breve som de teclado que emenda explosivamente com o riff principal. A música tem uma influência forte de Stratovarius, mas com elementos próprios e o diferencial da voz de Sammet. Aqui já podemos ter acesso a tudo que precisamos saber sobre a produção do álbum, que ficou impecável pelas mãos da própria banda. Na sequência, “Golden Dawn” irrompe em velocidade melódica, na melhor cartilha do Power Metal alemão, com os guitarristas alternando a titularidade no momento do solo.

“Jerusalem” apresenta toques folk no começo, que prometem, mas não cumprem integralmente o potencial da canção. Em “All the Clowns”, a banda se sente à vontade para aprofundar as características acessíveis de sua música, com um refrão cativante e que faz a transição perfeita para o peso e a elaboração de “Nailed to the Wheel”, com alguns riffs se aproximando do Thrash, reforçados pelos agudos de Sammet. A passagem desta para a próxima, o épico “The Pharaoh”, mostra que o álbum chegou em seu ponto culminante. “The Pharaoh” oferece dez minutos e meio que transcorrem como um piscar de olhos. Você pode colocar a faixa em repeat por duas ou três vezes seguidas e não se cansará, dada a sua qualidade e suas variações.   

A distribuição das músicas foi bem pensada e “Wash Away The Poison” flui naturalmente logo após “The Pharaoh”. A triste balada faz com que o fôlego esteja plenamente restabelecido para a retomada da velocidade em “Fallen Angels”. O certo é que o Edguy, cujo principal compositor é o próprio Sammet, tendo sido auxiliado em algumas das faixas pelo guitarrista Jens Ludwig, criou um álbum bem diversificado. Algumas melodias vocais de “Painting on the Wall”, por exemplo, tangenciam o Hard Rock, lembrando o Van Halen da fase Sammy Hagar.

Essa tal diversidade alcança extrapolações na última faixa, “Save Us Now”, um Speed Metal circundado por uma frase de teclado quase circense e cuja letra fala sobre uma invasão de coelhinhos alienígenas tocadores de tambor… Sim, é isso mesmo. A banda nunca se privou de incutir algum humor em suas canções e fez isso sem conter o peso e a velocidade, aproveitando a deixa do tema para permitir ao baterista Felix Bohnke a inserção de algumas viradas mais incisivas.

Em algumas versões podemos encontrar a bônus “The Devil & The Savant”, canção que não ficaria deslocada caso estivesse no tracklist permanente do álbum, e que pode encontrar definição em algum ponto de interseção entre o Power Metal e o Hard Rock, com backing vocals bem característicos deste último.  

Embora tenha sido lançado no intervalo entre os dois primeiros álbuns do projeto Avantasia, cujo sucesso foi significativo, a qualidade de “Mandrake” reforçou a posição do Edguy dentro das diretrizes criativas de Sammet, e a banda ainda iria percorrer um relevante caminho nos anos que se seguiriam.

Mandrake – Edguy
Data de lançamento: 27.11.2001
Gravadora: AFM

Tracklist:
01 Tears of a Mandrake
02 Golden Dawn
03 Jerusalem
04 All the Clowns
05 Nailed to the Wheel
06 Pharaoh
07 Wash Away the Poison
08 Fallen Angels
09 Painting on the Wall
10 Save Us Now
11 The Devil and the Savant (bonus track)

Formação:
Tobias Sammet – vocal, teclado
Jens Ludwig – guitarra
Dirk Sauer – guitarra
Tobias ‘Eggi’ Exxel – baixo
Felix Bohnke – bateria

Encontre sua banda favorita