É inegável que o Power Metal viveu seu auge no final da década de 90, e no início da de 2000. Bandas com uma pegada mais melódica/sinfônica, como Blind Guardian, Rhapsody, Sonata Arctica e Stratovarius, viveram seu auge, não só em qualidade musical como em popularidade, e isso não diferiu com os alemães do Edguy, responsáveis por alguns dos melhores álbuns do período, como Theater of Salvation (99) e The Savage Poetry (00). Mas é inegável também que a primeira metade dos anos 2000 também começou a marcar a estagnação do estilo, e a falta de criatividade começou a tomar conta não só dos principais nomes do cenário Power, como também das demais, em geral.
E foi tentando fugir dessa armadilha que o Edguy começou a procurar saídas para tirar sua música da mesmice, principalmente a partir de Rocket Ride (06) – mesmo que estivesse vindo de um álbum excelente como Hellfire Club (04) -, estendendo essa busca pelos trabalhos seguintes. Tinnitus Sanctus (08) já havia sido um álbum mediano, apesar de algumas músicas muito boas perdidas meio a altos e baixos, e infelizmente essas características se aprofundaram ainda mais em Age of the Joker, seu 10º álbum de estúdio (se contarmos aqui às duas versões de The Savage Poetry, a original de 1995 e a regravação de 1999).
Na verdade, o maior problema do Edguy e de Age of the Joker não é a mudança de direcionamento da banda, que a distanciou daquele Power Metal cheio de energia do passado. A questão aqui é a falta de criatividade, que certamente atingiria a banda independente da proposta que adotassem. São 11 músicas – na versão padrão – que em momento algum decolam e empolgam de verdade o ouvinte. A falta de peso é gritante – é o trabalho menos pesado da banda até hoje -, os riffs marcantes, os refrões grudentos e a s melodias viciantes que sempre marcaram a banda simplesmente não dão as caras em momento algum. É como se Tobias Sammet estivesse tão focado em seu outro projeto, o Avantasia, que toda a sua criatividade estivesse focada para o mesmo.
Mas preciso frisar, Age of the Joker, apesar de na minha visão ser o álbum mais fraco da banda, não pode ser chamado de um trabalho ruim. O que temos aqui é um caso de copo meio cheio e meio vazio, já que você tem alguns momentos de brilho fugaz, como em “Nobody’s Hero”, Rock of Cashel -se fosse um pouco mais curta, seria ótima música -, “Pandora’s Box”, com sua pegada Southern, “The Arcane Guild”, onde mostram que ainda sabem fazer um bom Power Metal, e “Behind the Gates to Midnight World”, outra que se fosse um pouco mais curta, poderia se tornar clássica. Em contrapartida, canções como “Robin Hood”, “Breathes” e “Two Out of Seven” poderiam cair sem dramas no limbo do esquecimento.
No fim, o que sobra é um álbum deveras esquecido, que se não será lembrado pelas canções marcantes, também não será lembrado pela falta total de qualidade. E convenhamos, em se tratando de Edguy, o mais ou menos não deveria ser uma opção.
Tracklist
01 – Robin Hood
02 – Nobody’s Hero
03 – Rock of Cashela
04 – Pandora’s Box
05 – Breathes
06 – Two Out of Seven
07 – Faces in the Darkness
08 – The Arcane Guild
09 – Fire on the Downline
10 – Behind the Gates to Midnight World
11 – Every Night Without You
Formação:
Tobias Sammet – vocal
Jens Ludwig – guitarra
Dirk Sauer – guitarra
Tobias Exxel – baixo
Felix Bohnke – bateria