Não é fácil falar sobre o Dream Theater, principalmente quando a banda não está no rol daquelas preferidas por este que vos escreve. Mas, felizmente, para essa cronologia, tive a sorte de ter sido escolhido para falar sobre “Train of Thought” (2003), o álbum que mais gosto do grupo. Se a complexidade das músicas do quinteto nunca conseguiu me prender a atenção, aqui o grupo investiu em uma sonoridade mais pesada e sombria, deixando um pouco de lado aquela necessidade constante de mostrar pra todos que seus músicos são os melhores do mundo em cada instrumento.
Sempre acabo sendo criticado por expôr minha opinião a respeito da banda. E, sendo sincero, pouco me importo com isso. Considero todos os músicos que passaram e estão hoje em dia com o grupo técnicos ao extremo, com uma capacidade muito, mas muito acima da média. Instrumentistas do mais alto nível. Isso é inquestionável. Mas para mim na maioria das vezes, a música, que é aquilo que realmente importa, acaba ficando em segundo plano. De que adianta milhares de notas, complexidade e muita técnica se o sentimento não se faz presente? Claro que aqui estou colocando o que eu penso. E por isso mesmo, considero esse álbum em questão o melhor da carreira do grupo.
Pesado, denso e com muita intensidade – assim podemos definir o sétimo álbum de estúdio do Dream Theater. Desde o início, com a espetacular “As I Am”, uma faixa cheia de variações, mas que trabalham a favor da composição, passando pelo peso e classe de “This Dying Soul” (dividida em duas partes), onde Portnoy, como sempre, acaba se destacando, chegando às guitarras pesadas de Petrucci em “Endless Sacrifice”, que alterna de forma simples momentos mais suaves. E o que dizer de “Honor Thy Father”? Uma das melhores músicas já criadas pela banda. E aqui eu acabo chegando onde eu queria: Complexa, tecnicamente impecável e, ao mesmo tempo, composta de forma que tudo se encaixa sem exageros e nem desperdícios. Até mesmo “Vacant”, que é quase que um interlúdio, tem uma melodia simples e bela. “Stream of Conciousness” é outra faixa que, apesar da longa duração, se mostra encaixada no contexto pesado e sombrio do álbum. E o encerramento com a (também longa) “In The Name of God”, fecha o trabalho de forma brilhante, pois a composição caminha em um sentido único, mostrando que, naquele momento, tínhamos uma banda preocupada em levar sua complexa música a um nível mais direto e pesado.
Em resumo, “Train of Thought” é um álbum que mostrou que o Dream Theater poderia ter seguido essa linha e ter lançado mais trabalhos desse nível. Infelizmente não foi isso que aconteceu…
Formação:
James LaBrie (vocal);
John Petrucci (guitarra);
John Myung (baixo);
Mike Portnoy (bateria);
Jordan Rudess (teclados).
Faixas:
01 – As I Am
02 – This Dying Soul
03 – Endless Sacrifice
04 – Honor Thy Father
05 – Vacant
06- Stream of Consciousness
07 – In The Name of God