“Metropolis Pt. 2: Scenes From A Memory” é um álbum perfeito. Conceitual, conta a história de Nicholas (que se iniciou na faixa “Metropolis Pt. 1: The Miracle and The Sleeper”, do álbum “Images and Words” [1992]) que procura um hipnoterapeuta para explorar os sonhos que tem tido como uma mulher (Victoria), a quem ele acredita que estava envolvido em uma vida passada. Ele sabe que ela está envolvida em um tipo de amor fatal entre dois irmãos (Julian e Edward, personagens da faixa “Metropolis Pt. 1”) e quer descobrir o que aconteceu com ela para seguir em frente com sua existência.
É um álbum gravado como uma única faixa, o que dá um aspecto diferenciado do que vinha sendo executado pela banda. É um dos álbuns mais bem escritos que acompanhei, com uma história envolvente e com reviravoltas marcantes. O Dream Theater só colocou a trilha sonora perfeita em cima e explorou variações, quebra de tempos, virtuoses transformando-os em referência máxima no Metal Progressivo.
Outro destaque é a capa. Projetada por Dave McKean, ela é bem adequada para o conceito do trabalho, pois retrata um homem e suas muitas faces através de suas memórias. Como citei acima, é um álbum perfeito. Inspirado em Pink Floyd, Yes, Rush, o Dream Theater atingiu com este trabalho um nível diferenciado como banda progressiva, elevando o estilo a um patamar técnico que pouco se via nas linhas progressivas mais antigas.
A perfeição absoluta do Metal Progressivo está aqui. O disco é dividido em dois atos e nove cenas, como uma peça teatral e começa habilmente com uma regressão do personagem principal. Enquanto ele faz a contagem regressiva, a aderente progressão acústica de acordes de guitarra de Petrucci torna-se mais alta, introduzindo a melodia igualmente quente de Labrie. Ele (como Nicholas) nos diz que sua “mente subconsciente, começa a girar através do tempo, para voltar ao passado mais uma vez”. À medida que ele se afasta da realidade, “a cena fica clara, como assistir minha vida em uma tela”. Ele conclui dizendo: “Olá Victoria, tão feliz em ver você, minha amiga”. A corda final de Petrucci é rasgada quando Labrie diz a última palavra, e com esta admissão, os ouvintes sabem que ele e Victoria “se encontraram” antes, seduzindo-os para continuar em frente para descobrir sobre o seu passado, presente e futuro.
No que diz respeito a parte musical do álbum, este é facilmente um dos melhores já compostos, com cada medida e formação complementando seu sucessor lindamente. Portnoy e o baixista John Myung inovam a cada passo, oferecendo sintonia e ritmos únicos sem falhas. Enquanto isso, Petrucci e Rudess trocam um motivo emocionante após o outro, enquanto executam mudanças dinâmicas perfeitas para construir uma montanha-russa musical. Há também algumas das mais belas baladas do Progressivo, a lindíssima “Through Her Eyes”. Os minutos finais concentram-se em uma arrebatadora faixa instrumental que explode com percussão intensa e solos de guitarra e teclado amplamente rápidos. Não é tão diversa como alguns dos outros pontos do disco, mas é bastante cativante.
No final, o hipnoterapeuta diz a Nicholas: “agora é hora de ver como você morreu. Lembre-se que a morte não é o fim, mas apenas uma transição”. E as cortinas fecham para o próximo trabalho.
Formação:
James LaBrie (vocal);
John Petrucci (guitarra e vocal);
John Myung (baixo);
Mike Portnoy (bateria);
Jordan Rudess (teclados).
Faixas:
01 – Act I – Scene One: Regression
02 – Act I – Scene Two: I. Overture 1928
03 – Act I – Scene Two: II. Strange Deja Vu
04 – Act I – Scene Three: I. Through My Words
05 – Act I – Scene Three: II. Fatal Tragedy
06 – Act I – Scene Four: Beyond This Life
07 – Act I – Scene Five: Through Her Eyes
08 – Act II – Scene Six: Home
09 – Act II – Scene Seven: I. The Dance of Eternity
10 – Act II – Scene Seven: II. One Last Time
11 – Act II – Scene Eight: The Spirit Carries On
12 – Act II – Scene Nine: Finally Free