“Enthrone Darkness Triumphant” é um disco importante em diversos sentidos. Representa a estreia do Dimmu Borgir na Nuclear Blast, além de ser o responsável pela maior popularização da banda (que se tornaria ainda maior nos trabalhos seguintes). É também o melhor momento dos noruegueses e um dos melhores e mais importantes álbuns de Metal da década de 90. Antes, já haviam lançado três trabalhos de grande qualidade, “For All Tid” (1995), “Stormblast” (1996) e o EP “Devil’s Path” (1996), mas não é exagero algum dizer que a carreira do Dimmu Borgir se divide em antes e depois deste álbum.
Diz o ditado que a primeira impressão é a que fica. E, bem, ainda hoje me lembro claramente do impacto que “Enthrone Darkness Triumphant” causou em mim quando o escutei pela primeira vez. Logo nos primeiros segundos de sua faixa de abertura, a clássica “Mourning Place”, senti que estava diante de um trabalho diferenciado. Se comparado com seus antecessores, é inegável que temos mais melodias, mas isso em nada depõe contra o mesmo, até porque aqui o Black Metal como o entendíamos até então, frio, gélido, agressivo, blasfemo e impiedoso, ainda se fazia presente em muitos momentos.
Carregado de ideias para lá de interessantes, “Enthrone Darkness Triumphant” mostra uma banda altamente influenciada pelo Emperor, mas com uma personalidade toda sua. Os arranjos de teclado são muitíssimo bem elaborados e as partes sinfônicas surgem sem os exageros do futuro. Cortesia de Stian Aarstad, que apesar de visualmente nunca ter se encaixado na proposta da banda, foi o melhor tecladista a passar pelo Dimmu Borgir. Por mais que Mustis, seu substituto, fosse um músico de competência indiscutível, Stian é imbatível nesse sentido. E não podemos esquecer aqui de outros dois membros que tiveram suma importância no resultado final obtido, o baixista Nagash (seus backings vocals são de grande valia) e o baterista Tjodalv, que massacra seu kit sem dó nem piedade.
A dose extra de melodias que aqui encontramos, incomodou muito os mais puristas, mas esse é o grande diferencial do trabalho, já que as mesmas são para lá de cativantes. E não precisaram abrir mão da agressividade que se espera de uma banda de Black para realizar tal feito. É possível também notarmos a influência que o Metal Tradicional sempre exerceu sobre a banda e quem duvida disso, basta prestar atenção nos riffs despejados pelas guitarras de Shagrath e Silenoz. Está tudo lá. Mas o grande destaque é o trabalho de teclado executado por Aarstad, simplesmente primoroso e trabalhando em conjunto com as guitarras, já que as mesmas servem de base para o trabalho do mesmo. Os instrumentos se complementam perfeitamente.
Chama a atenção também o fato de que “Enthrone Darkness Triumphant” flui com muita naturalidade, algo que não ocorreu tanto com seus antecessores (e sucessores). Uma música sempre parece complementar a outra, o que torna a audição para lá de prazerosa. Aqui estão algumas das melhores composições do Dimmu Borgir, e aponto como maiores destaques “Mourning Place”, “Spellbound (By The Devil)”, “In Death’s Embrace”, “Tormentor of Christian Souls”, “Master of Disharmony” e “A Succubus In Rapture”.
Para alguns, “Enthrone Darkness Triumphant” é o princípio do fim para o Dimmu Borgir. Para outros é o início de uma era de ouro para a banda, já que representa o início da ascensão da mesma. Já para mim, representa um dos grandes momentos dos anos 90, pois é um trabalho primoroso, um daqueles álbuns marcantes e únicos, um verdadeiro clássico do Metal. Vale citar, a título de curiosidade, que a Nuclear Blast omitiu a letra de “Tormentor of Christian Souls” do encarte, já que a mesma é muito agressiva e a gravadora teve receio das reações que a mesma poderia despertar.
Formação:
Silenoz (guitarra e vocais);
Shagrath (vocais e guitarras);
Nagash (baixo);
Tjodalv (bateria);
Stian Aarstad (sintetizadores e piano).
Faixas:
01 – Mourning Place
02 – Spellbound (By the Devil)
03 – In Death’s Embrace
04 – Relinquishment of Spirit and Flesh
05 – The Night Masquerade
06 – Tormentor of Christian Souls
07 – Entrance
08 – Master of Disharmony
09 – Prudence’s Fall
10 – A Succubus In Rapture