A briga de egos que vinha ocorrendo entre Ian Gillan e Ritchie Blackmore ao longo dos anos encontrou seu fim em 1989, quando o vocalista foi demitido do Deep Purple. Para o lugar que acabara de ficar vago, Blackmore apostou em um antigo companheiro de Rainbow, Joe Lynn Turner.
Curiosamente, “Slaves and Masters” acabou sendo o primeiro e também o último álbum de estúdio de Turner, que fez um bom trabalho, inclusive. Ele até chegou a iniciar as gravações do disco seguinte, “The Battle Rages On” (1993), mas acabou substituído pelo próprio Gillan antes que pudesse terminar o trabalho.
Lançado em 1990, “Slaves and Masters” entra para a lista de álbuns do Deep Purple em que a banda poderia ter rendido mais do que se esperava se a rixa entre Blackmore e Gillan não tivesse desviado o foco da banda.
“King of Dreams” abre o álbum com uma boa linha de baixo de Roger Glover e uma performance segura de Joe Lynn Turner nos vocais. Porém, o forte apelo comercial acaba descaracterizando muito o som do Deep Purple, destoando da sonoridade que fez do grupo uma das maiores bandas da história do Rock ‘n’ Roll.
“The Cut Runs Deep” vem na sequência com uma boa introdução de órgão e guitarra. A dupla Jon Lord e Ritchie Blackmore executa com primor as funções. A faixa em si é um pouco mais empolgante e tem um refrão que ressalta bem isso. “Fire in the Basement” mantém as qualidades da anterior. Ian Paice e Roger Glover fazem belas bases para o solo de Ritchie Blackmore. Jon Lord também merece destaque pelos solos durante a execução.
Prosseguindo, a balada “Truth Hurts” dá uma acalmada nos ânimos com boas passagens melódicas e mais um bom solo de guitarra de Blackmore. Joe Lynn Turner também mostra a que veio com performances vocais variadas ao longo da faixa. A partir daqui o álbum descamba para várias baladas em sequência. “Breakfast in Bed” é uma delas, mas das bem fracas. Porém, a faixa ainda tem alguns momentos interessantes, como os solos de Blackmore e o baixo de Roger Glover. Porém apenas isso não é suficiente para colocar esta como um dos destaques do disco.
“Love Conquers All” é outra boa balada do álbum, com momentos calmos alternando com notas mais altas. O refrão dá uma beleza a mais com os coros muito bem encaixados, sem ficar exagerado. “Fortuneteller” tem alguns atrativos, como a guitarra de Ritchie Blackmore e as performances de Joe Lynn Turner, mas é bem maçante, sendo um dos pontos mais fracos do trabalho.
O álbum se encerra com “Too Much is not Enough” e “Wicked Ways”. A primeira dá uma levantada no ânimo, embora seja quase tão comercial quanto “King of Dreams”. Já a segunda é mais empolgante e traz uma boa performance da banda num todo, principalmente Roger Glover e Jon Lord. No fim das contas, “Slaves and Masters” é um álbum bem razoável para os padrões do Deep Purple e está muito distante da sonoridade que consagrou a banda, mas não é um disco ruim, apenas tomou um rumo diferente.
Formação:
Joe Lynn Turner – vocal
Ritchie Blackmore – guitarra
Roger Glover – baixo
Jon Lord – órgão e teclados
Ian Paice – bateria
Faixas:
01. King of Dreams
02. The Cut Runs Deep
03. Fire in the Basement
04. Truth Hurts
05. Breakfast in Bed
06. Love Conquers All
07. Fortuneteller
08. Too Much is not Enough
09. Wicked Ways