Desde o princípio de sua carreira, o Death Angel nunca teve receio em trazer componentes de outros gêneros musicais para dentro de seu característico Thrash Metal. Dito isso, “Relentless Retribution” pode ser considerado um dos grandes pontos de virada na trajetória do grupo, sendo crucial para determinar o que viria a seguir.
Se nos ótimos “The Art Of Dying” (2004) e “Killing Season” (2008), lançados após sua ressurreição em 2001, a banda optou por manter uma sonoridade baseada em seus discos clássicos, aqui a pegada é outra. Sim, o cerne continua sendo o bom e velho Thrash Metal raiz da Baía de São Francisco / Califórnia, mas agora com a adição de elementos mais modernos, incorporando características do chamado Metalcore, como vocais limpos em dados refrões e algumas variações rítmicas específicas, o que naturalmente gerou alguma controvérsia entre os fãs. Entretanto, é seguro afirmar que o resultado final se fez mais do que satisfatório.
As mudanças citadas acima podem ser notadas já em “Relentless Revolution”, faixa de abertura do trabalho, poderosa e repleta de mudanças de andamento. “Claws In So Deep” se mostra um dos grandes destaques do disco, trazendo uma excelente dualidade entre seus versos agressivos e o refrão melodioso, até que nos minutos finais se converte em um bonito ato de dois violões. A seguinte, “Truce”, é uma pedrada reta e certeira, com direito a excelentes solos de guitarra (recorrentes em todo o registro), enquanto “Into The Arms Of Righteous Anger” se opõe à anterior pelo seu ritmo cadenciado. “River Of Rapture” vem à seguir, com peso e velocidade bem equilibrados, abrindo espaço para a lenta e relativamente densa “Absence Of Light”, e “This Hate”, que propõe um interessante contraste ao passear brevemente pelo terreno do Punk / Hardcore.
O trabalho individual dos músicos neste álbum é simplesmente fenomenal. Rob Cavestany, sem sombra de dúvidas, é um dos melhores (e mais injustiçados) guitarristas da cena Metal norte-americana, e forma uma dupla implacável com Ted Aguilar, onde a criatividade parece não conhecer limites. Os vocais de Mark Osegueda estão mais diversificados e poderosos do que nunca, novamente comprovando a versatilidade que o cantor possui. Por último, mas não menos importante, a vigorosa cozinha rítmica: Damien Sisson no baixo, seguro e pujante; e a carreta humana Will Carroll, que apresenta linhas de bateria inventivas e brutalmente avassaladoras. Tudo isso apoiado por uma produção de qualidade, assinada por Jason Suecof, tendo o próprio Rob Cavestany como co-produtor.
A sequência final do registro traz um bem-vindo grau de variedade com “Death Of The Meek”, balanceada e vigorosa; “Opponents At Sides”, a mais incomum do álbum, composição singular que flerta em demasiado com o Metal Alternativo; “I Chose The Sky”, pérola Thrash crua e visceral; “Volcanic”, boa balada melancólica com voz, violão e baixo acústico, uma prima distante de “Veil Of Deception” (presente em “Act III”, de 1990), que conta com uma interpretação primorosa de Osegueda; e finalmente, “Where They Lay”, violento petardo que encerra a audição de maneira brutal, rigorosamente como tem de ser.
Vale lembrar que a turnê de divulgação de “Relentless Retribution” passou pelo Brasil em Outubro de 2010, naquela que foi, até então, a única vinda da banda ao nosso país.

Data de Lançamento: 03/09/2010
Gravadora: Nuclear Blast
Tracklist:
1 – Relentless Revolution
2 – Claws In So Deep
3 – Truce
4 – Into The Arms Of Righteous Anger
5 – River Of Rapture
6 – Absence Of Light
7 – This Hate
8 – Death Of The Meek
9 – Opponents At Sides
10 – I Chose The Sky
11 – Volcanic
12 – Where They Lay
Formação:
– Mark Osegueda (Vocais)
– Rob Cavestany (Guitarra e backing vocals)
– Ted Aguilar (Guitarra)
– Damien Sisson (Baixo)
– Will Carroll (Bateria)