Temos aqui o sexro disco da carreira do CARCASS. E “Surgical Steel” não é um disco qualquer: trata-se do álbum que marca o retorno oficial da banda, álbum este que era esperado com muita ansiedade por 11 em cada 10 fãs da banda.
Precisamos voltar um pouco no tempo: a banda havia se separado após o lançamento de “Swansong” (1996) e desde então foram 10 longos anos de espera, até que Jeff Walker desse uma entrevista, dizendo que havia uma grande possibilidade de um retorno do CARCASS.
Michael Amott era um grande entusiasta deste retorno, que estava nas mãos de Bill Steeler. Ken Owen não quis participar deste retorno, porém, não se opôs. E para o seu lugar, fora recrutado o companheiro de Amott no ARCH ENEMY, o excelente baterista Daniel Erlandsson,
Com o lineup definido, a banda começou os ensaios e em 2008 já era uma das atrações da edição daquele ano do “Wacken Open Air”. Então com a banda de volta aos palcos, era questão de tempo um novo play, para dar um alento aos fãs que estavam com a ansiedade a flor da pele,
Amott e Erlandsson, infelizmente sairiam em 2012, um ano antes do lançamento de “Surgical Steel”, mas a banda recrutou o baterista Dan Wilding e como um power-trio, eles adentraram ao “The Chapel Studio” e “Linconshire & the Treehouse Studios”, em Derbyshire, sob a batuta do produtor Colin Richardson. E o mago Andy Sneap responsável pela mixagem e materização da bolacha.
Agora vamos ao que interessa, que é destrinchar uma a uma das 11 faixas do play, que foi lançado em diferentes datas ao redor do mundo: 13 de setembro de 2013 na Europa, 16 de setembro no Reino Unido e 17 de setembro na América do Norte.
“1985” é uma intro com pouco mais de um minuto e diferente do que a maioria das bandas fazem, colocando coisas chatas e medonhas, aqui temos um belo solo cheio de melodia. E logo entra a pancadaria sonora que é “Thrasher’s Abbator”, que muito diferente do que a banda apresentou em “Swansong”, aqui temos um CARCASS rápido e ríspido como em “Necroticism”, mas com a roupagem moderna. Excelente.
“Cadaver Pouco Convenor System” é bem na linha do “Heartwork”, com muita melodia na guitarra, aliada ao peso e a rispidez do CARCAS, porém, com toques modernos. Outro som acima da média, enquanto que “A Convealed Clot of Blood” tem um andamento mais arrastadão, com ótimos riffs. Talvez os melhores desde o já citado “Heartwork”.
“The Master of Butcher’s Apron” começa bem Splatter, mas logo logo a banda puxa o freio de mão com força e a música fica bem arrastada com riffs muito bons, ganhando um pouco de velocidade do meio para o final, com breves inserções de partes mais cadenciadas. Uma ótima música.
Mais da pegada de “Heartwork” temos aqui em “Noncompilance to ASTM F 899-12 Standart”, uma outra canção que mantém o nível do disco bem alto, seja com sua parte mais Death Metal ou no solo bem melódico executado por Bill Steeler.
“The Granulating Dark Satanic Mills” é técnica e densa, com destaque para os ótimos riffs de Bill Steeler. Aqui temos o CARCASS flertando com o Heavy tradicional, com os vocais guturais e inconfundíveis de Jeff Walker. Muito boa.
“Unift for Human Comsuption” é uma faixa típica do CARCASS e temos todos os elementos da banda ali: riffs precisos e doses de melodias,. além de, claro, partes rápidas e blast-beats, sendo essa a minha favorita do play.
“316L Grade Surgical Steel” é a única do play que lembra um pouco o que foi apresentado em “Swansong”. Na verdade ela é um misto entre “Swansong” e “Heartwork”, encontramos elementos dos dois discos aqui em uma faixa onde o Death N Roll predomina, mas com boas mudanças em seu andamento.
“Captive Bolt Pistol” apresenta novamente bons riffs de guitarra e no refrão, a coisa descamba para o Death Metal, não tão podre quanto no início da carreira, mas, com certeza bem mais técnico. E melódico também.
“Mount of Executive”, do alto de seus mais de 8 minutos é repleta de excelentes passagens, a começar por sua bela intro e pela maneira densa em que ela se desenvolve. E quando você pensa que a música acabou, ela retorna com riffs pesados e precisos, para, aí sim, fechar em grande estilo.
E depois de 47 minutos (na versão original, sem os bônus), temos um disco relativamente bom, em que pese o fato de o CARCASS ter usado e abusado da fórmula que fez a banda alcançar um novo patamar, o seu álbum mais icônico, “Heartwork”. “Surgical Steel” fez a banda retornar em grande estilo e mostrar para algumas bandas por aí como é que se faz Heavy Metal com qualidade e honestidade.
O álbum tem algumas faixas bônus: a versão digipack traz “Intensive Battery Brooding”, enquanto que a versão japonesa é agraciada com a faixa acima citada e também “A Wrath in the Apparatus”, E mais duas faixas foram gravadas, mas por alguma razão ficaram de fora do disco: “Zochrot” e “Livestock Marketplace”.
“Surgical Steel” foi muito bem recebido e obteve algum sucesso nos charts pelo mundo: 6º na Finlândia, 10º na Alemanha, 24º na Áustria e 41º na famosa “Billboard 200”. Mais do que isso, representou o retorno de uma das maiores bandas extremas da cena. Eu particularmente, tive a honra de vê-los ao vivo em 2017, quando abriram para o LAMB OF GOD e pude testemunhar in loco que os caras seguem afiados, e mais do que isso, com muito amor pelo som que praticam. E que inventaram o tal Death Metal Melódico. Não é o melhor disco da carreira dos caras, mas certamente está entre os melhores.
Tracklisting:
01 – 1985
02 – Thrasher’s Abbator
03 – Cadaver Pouch Conveyor System
04 – A Congealed Clot of Blood
05 – The Master Butcher’s Apron
06 – Noncompilance to ASTM F 899-12 Standart
07 – The Granulating Dark Satanic Mills
08 – Until for Human Consumption
09 – 316 L Grade Surgical Steel
10 – Captive Bolt Pistol
11 – Mount of Execution
Lineup:
Jeff Walker – Vocal/Baixo
Bill Steeler – Guitarra/Vocal
Dan Wilding – Bateria
Special guests:
Ken Owen – Backing vocal (faixas 2 e 8)
Chris Gardner – Backing vocal
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8/10