Hoje fui incumbido com a tarefa de resenhar o álbum “Heartwork” da banda Carcass, uma banda que sempre ouvi falar como um dos grandes clássicos do Death Metal, mas nunca parei para escutar propriamente. “Heartwork” é o quarto álbum da banda (de sete), sendo o penúltimo antes do hiato da banda em 1996, e é considerado uma obra prima do quarteto de Death Metal, sendo sua mudança para o Death Metal Melódico, ao invés do Death Metal mais tradicional que a banda apresentava anteriormente.
Antes mesmo do inicio da resenha, vale destacar a arte feita para a capa do álbum. Desde a primeira vez que a vi, já achei muito bonita e interessante. Não é uma capa que se espera de um álbum de Death Metal – estilo conhecido por muitas capas feitas com desenhos à mão e com um visual mais gore. A imagem que está presente na capa se trata da escultura “Life Support 1993“, de H.R. Giger, uma releitura de sua própria obra da década de 1960. No clipe oficial da música que leva o nome do álbum, aparece no cenário a escultura real, incluindo partes humanas. Mas o que mais me chamou atenção na capa é o estilo de arte, o modo como foi feita digitalmente a escultura me lembra muito alguns filmes de ficção científica do final dos anos 90, início dos anos 2000, com abuso de CGI, onde os objetos metálicos ficavam com essa aparência. É interessante, pois causa uma sensação de modernidade, ao mesmo tempo que um tanto ultrapassado.
Ouvindo o álbum, compreendi o motivo de ser considerado uma obra prima do Carcass. A banda consegue, neste álbum, fazer o que poucas bandas conseguem: misturar uma nova influência ao seu som antigo, sem descaracterizar o som original que conquistou os fãs mais antigos. O álbum mescla muito bem alguns elementos do Death Metal mais tradicional com frases melódicas extremamente bem compostas. A música título, “Heartwork“, é um ótimo exemplo, tendo uma introdução extremamente melódica e depois voltando aos moldes mais tradicionais. Além disso, para quem gosta de solos, a nova influência melódica da banda trouxe solos muito bonitos, com muito feeling ( e não só “fritação”), que dão um toque a mais nas composições, mesmo as que não vão tanto para o lado melódico. Outro elemento que me agradou muito em algumas faixas foi a presença de breakdowns, o que não é exatamente uma novidade para o metal extremo de 1993, mas é um elemento nem sempre bem aceito pela comunidade mais true, então considero uma evolução e, mais do que isso, um ato de coragem frente a tantas mudanças pelas quais a banda passou nesse trabalho: mudança para o Death Melódico, mudança da temática das letras, entre outros. Talvez “evolução” seja, de fato, a palavra certa para definir essa obra do Carcass, visto que foi o único álbum da discografia da banda no qual não houve mudança de formação, ou seja, a banda fez um álbum e decidiu mudar seu som, sem influência de alguém novo na banda, foi uma mudança de pensamento mesmo.
O músico que mais se destaca no álbum é de Bill Steer, guitarrista principal da banda. Apesar de maioria das composições terem sido feitas por ele em conjunto com Michael Amott, o outro guitarrista, Steer gravou sozinho todas as guitarras do álbum, pois Amott havia perdido seu passaporte em Israel e não conseguiria resolver o problema a tempo de retornar à Inglaterra para gravar o álbum. Steer acabou tendo trabalho dobrado de última hora, mas o executou com maestria
Para quem gosta de um Death Metal de qualidade, “Heartwork” é extremamente recomendável, tendo uma produção e composição impecáveis. Talvez o único fã do gênero que não vá gostar do álbum é o mais purista que condene a mudança na sonoridade da banda, ou que não goste de Death Melódico. Mas para o bom fã de Death Metal, que gosta de música bem feita, o álbum não tem defeitos. Para os fãs de carteirinha, a versão Deluxe do álbum contém demos de todas as faixas do álbum.
Tracklist:
1- Buried Dreams
2- Carnal Forge
3- No Love Lost
4- Heartwork
5- Embodiment
6- This Mortal Coil
7- Arbeit Macht Fleisch
8- Blind Bleeding the Blind
9- Doctrinal Explectives
10- Death Certificate
Deluxe Version:
11 – Blind Bleeding the Blind (Demo)
12 – Buried Dreams (Demo)
13 – Carnal Forge (Demo)
14 – Death Certificate (Demo)
15 – Deliverance (Demo)
16 – Doctrinal Expletives (Demo)
17 – Heartwork (Demo)
18 – No Love Lost (Demo)
19 – This Mortal Coil (Demo)
20 – Arbeit Macht Frei (Demo)
Formação:
– Bill Steer ( Guitarra)
– Ken Owen (Bateria)
– Jeff Walker (Baixo e Vocais)
– Michael Amott (Guitarra)
Equipe:
– Keith Andrews – Engenharia
– Dave Buchanan – Assistente de Engenharia
– Colin Richardson – Produção
– Andrea Wright – Assistente de Engenharia
– H. R. Giger – Escultura usada na capa
– Jurg Kümmer – Fotografia
– Andrew Tuohy – Design