Quando falamos sobre Heavy Metal é quase inseparável a conexão com Iron Maiden; tanto quanto é também a inconfundível voz de Bruce Dickinson, definitivamente um dos grande nomes do metal. Quase tão grande quanto o próprio Iron.
Há quem conteste sua importância para o Rock n’ Roll, seja pela sua extensão vocal, pela inevitável comparação com Paul Di’Ano ou pelas performances dignas do David Lee Roth. Uma coisa ninguém pode negar: ele foi o responsável por abrir caminho para diversos gêneros do metal. Doa a quem doer, é verdade.
Sua carreira solo nunca foi o meu forte. Mas uma característica sempre me chamou atenção, seus discos não se confundem com a carreira dos seus trabalhos paralelos. Me lembra Rob Halford fora do Judas Priest – seja no Fight ou Halford -, a gente sabe quem tá cantando, mas definitivamente sabe que não é sua banda “original”.
Um exemplo disso foi sua participação no Ayreon , cantando em Into The Dark Hole no disco Universal Migrator Part 2: Flight of the Migrator. Uma música minimamente espetacular, onde ele imprime suas características mais marcantes em uma música que “não tem nada a ver com ele”. Quando as primeiras palavras são cantadas o mistério desaparece e fica a certeza, é Bruce Dickinson cantando. Inclusive é uma recomendação de quem tiver curiosidade de ouvir trabalhos diferentes com ele.
Isso tudo nos leva até sua carreira solo. Confesso que a pegada mais Hard Rock de Tattooed Millionaire, seu primeiro solo lançado em 1990, não faz muito meu estilo. Mas é um disco com um vocalista solto, um trabalho mais leve e divertido. Quatro anos depois finalmente é lançado Balls To Picasso, segundo disco solo na sua carreira e primeiro gravado fora do Iron Maiden. Dos seus três primeiros discos é o meu favorito, e ouso dizer que é o melhor.
O começo de sua carreira é menos presa à identidade criada no Iron Maiden. Balls To Picasso equilibra bem os elementos experimentais, Hard Rock e Heavy Metal. O disco abre com uma das suas melhores músicas, Cyclops. É o tipo de música que faz a gente querer ouvir novamente logo assim que a faixa termina, é um Heavy Metal clássico dando um passo a frente. Pra mim sempre foi a faixa que dita como é todo o restante do disco. Empolgante!
Balls To Picasso não é um disco homogêneo, as músicas não respeitam as regras de um único estilo. Cada faixa tem características próprias, pegadas de funk, levadas reggae, riffs de metal e refrões de classic rock. Além de Cyclops, Laughing in the Hiding Bush e Tears of the Dragon são músicas que se destacam e quase obrigatórias em todas as suas coletâneas e discos ao vivo.
Em toda sua discografia, Bruce Dickinson sempre foi um cara energético, seja no palco pulando ou atrás dos microfones. Em seus trabalhos pessoais vejo como um tempo para descompressão; e nesse aspecto, Balls To Picasso é um respiro em sua carreira, solo ou em outros projetos.
Formação:
Bruce Dickinson – Vocal
Roy Z – Guitarra
Eddie Casillas – Baixo
David Ingraham – Bateria
Doug Van Booven – Percussão
Faixas:
1 – Cyclops
2 – Hell No
3 – Gods of War
5 – 1000 Points of Light
6 – Laughing in the Hiding Bush
7 – Change of Heart
8 – Shoot All the Clowns
9 – Fire
10 – Sacred Cowboys
11 – Tears of the Dragon
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8/10