Durante os quatro anos que se passaram após o lançamento de “A Twist In The Myth” (2006), um grande ponto de interrogação se fez presente nas cabeças dos milhões de fãs que o Blind Guardian possui ao redor da Terra. E a pergunta não poderia ser outra: o que esperar de um novo disco da banda? A resposta, que veio com o título “At The Edge Of Time”, não decepcionou. Ou seja, temos aqui mais um belo e digno álbum, em uma maravilhosa discografia.

É inegável que os bardos – liderados com maestria pelo competente, carismático e inconfundível Hansi Kürsch (vocal) -, sempre buscaram fugir dos padrões pré-estabelecidos dentro do famigerado Power Metal, incluindo aí um amálgama de elementos, como orquestras e coros, além de influências das mais variados, indo de um Heavy Metal calcado nos sons mais tradicionais presentes no estilo, até temas que remetem ao Folk-Medieval. Tudo isso, na esmagadora maioria das vezes, de maneira coerente. “Em At The Edge Of Time” não é diferente.

O já citado Hansi Kürsch, acompanhado de André Olbrich (guitarras), Marcus Siepen (guitarras) e Frederik Ehmke (bateria), contaram com o auxílio dos músicos Oliver Holzwarth (baixo), Michael “Mi” Schüren (teclados), além de coros gravados pelo Bach Choir Bremerhaven e pelo The Choir Company. Não posso deixar de referenciar o excepcional trabalho orquestral, registrado pela Filmharmonic Orchestra Prague.

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A produção, que ficou a cargo de Charly Bauerfeind e da própria banda, deixou tudo bem nítido, claro e limpo, com a pompa que o trabalho pede. Tudo o que foi dito até aqui pode ser conferido de cara em “Sacred Worlds”, a mais longa faixa do disco. São mais de nove minutos de duração, dois deles destinados exclusivamente a uma belíssima introdução, com destaque as linhas vocais de Hansi. Já a pesada “Tanelorn (Into The Void)”, evidencia o trabalho das guitarras, com ótimos solos e riffs, e tem tudo para agradar os fãs da fase mais antiga da banda. Na sequência, temos a cadenciada “Road Of No Release”, com uma introdução ao piano, que de primeira pode dar a sensação de ser uma balada, mas a faixa vai ganhando peso durante sua execução.

Mais peso em “Ride Into Obsession” e na veloz “A Voice In The Dark”, que inclusive se tornou videoclipe. As influências de Folk-Medieval não poderiam ficar de fora e estão evidentes em “Curse My Name” e “War Of The Thrones”. O lado mais progressivo da banda pode ser apreciado nas faixas “Valkyries”, destaque para o baterista Frederik Ehmke, e “Control the Divine”, que possui maravilhosos trechos executados no violão.

O encerramento segue os padrões da abertura do disco: uma música épica, quase cinematográfica. Um final grandioso. Uma canção sublime, digna de nota e executada em pouco mais de oito minutos. Alguns elementos, principalmente nas partes orquestradas, aparecem como novidade na sonoridade dos alemães.

“At The Edge Of Time” é mais um disco surpreendente do Blind Guardian. Hansi, que há anos é um dos maiores vocalistas da história da música pesada, mostra ainda mais versatilidade e competência. As guitarras estão em perfeita sincronia. A bateria vem com mais força e técnica. As orquestrações são mais grandiosas. Lendo assim, pode parecer um trabalho pretensioso, exagerado, mas no fundo, “At The Edge Of Time” beira a perfeição.

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Formação:
Hansi Kürsch (vocal);
André Olbrich (guitarra);
Marcus Siepen (guitarra);
Frederik Ehmke (bateria).

Faixas:
01 – Sacred Worlds
02 – Tanelorn
03 – Road of No Release
04 – Ride into Obsession
05 – Curse My Name
06 – Valkyries
07 – Control the Divine
08 – War of the Thrones
09 – A Voice in the Dark
10 – Wheel of Time