Blaze Bayley é provavelmente uns dos músicos mais “gente boa” do meio do Heavy Metal, graças a sua simplicidade e simpatia. Com ele não existe essa de estrelismo. Também é inegável que se trata de um artista de talento, por mais que isso não seja refletido tanto em matéria de popularidade, pois sua carreira solo possui mais baixos do que altos nesse sentido. A verdade é que por mais absurdo que possa parecer tal fala, Blaze foi prejudicado justamente pelo seu momento de ápice: sua escolha para substituir ninguém menos que Bruce Dickinson no Iron Maiden, em 1994.

É inegável que isso catapultou aquele vocalista até então desconhecido, que integrava uma obscura banda do underground inglês, o Wolsbane, ao estrelato mundial, mais ao mesmo tempo acabou sendo quase uma maldição. Blaze não era Bruce, e isso era imperdoável para uma parte considerável dos fãs do Maiden. Fora isso, Steve Harris nunca procurou adaptar muito a forma de compor ao estilo de cantar de Bayley, e isso o prejudicou demais. A fase também não era das melhores para a banda. Ok, X-Factor é um trabalho de grande qualidade, e considero as críticas que sofreu por uma parcela dos fãs, totalmente injustas, mas não dá para negar que Virtual XI deveria ser considerado uma arma tóxica de destruição em massa e ser proibido, de tão ruim. Ele tinha culpa disso? Provavelmente não, mas os fãs optaram por colocar a responsabilidade em suas costas, principalmente pelo seu fraco desempenho ao vivo com a banda.

Após ser demitido do Iron em 1999, para o retorno de Bruce, Blaze resolveu aproveitar a fama e se lançou em uma carreira solo. Para a surpresa de muitos, seu primeiro álbum, Silicon Messiah (00), é um dos grandes trabalhos lançados na primeira década dos anos 2000. Tínhamos ali um Heavy Metal de qualidade, feito na medida para sua voz, e que funcionou muito bem. Isso obviamente gerou uma maior expectativa para o que viria em seguida, e podemos dizer que Tenth Dimension, lançado em 2002, não decepcionou em nada aqueles que apreciaram a estreia. Só lido e duro, o que temos é um álbum de Metal Tradicional que, sem abrir mão das características do estilo, consegue soar “moderno”. A produção de Andy Sneap conseguiu deixar tudo muito atual e longe de soar datado.

Após uma breve introdução, a ótima e veloz “Kill and Destroy” surge agressiva e pesada, mostrando que Blaze e sua banda não estão para brincadeira. “End Dream” é um pouco mais cadenciada e tem uma atmosfera escura, sendo seguida de outro dos destaques do álbum, a poderosa “The Tenth Dimension”, com alguns dos melhores riffs de todo trabalho. A mid-tempo “Nothing Will Stop Me” tem peso e solos melodiosos, enquanto “Leap of Faith” é um daqueles Heavys velozes e empolgantes. “The Truth Revealed” serve de introdução para a bonita e emocional “Meant to Be”. Destaque para os vocais femininos, bem encaixados. “Land of the Blind” é possivelmente a faixa que menos empolga, apesar de soar pesada, e “Stealing Time” se destaca não só pelas mudanças de tempo, como pelos riffs. A sequência final nos entrega a cativante e rápida “Speed of Light” e a ótima e arrastada “Stranger to the Light”.

Tenth Dimension não superou a qualidade de Silicon Messiah, mas é um sucessor mais do que digno, com seu Heavy Metal forte, pesado, com guitarras que entregam bons riffs, uma parte rítmica firme e principalmente, canções onde a voz de Blaze se encaixa perfeitamente, mostrando para seus detratores, que sim, ele tinha talento de sobra.

Formação:
– Blaze Bayley (Vocal);
– John Slater (Guitarra);
– Steve Wray (Guitarra);
– Rob Naylor (Baixo);
– Jeff Singer (Bateria).
Faixas:
01. Forgotten Future
02. Kill and Destroy
03. End Dream
04. The Tenth Dimension
05. Nothing Will Stop Me
06. Leap of Faith
07. The Truth Revealed
08. Meant to Be
09. Land of the Blind
10. Stealing Time
11. Speed of Light
12. Stranger to the Light

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