Roadie Metal Cronologia: Blaze Bayley – The Man Who Would Not Die (2008)

Se for para sermos rigorosos, The Man Who Would Not Die é o primeiro álbum da banda chamada Blaze Bayley, tendo em vista que o nome da banda era somente “Blaze” até 2006, sem o “Bailey”. A mudança de nome representa na prática a ressurreição de Blaze Bayley após as crises depressivas, financeiras e o alcoolismo, que marcaram com força principalmente o álbum Blood & Belief (2004), o último álbum lançado sob o nome “Blaze”, e sua turnê subsequente. Com os bolsos vazios e sem mais o apoio da gravadora SPV/Steamhammer, Blaze teve que demitir toda a sua banda. Com a força e a ajuda de sua esposa na época, que se tornou sua empresária, Blaze foi aos poucos voltando a ativa novamente.

Para começar a reconstrução, o cantor trouxe dois irmãos colombianos para remontar a sua banda, Nicolas e David Bermudez, respectivamente guitarrista e baixista da banda de Death Metal melódico Under Threat. Para a outra guitarra foi trazido Rick Newport. Para a bateria foi recrutado um músico de técnica altamente duvidosa chamado Nico Banderra, que na época também cuidava do gerenciamento de shows de Blaze. Esta formação gravou o DVD Alive In Poland, registrado no festival Metalmania de 2007, onde Blaze era um dos headliners. Na gravação, o ex-Iron Maiden desabafa sobre as crises e os problemas tidos com a antiga gravadora. Ainda em 2007 o contrato com Banderra foi quebrado (Ainda bem. Não precisa ser um bom músico para perceber que o cara não tocava nada) e Newport deixou a banda para se dedicar a sua carreira de professor de música. Para os lugares vacantes, foram trazidos o guitarrista Jay Walsh (Bull-Riff Stampede, Xentrix), também oriundo da safra Death Metal, e o baterista Lawrence Peterson. Esta foi, de longe, a melhor e mais coesa formação que Blaze Bayley teve em toda sua carreira-solo.

Foi com eles que o cantor entrou em estúdio na cidade britânica de Kettering em 2008 para gravar The Man Who Would Not Die, produzido pelo próprio Blaze e pelos irmãos Bermudez e lançado pela Blaze Bayley Recordings, a gravadora independente que Blaze fundou. O fato de os novos integrantes da banda terem vindo do Metal extremo afetou drasticamente a sonoridade da banda de Blaze. Não há exagero em afirmar que The Man Who Would Not Die é praticamente um álbum de Death Metal melódico, na linha do Under Threat, com os vocais limpos de Blaze. O “Messiah” nunca gravara e nunca mais registrou um álbum tão agressivo, rápido e pesado como este. Timbres de guitarra cortantes, com algo da famosa “serra elétrica” sueca, baixo presente e seguro e bateria furiosa e agressiva. E o principal: a voz de Blaze soa pesada, raivosa e imponente como nunca. As bases pesadas e agressivas formaram a cama perfeita para que o cantor destilasse a suas marcas registradas: timbre forte e denso, puxadas graves e seu conhecido sotaque britânico carregado.

O álbum abre com a poderosa faixa-título, que em si mesma resume tudo que foi falado até aqui e o que será ouvido no restante do álbum. Blackmailer traz um grandioso trabalho de arranjos linhas vocais marcantes. Smile Back At Death é cadenciada e possui muitas variações, enquanto While You Were Gone funciona como uma semi-balada, dentro, obviamente, dos limites do Death Metal melódico. A letra desta música, por sinal, foi escrita por Blaze para sua esposa e empresária, Debbie Hartland. Tristemente, dois meses do lançamento do álbum, esta letra se revelou como sendo um epitáfio: Debbie faleceu em decorrência de sequelas de um AVC.

A veia “maideniana” de Blaze Bayley se revela em Samurai, comandada pela destacada linha de baixo e por dobras de guitarra típicas da banda que o revelou ao mundo. Crack In The System é ao mesmo tempo melancólica e pós-moderna, desta vez exibindo os predicados musicais do baterista Lawrence Peterson. Em seguida vem o single Robot, curta e mortal, é a faixa mais veloz do disco, o que exigiu do baterista muito pique nos velozes bumbos-duplos no refrão. Desta vez, uma balada no sentido mais real da palavra surge em At The End Of The Day, onde Blaze canta de uma forma emocionante e sentimental. Waiting For My Life To Begin acalma o ouvinte e tem a missão de assentar o terreno para a destruição que as três últimas músicas causarão. Voices From The Past tem um belíssimo trabalho de guitarras em sua introdução e descamba em sua metade para um momento veloz com guitarras à la Helloween. Impiedosa e mortal é a faixa The Truth Is One, onde Blaze canta imponente e raivoso por cima de mais um Death Metal melódico. Logo após, o cantor sacramenta a destruição com a pesadíssima Serpent Hearted Man, tão esmagadora quanto uma avalanche de rochas.

O álbum tem o comprimento de uma hora e dois minutos que mostram que, de fato, Blaze não deveria ter morrido. Alguns executivos de gravadora e pessoas próximas ao cantor disseram a ele que estava morto e que ninguém mais se interessava por ele. Como uma fênix, o cantor fez questão de mostrar que estava mais vivo do que nunca e lançou um dos melhores álbuns de Heavy Metal da década passada. The Man Who Would Not Die é de audição obrigatória para todos aqueles que fazem do Metal sua trilha sonora diária ou mesmo um estilo de vida.

The Man Who Would Not Die – Blaze Bayley (Blaze Bayley Recordings, 2008)

Tracklist:
01. The Man Who Would Not Die
02. Blackmailer
03. Smile Back At Death
04. While You Were Gone
05. Samurai
06. Crack In The System
07. Robot
08. At The End Of The Day
09. Waiting For My Life To Begin
10. Voices From The Past
11. The Truth Is One
12. Serpented Hearted Man

Line-up:
Blaze Bayley – vocais
Nicolas Bermudez – guitarras
Jay Walsh – guitarras
David Bermudez – contrabaixo
Lawrence Peterson – bateria

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