Ainda nos anos 90, o então desconhecido BLAZE BAYLEY entrou no IRON MAIDEN para substituir Bruce Dickinson. E fez um trabalho ótimo, mesmo a contragosto das “brucetes” de plantão (ou seja, as viúvas que não conseguem ver o Maiden sem ele, ou seja, são fãs de Bruce, não do grupo), foram ótimos, deixando o título de disco mais fraco do Maiden para “No Prayer for the Dying”, “Fear of the Dark” e qualquer coisa lançada com Bruce em sua volta (excetuando o ótimo “The Book of Souls”, que só tem uma sonoridade sofrível). Não gostou? Pode parar de ler, pois vai ser daí para pior.

A saída de Blaze do quinteto inglês o levou para uma carreira sólida, primeiramente com o BLAZE (muitos fãs do Maiden da antiga acharam “Silicon Messiah” bem melhor que “Brave New World”, ou como chamam por aí, “Fail New World”), depois BLAZE BAYLEY, lançando discos ótimos, alguns bons e outros nem tanto. Pode-se dizer que “Infinite Entanglement” é a continuidade do que vinha fazendo.

Desta vez, não existem mais integrantes na banda. Quem deu uma força: o pessoal do ABSOLVA, mais backing vocals Luke Appleton do ICED EARTH, Jo Robinson e Mel Adams do AONIA, e Liz Owen, além dos violões de Thomas Zwijsen (o mesmo garoto famoso do Youtube que acompanhou Blaze em alguns shows), Anne Bakker no violino, mais a voz de atores como Aine Brewer, Rob Toogood, Michelle Sciarrotta, além do próprio Blaze. Uma coisa que se percebe logo de cara que “Infinite Entanglement” continua o mesmo estilo da carreira de Blaze após o choro das “brucetes” quase o afogarem, e ele sair do Maiden. É um Heavy Metal tradicional bem feito, com excelentes melodias, mas com uma estética completamente moderna, ou seja, muito peso e agressividade.

Se não chega ao mesmo patamar de obras como “Silicon Messiah” ou “The Man That Would Not Die”, “Infinite Entanglement” é honesto, preciso e cheio de energia, um disco ótimo de se ouvir e fácil de gostar.

Blaze coproduziu o disco com Chris Appleton, tendo Bob Cheel e Miguel Seco fazendo a engenharia de som e mixagem (o último ainda fez a masterização). Tudo para garantir que a sonoridade de “Infinite Entanglement” seja de alta qualidade. E tudo soa certinho, em seus devidos lugares, e com seus devidos toques de clareza, peso e agressividade.

A pancada melódica e dinâmica de “Infinite Entanglement” (com uma pegada pesada incrível, quase uma canção do Maiden pela levada granchuda), a levada deliciosa e que embala o ouvinte em “A Thousand Years”, o jeitão moderno e bruto de “Human” e “Stars are Burning” (essa mais cadenciada, com um peso absurdo na base rítmica), as linhas harmônicas ótimas de “Calling You Home”, a puramente “Old Maiden” “Dark Energy 256” (tem um jeitão melodioso à lá “Killers”/”The Number of the Beast” bem legal), e a pancada modernosa de “Independence” mostram o quanto Blaze ainda tinha lenha para queimar depois do fraco “The King of Metal”. Aliás, os temas do disco em termos de letras são ficção científica e mesmo ciência (em “Infinite Entanglement”, as citações aos nomes de Einstein e Bohr e suas discordâncias referentes e debatidas sobre a mecânica quântica).

Novamente: “Infinite Entanglement” não é o melhor disco de BLAZE BAYLEY, mas já mostra a recuperação do “homi”. Aliás, acho que Steve Harris deveria pegar umas dicas com ele de como fazer um bom disco.

Ah, sim: em um mote de colegas da imprensa, falamos “Steve Harris, chame o Andy Sneap para produzir dos discos do Maiden”. O próprio fez as produções dos discos iniciais do BLAZE, logo, entendam como desejarem.

Infinite Entanglement – Blaze Bayley (Blaze Bayley Recordings, 2016)

Tracklist:

01. Infinite Entanglement
02. A Thousand Years
03. Human
04. What Will Come
05. Stars are Burning
06. Solar Wind
07. The Dreams of William Black
08. Calling You Home
09. Dark Energy 256
10. Independence
11. A Work of Anger
12. Shall We Begin

Line-up:

Blaze Bayley – vocais

Músicos adicionais:

Chris Appleton – guitarras
Karl Schramm – contrabaixo
Martin McNee – bateria

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