A estreia do Black Sabbath com seu álbum autointitulado foi considerada um sucesso tendo em vista que alcançou a oitava colocação nas paradas britânicas e a 23ª na Billboard americana. Nada mal para uma banda estreante e que trazia em seu som um peso mórbido nunca sentido antes, algo que no futuro seria comumente chamado de Heavy Metal, aliado a letras que tratavam fortemente de ocultismo.
Com o propósito de não deixar a peteca comercial cair, a banda rapidamente voltou a entrar nos estúdios Regent Sound, bem como também no Island Studios, já para gravar o segundo álbum, somente quatro meses após o lançamento do debut. E saíram de lá com mais um tijolo da construção daquilo que viria a ser conhecido como Heavy Metal.
Sirenes de guerra avisam que o tanque de guerra Black Sabbath viria já com vitória certa no clássico War Pigs, tendo como arsenal os riffs mortais de Tony Iommi, o artilheiro Geezer Butler a metralhar através das cordas de seu contrabaixo, os tiros certeiros de Bill Ward, que mais fazia sua bateria parecer minas terrestres, e o general Osbourne a comandar com sua voz as estratégias de batalha. A dita música versa sobre a destruição causada pela Guerra do Vietnã. Planet Caravan traz um momento de calma após a destruição inicial com sua levada acústica e com a percussão de Ward.
A sucessão de clássicos não acaba neste álbum. Logo em seguida temos Iron Man, cujo riff talvez seja um dos mais conhecidos da história do Rock, ao lado do de Back In Black e do de Smoke On The Water. Ozzy, sem nenhuma vergonha na cara (ele sabe o que é isso?), executa sua linha vocal por cima do riff; de qualquer forma, uma das marcas registradas do vocalista nos anos 70. Mais um riff mórbido e soturno conduz a música Electric Funeral. Um groove no aro do caixa de Bill Ward inicia Hand Of Doom, variada e pesadíssima. A jam Rat Salad é uma espécie de Moby Dick versão Sabbath, baita de um instrumental que atesta a qualidade musical de cada integrante do Black Sabbath, especialmente do baterista, que ganhou um solo só seu no meio da faixa. O peso de cada instrumento conduz de forma magistral o encerramento com Fairies Wear Boots.
Com sete composições primorosas para serem registradas em seu segundo álbum, a banda encontrou ainda um problema: segundo Bill Ward, o produtor Rodger Bain sugeriu que o álbum ainda não tinha o número de músicas suficiente para que pudesse ser gravado. O que não foi um grande problema para o Mestre do Riffs. Rapidamente, Iommi criou um, cuja levada foi rapidamente acompanhada por Geezer e Ward, enquanto Ozzy bolava uma linha vocal. Segundo o baixista, a música extra estava pronta em cinco minutos. Só faltava uma letra, coisa que o próprio Geezer tratou de compor rapidamente também. Estava criada a música Paranoid.
Inicialmente, a música War Pigs se chamaria Walpurgis. Não somente isso; ela seria a faixa-título do álbum. Segundo Geezer, o nome do álbum seria Walpurgis em referência a festa satânica que se contrapõe ao Natal. A gravadora Vertigo não gostou muito da ideia e sugeriu que o álbum se chamasse Paranoid, a música feita às pressas, por acreditar que ela teria um grande potencial para single. Acabou que nem a própria música ficou com seu nome original, tendo sido mudado para War Pigs.
Paranoid até hoje é uma referência e um dos álbuns mais influentes para o Heavy Metal em geral e, mais especificamente, é um álbum essencial para o Doom Metal. Várias composições do álbum servem de cartilha para o estilo devido aos andamentos lentos e riffs sombrios e soturnos. A própria War Pigs começa como um Doom Metal destruidor, da mesma forma que Electric Funeral, Iron Man e Hand Of Doom, tanto que esta última música é quem dá nome ao estilo. Na época que sequer o termo “Heavy Metal” existia direito, o Doom Metal já causava destruição na Terra
Se as intenções de gravar o segundo álbum rapidamente foram capitalizar o sucesso do primeiro, elas foram muito bem cumpridas. Até hoje, Paranoid é o maior sucesso comercial do Black Sabbath, tendo vendido até hoje quase dois milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Musicalmente falando, o Black Sabbath já chegava em seu auge ainda em seu segundo álbum. Mas eles conseguiriam soar mais pesados ainda, e mais Doom, em seu terceiro álbum, Master Of Reality. Mas a análise deste álbum fica para amanhã, aqui no Roadie Metal Cronologia.
Paranoid – Black Sabbath (Vertigo, 1970)
Tracklist:
01. War Pigs
02. Paranoid
03. Planet Caravan
04. Iron Man
05. Electric Funeral
06. Hand Of Doom
07. Rat Salad
08. Fairies Wear Boots
Line-up:
Tony Iommi – guitarras
Ozzy Osbourne – vocais
Geezer Butler – contrabaixo
Bill Ward – bateria
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10/10