Grande parte de 1988 se passou com o Sabbath apropriadamente adormecido em um túmulo vampiresco. Nada de novo aconteceu até Tony Iommi surgir com um contrato de gravação. Após 20 anos com a mesma gravadora a banda começou a se sentir como mobília usada e com isso eles dispensaram a Warner Brothers e fecharam com Miles Copeland. Um adendo importante para esse fechamento foi a prioridade imposta por Iommi em buscar uma gravadora que não se envolveria artisticamente no trabalho do Sabbath e isso foi o que a Copeland concordou no ato do fechamento do contrato.
“Headless Cross” foi bem recebido pelo público, chegando à 31º posição nas paradas britânicas dobrando o 66º lugar de “The Eternol Idol”.
Geezer Butler na época, através de sua esposa, Gloria Butler, sugeriu a volta dele ao Sabbath, porém Iommi contratou o baixista Laurence Cottle que gravou o álbum e com isso Geezer entrou para a banda de Ozzy. Neil Murray, veterano baixista que teve passagem pelo Whitesnake, assumiu o baixo da banda na tour do de “Headless Cross”, por indicação do baterista Cozy Powel.
Tony Martin ainda não era uma unanimidade na banda e Iommi e Cozy cogitaram a volta de Ronnie James Dio ou até mesma a entrada de David Coverdale na banda, porém após a audição de “Black Moon” com Tony Martin cantando, Cozy e Iommi ficaram encantados com o tratamento de Martin na música e o mantiveram como vocalista.
“Headless Cross” é uma vila do século XVI. O álbum retrata a história vivida na época de 1600 e lá vai bolinhas, sobre uma peste que ameaçou a vila e os moradores na época pensaram que, se fincassem uma cruz no centro da cidade, a peste desapareceria. A cruz existe até hoje no vilarejo.
O álbum abre com “The Gates of Hell”, que nada mais é que uma passagem de um filme de terror da época.
“Headless Cross” portanto abre o disco com uma base rítmica bem parecida com “Heaven and Hell”, e Martin nos convidando para sentarmos enquanto ele conta uma história assustadora. Podemos perceber uma produção poderosa, Cozy Powel destruindo tudo em sua bateria, Tony Martin em muito lembra Dio, com suas melodias penetrantes e melodramáticas.
Na seqüência “Devil & Daughter” é bem mais animada que a anterior. Um ponto negativo da música fica pelo excesso de teclados que em muitas vezes abafam os riffs apáticos de Iommi na música. Posso dizer que essa música poderia ser retirada de algum álbum da banda Rainbow por ser muito doce e melodiosa.
“When Death Calls” é um épico bombástico que dá certo. Uma soma de refrões sólidos com um conjunto de speeds muito bem executados pela banda. Martin rosna como um louco na sequencia de riffs crescentes de Iommi, dando todo um feitiço mágico à música que leva o ouvinte a outra dimensão. Uma curiosidade nessa música é a participação de Brian May (Queen), apresentando uma colagem sonora ousada e nebulosa. Em minha opinião, essa é uma das melhores músicas feitas pelo Sabbath na era Toni Martin.
“Kill In The Spirit World” tem apelo mais comercial. Com aspectos claros de Hard Rock, a banda foge totalmente do início triunfal do álbum e aqui escorrega na qualidade da música. Uma inovação nessa faixa fica por conta da tentativa de Tony Martin fazer refrões fantasmagóricos com passagens psicodélicas no instrumental.
Continuando de forma errônea a linha Hard Rock Meloso, a faixa “Call of The Wild” fala sobre Satã com um clima super alegre! Chega a ser ridículo ver o Sabbath utilizar uma cítara acompanhada de um refrão bobo. Música fraca e mais uma vez mostrando que mesmo tendo todo o poder na produção artística, Tony Iommi estava completamente sem uma noção real do que é a música do Sabbath.
“Black Moon” tem uma história interessante: a música foi totalmente refeita, afinal, ela foi gravada para o disco anterior com o nome de “Evil Women”. Dessa vez a música traz uma noção de melodia, especialmente quando chega o refrão.
O álbum se encerra com outra faixa épica: “Nightwing”. A música começa com uma introdução calma e vai se transformando em um ou dois riffs pesados. Podemos considerar a faixa como uma ‘power ballad’ e com toda certeza a faixa apresenta o melhor solo de Iommi em todo o disco.
Esse álbum com toda a certeza trouxe o brilho e a conquista de novos fãs após os seguidos fracassos pós era Ronnie James Dio. Com esse dico a banda voltou às paradas e a lotar estádios na tour de divulgação do álbum.
Lista de faixsa:
01 – The Gates of Hell
02 – Headless Cross
03 – Devil and Daughter
04 – When Dead Calls
05 – Kill In The Spirit World
06 – Call of The Wind
07 – Black moon
08 – Nightwing
Formação:
Tony Martin (vocal);
Tony Iommi (guitarra);
Neil Murray (baixo);
Cozy Powel (bateria).