Uma das maiores bandas a surgir na cena da música pesada no século 21 em termos de popularidade com certeza foi o Avenged Sevenfold. A banda explodiu de sucesso nos anos 2000, surfando na onda da cena Metalcore que na época se encontrava em pura ascensão. Assim a banda rapidamente arrastou toda a nova geração de fãs que acabava de se ingressar no cenário, e se consolidou como um dos estandartes da nova era do Rock/Heavy-Metal.
E, como sempre acontece em passagem de gerações, a banda parece ter tanto incomodado como agradado. Muitos dos headbangers mais oldschool torceram o nariz para a jovem banda. O movimento Metalcore era, afinal, quase tão divisivo quanto o Nu Metal foi alguns anos antes.
Independente da opinião de fãs novos ou antigos, em 2013 a banda já tinha provado que havia vindo para ficar. Afinal já contavam com 14 anos de carreira e estavam lançando o seu sexto disco de estúdio: “Hail to the King“, continuando com força total mesmo após a trágica morte do baterista James “The Rev” Sullivan em 2009.
O disco marca uma nova fase da carreira da banda em mais de uma maneira. Embora o Avenged Sevenfold tenha construído o seu nome na cena Metalcore, a banda vinha experimentando com o seu som e implementando mudanças que aqui germinaram por completo. Pois este álbum deixa de lado a maioria das características típicas do Metalcore para trás em troca de influências de Hard Rock, Heavy Metal, Power Metal e até um pouquinho de Thrash.
Mas muito espertos foram os músicos, pois eles foram capazes de implementar essas tendências mais clássicas sem perder a acessibilidade comercial que tinham antes. Principalmente os singles (“Shepherd of Fire“, “Hail to the King” e “This Means War“) são perfeitos para rádio e MTV. Mas sabe de uma coisa? Isso geralmente é quase um xingamento no nosso nicho, mas eles conseguiram unir o útil ao agradável e criar essas canções que, embora acessíveis, não soam cansativas ou forçadas. Não são as melhores do disco, mas não causam a ânsia de vômito que eu estava esperando.
E nesse momento, aproveito para admitir uma coisa: Eu nunca gostei dessa banda. Aliás, sempre tive preconceito com eles. Os enxergava como “aquela banda emo que por algum motivo chamam de Metal”. E quer saber? Esse disco quebrou muito do meu preconceito. Não posso dizer que virei fã, porque esse estilo mais comercial não costuma me agradar, mas definitivamente houveram momentos que gostei de verdade, e o meu respeito pela banda aumentou muito. Gostando ou não, não posso negar que eles são muito bons no que fazem.
Em geral a sonoridade da banda não deve em nada para outros atos mais veteranos, em termos de maturidade de composição. Os momentos mais pesados lembram Megadeth e Metallica, enquanto momentos mais melódicos e épicos flertam com o Power Metal. A cola que une todas essas influências é um Hard Rock moderno, grudento e pesado, parecido com um Guns’n Roses turbinado. Aliás, o vocal de M. Shadows (outra coisa que me surpreendeu positivamente) é quase um meio termo de Tobias Sammet e David Coverdale aqui.
O disco, porém, dá uma bela tropeçada em seu “miolo”. As faixas “Crimson Day“, “Coming Home” e “Heretic” são o ponto fraco do disco, exagerando um pouco na melação pop, e falhando em terem reviravoltas interessantes com outros discos. Felizmente, essa trilogia é logo seguida pela excelente música “Planets“, que surpreende com seu peso e sua pegada maldosa. Junto da faixa “Doing Time” são as duas mais pesadas do disco, e também as duas primeiras músicas da banda que me agradaram de verdade.
O disco fecha com uma balada de muito bom gosto, que mistura uma levada e solos de guitarra carregados de influência do blues, unidos a uma leve atmosfera clássica, com orquestrações sutis e muito bem colocadas.
Concluindo, nem eu mesmo acredito estar escrevendo isso, mas esse disco é ótimo. Fiquei realmente surpreendido com como a banda foi capaz de unir a acessibilidade com peso e dinamismo, criando uma obra de arte digna de ser chamada como tal. É realmente difícil se equilibrar nessa corda bamba entre agradar as massas e fazer um empenho artístico honesto, mas aqui a banda obteve sucesso. Performance excelente, produção excelente. Para aqueles que, como eu, torciam o nariz para banda baseado na sua fase mais Metalcore, sugiro que ouçam esse disco com uma mente aberta, e poderão ser surpreendidos. Ainda faltou um pouco mais de peso e ousadia, mas continua ótimo.
Tracklist:
1 – Shepherd Of Fire
2 – Hail To The King
3 – Doing Time
4 – This Means War
5 – Requiem
6 – Crimson Day
7 – Heretic
8 – Coming Home
9 – Planets
10 – Acid Rain
11 – St. James (Bonus track)
Formação:
M Shadows – vocal
Zacky Vengeance – guitarra base, backing vocals
Synyster Gates – guitarra solo, backing vocals, vocais adicionais
Johnny Christ – Baixo, backing vocals
Arin Ilejay – Bateria, percursões
Nota: 8,0