Desde que voltou com a formação original em 2008, lançando o álbum “Phoenix”, o Asia voltaria a bater o ponto a cada dois anos, entregando, portanto, mais três trabalhos de estúdio, que encontrariam sua conclusão neste “Gravitas”, de 2014, o último disco a ser registrado com o cantor e baixista John Wetton à frente de uma banda, visto que viria a falecer em 2017.

O disco também foi o único a contar com a presença do guitarrista Sam Coulson, um músico competente, mas que estaria participando de seu primeiro álbum de estúdio e teria a árdua missão de substituir o lendário Steve Howe, que resolveu focar somente no Yes. O nome de Coulson chegou até a banda por indicação de Paul Gilbert, do Mr. Big, que declinou do convite, mas sugeriu o seu amigo.

O baterista Carl Palmer e o tecladista Geoff Downes são os outros dois sustentáculos da formação. Um grupo que contenha Downes, Palmer e Wetton certamente tende a ser catalogado como Rock Progressivo. Não está errado, mas a balança do Asia pende mais para o lado do AOR, com generosos graus de inclinação. Também podemos aferir que um grupo que contenha Downes, Palmer e Wetton entregará um conjunto de canções desafiadoras. Bom… talvez não esteja exatamente certo…

Esses músicos viveram a época de ouro do Prog, mas adentraram os anos 80 direcionando seus talentos para as rádios e para as arenas. Muito sucesso comercial, mas também muitas composições formulaicas. O que eu estou querendo dizer aqui é que “Gravitas” não é ruim, não no sentido mais prejorativo da palavra, mas é morno. É asséptico. É monótono.

Uma música como “Russian Dolls” demonstra bem isso. Não marca, não contagia e nem emociona. Ela mal termina e você já a esquece. É claro que há momentos interessantes. “Valkyrie” tem boas passagens de teclado, mas o refrão é cansativo; “Heaven Help Me Now” começa de forma imponente, mas depois descamba para o lugar-comum. Não seria arriscado dizer que, se Steve Howe estivesse no disco, o somatório das partes teria outro resultado, pois infelizmente Coulson está sumido na sonoridade, prejudicando qualquer tentativa válida de avaliar devidamente o seu talento.

Mas não pretendemos apontar o dedo para o novato, pois certamente ele seguiu as orientações dos produtores Wetton e Downes. Mais gravoso é perceber, ao ouvir uma música como a faixa título, que Carl Palmer não faz diferença ali – e nem em vários outros momentos – podendo ter entregue as baquetas para vários outros bateristas, caso a intenção fosse ser tão burocrático.

Em alguns trechos de músicas como “The Closer I Get To You” ou “Till We Meet Again”, podemos encontrar similaridades com coisas produzidas pelo Yes nos anos noventa, mas a diferença entre as vozes de Wetton e Jon Anderson mascaram essas semelhanças. De qualquer forma, uma das melhores coisas do disco é algo que também faz paralelo com o Yes, afinal não podemos deixar de ressaltar a inevitável beleza das ilustrações do mestre Roger Dean, em mais uma capa lindíssima.

“Gravitas” não foi o final da trajetória do Asia, pois a banda prossegue nos palcos com outros músicos acompanhando Downes e Palmer, mas é um epílogo melancólico. Decerto que dificilmente alguém se sinta estimulado a retornar para repetidas audições. Caso queira revisitar a obra dos músicos, há o King Crimson, o Yes, o Uriah Heep, o ELP e, também, o primeiro disco de sua parceria conjunta, quando aquele mesmo dragão azulado da capa ergueu-se do oceano em 1982.

Gravitas – Asia
Data de lançamento: 19.03.2014
Gravadora: Frontiers

Tracklist
1 Valkyrie  
2 Gravitas (i). Lento (ii). Gravitas
3 The Closer I Get to You
4 Nyctophobia
5 Russian Dolls
6 Heaven Help Me Now (i). Wings of Angels (ii). Prelude (iii.) Heaven Help Me Now
7 I Would Die for You
8 Joe DiMaggio’s Glove
9 Till We Meet Again

Formação:
John Wetton – vocal, baixo
Geoff Downes – teclado
Sam Coulson – guitarra
Carl Palmer – bateria

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