O Asia é uma daquelas bandas que foram criadas como uma espécie de válvula de escape para os seus integrantes, uma oportunidade de provar uma nova sonoridade sem que eles mexessem em suas bandas principais, aconteceu que essa “brincadeira” virou coisa séria e acabou rendendo muita música boa, que chegaram a se tornar verdadeiros clássicos na década de 80. Hoje iremos falar um pouco do oitavo álbum do grupo, o Aura, lançado em 2001.
Antes do Aura ser projetado, a banda passou por diversas mudanças em sua formação, várias picuinhas e desentendimentos fizeram com que um grupo se resumisse em duas pessoas, John Payne e Geoff Downes. Esses caras bateram o pé e decidiram recolocar o nome do Asia de volta as paradas de sucesso, e para produzir o Aura, a dupla teve a ideia de convidar alguns parceiros para tocarem no álbum, nomes como Tony Levin (baixista ex- King Crimson), o próprio Steve Howe que fez parte da formação e idealização do Asia, e Elliot Randall, guitarrista que passou pelo Steely Dan.
Ao apertar o play sentimos que a insistência de Payne e Downes foi assertiva, “Awake”, “Wherever You Are” e “Ready To Go Home” nos trazem leveza para a alma. As duas primeiras músicas são composições excelentes, frutos de muito feeling e sensibilidade, grande trabalho da banda. Já ” Ready To Go Home” é uma composição da banda setentista 10cc, porém, a versão do Asia ficou magistral, Tony Levin dá a sua contribuição nessa faixa, outro artista que fez um cover da mesma música foi o vocalista do A-ha, Morten Harket, no seu álbum solo de 1995, o Wild Seed, mas isso é história para uma outra hora.
Bem, voltando ao Aura, “The Last Time” é a primeira música após a trinca de faixas maravilhosas, mas sou obrigado a dizer que a sua atmosfera oitentista, seu refrão cativante e o belo solo de Steve Howe, a colocam no hall das melhores do álbum. Na sequência, “Forgive Me” e “Kings Of The Day” dão uma acelerada no ritmo, o groove norteia as ações, com destaque para o refrão desta última, muita beleza envolvida. “On The Coldest Day In Hell” possui um R&B poderoso, grande performance de Guthrie Govan.
Em seguida temos a maior faixa do disco, a multifacetada “Free”, ela começa no melhor estilo progressivo do final dos anos 80, muito teclado e um ritmo mais acelerado, alternando entre passagens apoteóticas e outras mais ambientais, é, talvez, o momento mais destoante do disco.
O groove volta a dar as caras em “You’re the Stranger”, mas segue o mesmo caminho da sua antecessora, corre um pouco fora da linha do álbum. “The Longest Night” é mais um momento de muito sentimentalismo, é a faixa mais AOR do full lenght, nada de tão empolgante. Para finalizar, a faixa título “Aura”, traz uma mescla de ritmos, percussões e fraseados de guitarras se misturam e tracejam a viagem, até desembocarem num belo solo de guitarra, é uma sessão instrumental de muita qualidade e criatividade.
Infelizmente, Aura não alcançou o sucesso de vendas que a banda esperava, mas ele passa a sensação de dever cumprido, o disco entrega faixas com cara de clássico, composições primorosas de uma banda que não esqueceu como se trabalha, mesmo com todos os percalços, a impressão é que se o mesmo tivesse sido lançado lá nos anos 80, estaria na prateleira dos álbuns mais vendidos da banda. Talvez, fosse o disco certo para a década errada.
Asia – Aura
Data de lançamento: 31de janeiro de 2001
Gravadora: Recognition
Faixas:
1. Awake
2. Wherever You Are
3. Ready To Go Home
4. The Last Time
5. Forgive Me
6. Kings Of The Day
7. On The Coldest Day In Hell
8. Free
9. You’re The Stranger
10. The Longest Night
11. Aura
Intergrantes:
Geoffrey Downes (teclados)
John Payne (baixo, guitarra, vocais)
Convidados:
Guthrie Govan / guitarra (faixas – 1-3,5-7,9,10)
Ian Crichton / guitarra ( faixas – 4,8)
Steve Howe / guitarra (faixas – 4,8)
Pat Thrall / guitarra (faixa – 8)
Elliott Randall / guitarra (faixa – 9,11)
Tony Levin / baixo (faixa – 3)
Chris Slade / bateria (faixa – 2)
Michael Sturgis / bateria (faixas – 1,5,7,9,11)
Vinnie Colaiuta / bateria (faixas – 3,4,10)
Simon Phillips / bateria (faixas – 6,8)
Luis Jardim / percussão (faixas 1, 3-6, 9, 11)
David Grant’s Gospel Choir / chorus vocals (1,3)
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