Mudanças na formação de uma banda normalmente geram grandes polêmicas, principalmente quando ela está em um período de grande sucesso, e mais ainda quando a alteração envolve peças-chaves, como trocas de vocalistas. Em 1993, o Anthrax lançou o seu sexto álbum de estúdio, “Sound of White Noise”, disco que marcou a entrada do vocalista John Bush (Armored Saint). Ainda que o álbum seja dotado de uma qualidade musical inegável, fãs mais puristas torceram o nariz para essa nova fase. Como se não bastasse a saída do vocalista Joey Belladonna, a banda ainda sofreu outra baixa: a do guitarrista Dan Spitz. Apesar de todos esses infortúnios, em 24 de outubro de 1995, através da Elektra Records, o Anthrax lança o controverso “Stomp 442”, o seu sétimo álbum da carreira.
Dizem que julgar uma obra pela sua capa não é correto. De fato não é mesmo, porém apenas olhando para a capa utilizada para o disco – que curiosamente quase foi utilizada para “Balls To Picasso”, de Bruce Dickinson –, é possível notar que se trata de um disco que se distancia das raízes Speed e Thrash Metal do grupo… e é exatamente isso, senhoras e senhores! “Stomp 442” traz composições com um apelo mais comercial e alternativo, combinando arranjos e vocalizações que beiram o Grunge, em determinados momentos e flertam com outros elementos que permearam a música nos anos noventa. Com a saída de Dan Spitz, que era responsável por executar os solos, a banda contou com o apoio de alguns colaboradores na função da segunda guitarra, como os guitarristas Paul Crook (ex-Belladonna, ex- M.O.D.) e Dimebag Darrell (Pantera e Damage Plan, R.I.P. 2004), além do próprio baterista Charlie Benante.
Em termos de destaques do álbum, podemos citar faixas como “Random Acts of Senseless Violence”, que possui riffs convidativos, grooveados e um refrão de fácil assimilação, “Riding Shotgun” e o solo destruidor de Dimebag Darrell, além dos singles “Nothing”, com sua levada alternativa e claro, “Fueled”, a canção que realmente carrega o álbum nas costas. Ambos os singles ganharam videoclipes promocionais, mas “Fueled” certamente é a composição do disco que foi mais bem aceita pelo público, tanto que é a única que continuou sendo executada em turnês posteriores, o que é muito bom, pois a canção é realmente poderosa e muito boa. As demais composições do álbum, por outro lado, são prejudicadas por não terem grandes atrativos. Exemplificando, a última faixa, “Bare”, é uma semi-balada que até tem seus momentos, mas no geral é uma tentativa frustrada de levar o Anthrax ao território das bandas de Rock Alternativo, enquanto as outras canções apresentam um ou outro elemento interessante, mas jamais conseguem brilhar por completo.
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De modo geral, é um disco recomendado aos fãs mais “die hard” do grupo, mais especificamente fãs da fase com John Bush nos vocais – que por sinal, é um vocalista excepcional – e que também tenham a mente e os ouvidos abertos, porque a sonoridade apresentada no disco sequer lembra os velhos tempos da banda. Contudo, “Stomp 442” não é um registro completamente ruim. Apenas é um trabalho muito aquém do que o Anthrax pode oferecer. Levando em consideração todo o período conturbado pelo qual a banda estava passando, não apenas pelas perdas de integrantes, como também pelo fraquíssimo apoio ao Metal nos anos noventa, é possível compreender o porquê de o álbum ser tão pouco inspirado.
Formação:
John Bush (vocais);
Scott Ian (guitarra);
Frank Bello (baixo);
Charlie Benante (bateria e guitarra).
Participações especiais:
Paul Crook (guitarra nas faixas 1, 4, 6 e 9);
Dimebag Darrell (guitarra nas faixas 3 e 4);
Mike Tempesta (guitarra na faixa 8).
Faixas:
01 – Random Acts of Senseless Violence
02 – Fueled
03 – King Size
04 – Riding Shotgun
05 – Perpetual Motion
06 – In A Zone
07 – Nothing
08 – American Pompeii
09 – Drop The Ball
10 – Tester
11 – Bare