Apesar da carreira cheia de altos e baixos do Annihilator, com inclusão de elementos nem sempre bem aceitos e mais trocas de formação do que o Iced Earth e Megadeth juntos, não podemos negar que o esforço de seu mentor, Jeff Waters, em levar o nome da marca sempre adiante é digno e bem sucedido.

O trabalho duro de Waters, guitarrista e eventual vocalista, vem desde os primórdios do Annihilator, onde o mesmo não raro já chegara a gravar diversos dos instrumentos em estúdio, pela falta de membros na banda. São muitos os fatos e detalhes que rendem análises e especulações a respeito da carreira de Jeff e do Annihilator, mas no momento vamos focar nos detalhes que aqui importam, que são os detalhes musicais do tão criticado disco “Metal”, lançado em 2007 pela SPV e produzido pelo próprio Jeff, contando ainda com a participação de músicos especiais em cada faixa.

 

Jeff Waters: guitarrista e vocalista fundador da banda.

 

Como conjunto geral do disco, temos 3 músicos exímios e um total de 11 faixas – contando uma bônus – que quando não estão ao menos na média, estão acima dela. É claro que, com o direito do spoiler, “Couple Suicide” não merece tais elogios, mas o restante do álbum sim. Guitarras pesadas e a excelentes linhas de bateria carregam o álbum entre linhas vocais que variam entre “razoável” a “muito bom”. Confira a seguir os detalhes de cada faixa do álbum:

 

 

1. “Clown Parade”: A faixa que inicia o disco traz uma ótima impressão. Seus riffs carregam a assinatura mais moderna do Annihilator, com palhetadas maduras e bem trabalhadas, além de bateria veloz e precisa. O baixo está bem destacado e os vocais graves de Padden soam mornos, mas não ruins. Apenas os efeitos aplicados em sua voz que realmente desagradam pra valer.

2. “Couple Suicide”: Essa inicia-se em um groove, mas logo segue para um ritmo agitadinho de balada adolescente ao estilo bandas de Pop/Rock americano. O estrago é tão grande que acredito que daqui provém 90% das reclamações a respeito do álbum. Nem mesmo o aspecto mais sombrio de alguns arranjos, do breakdown e do vocal gutural de Angela Gossow (Arch Enemy) em certos andamentos  conseguem salvar o restante desta faixa.

3. “Army of One”: Uma faixa que claramente começa com uma baita cara de descartável mas se salva pelas guitarras absurdamente pesadas, riffs bem explorados e vocais executados em diversos estilos. Ponto também para o solo com feeling e pegada na medida que o thrash pede.

4. “Downright Dominate”: Tudo começa bonito com riffs que seguem uma linha muita próxima a Exodus. A banda apresenta guitarras bem trabalhadas como sempre e variações de tempo que fazem a música crescer para apresentar maior peso e violência.

5. “Smothered”: Nesta faixa, temos um pouco mais do mesmo. Guitarras pesadas, conjunto preciso e linhas vocais alternando entre frases leves e encorpadas. O desenvolvimento ganha um groove e um bom solo. Nada excelente, mas equilibrada.

6. “Operation Annihilation” : Com uma pegada totalmente mais groovada, esse som passa longe do thrash metal tradicional. Mas com timbres pesados e vocais bem encaixados na proprosta da música, dá pra banguear a cabeça com prazer aqui. É a unica faixa do álbum cantada por Waters. Tem potencial e lembra um pouco Metallica, num misto de St. Anger e Death Magnetic/Hardwired.

7. “Haunted”: Agora sim. Engatou! Com precisão e velocidade vemos o bom e ve… digo, novo Annihilator mandando ver em uma faixa de peso e carisma. Padden mostra uma excelente performance vocal com seu estilo mais reto e grave – dessa vez, sem desnecessárias adições de efeitos. A música ainda se destaca ao adicionar um sentimento nostálgico com as melodias progressivas executadas no dedilhado ao final, remetendo aos tempos dos primeiros álbuns e do glorioso “Alice in Hell”. No mais, a faixa é bem longa e oferece um arsenal de riffs, solos e andamentos.

 

Dave Padden, vocalista e guitarrista, que esteve presente nos álbuns “All For You” (2004), “Metal” (2007) e “Feast” (2013).

 

8. “Kicked”: Começa diferente, mais calma, parecendo que levará à uma balada ou pelo menos algo mais leve, mas logo você vê que toda essa intro é perda de tempo. Poderiam pelo menos ter ido direto para a pauleira que se segue ou terem colocado uma intro melhor composta, talvez na pegada do que acontece entre Post Morten e Raining Blood, do Slayer, já que a intenção dos versos parece similar. Mas enfim, já não bastasse a longa intro, o refrão deixa tudo “pula pula” demais. Poderiam ter mantido o peso e a pressão.

9. “Detonation”: Bang your fucking heads, madafocas! A faixa começa com um curto solo de bateria de Mike Mangini até se desenvolver com um badass riff inicial e linha vocal que são cópias de Children of the Grave do Black Sabbath… digo, que são apenas o começo de uma pauleira pesada com todo mundo gritando “Detonation” de maneira viril e máscula.

 

Mike Mangini, em foto tirada em 2011, em show com o Dream Theater em Moscow. Pelo Annihilator, o músico gravou “Set the World on Fire” (1993), “All For You” (2004) e “Metal” (2007).

 

10. “Chasing the High”: a faixa final da versão normal do disco é não só veloz, como também demonstra o porquê de hoje Mike Mangini estar no Dream Theater, Jeff Watters ser considerado um dos melhores riff makers do thrash metal e de David Padden estar entre minhas vozes favoritas do estilo. Para finalizar o disco do qual os haters gostam tanto de fazer – mimimi – críticas, a faixa mescla velocidade, fúria e peso absurdo com detalhes dignos da banda que é o Annihilator. Harmonias de guitarras se fazem presentes fazendo menção direta ao “Alice in Hell”. Em seu desenvolvimento, a música ainda pega lá para o final um ar mais “baladinha”, sinalizando que vai fechar tudo com chave de ouro. Mas é aí que você se engana, pois os caras voltam a descer a lenha. Os momentos finais do disco trazem guitarras e bateria não apenas próximas às linhas velozes e esmagadoras do disco “Master of Puppets” do Metallica, como nas faixas “Damage Inc”, “Battery” e a homônima, mas mostra um dos melhores momentos da própria carreira do Annihillator, musicalmente falando.

11. Heavy Metal Maniac (faixa bônus – Exciter cover): Um excelente cover. Não deixa nada a dever e cumpre em passar toda a adrenalina e eletricidade que possuem os riffs da banda também canadense de Speed Metal.

 

Waters e Padden durante show em Oslo, Noruega (2007).

 

Certamente o Annihilator é uma banda que merece muita atenção. Jeff Waters tem dado duro para manter seu projeto pessoal/banda (leia como quiser) vivo e ativo apesar das dificuldades no caminho. Com uma discografia extensa, imagem consagrada e sonoridade já desenvolvida, a banda não é mais sombra de ninguém no metal mundial. A mesma carrega sua imagem entre os grandes e vem lançando materiais sólidos, além de ter marcado o mundo com seus álbuns de estreia.

Por fim, fique por dentro das nossas notícias e reviews sobre a banda, pois o Jeff “Annihilator” Waters ainda tem muitos riffs pra queimar e tenha certeza que nós estaremos aqui para ouví-los e opinarmos a respeito!

 

Formação:

Jeff Waters — Guitarra, Baixo, Vocal principal em “Operation Annihilation”;
Dave Padden — Vocal, Guitarra;
Mike Mangini — Bateria.

 

Waters e Padden: uma das melhores combinações da banda, durante o Wacken de 2013.

 

Tracklist:

01. “Clown Parade” – 5:14 (com Jeff Loomis)
02. “Couple Suicide” – 3:54 (com Danko Jones e Angela Gossow)
03. “Army of One” – 6:01 (com Steve “Lips” Kudlow)
04. “Downright Dominate” – 5:13 (com Alexi Laiho)
05. “Smothered” – 5:09 (com Anders Björler)
06. “Operation Annihilation” – 5:16 (com Michael Amott)
07. “Haunted” – 8:05 (com Jesper Strömblad)
08. “Kicked” – 5:56 (com Corey Beaulieu)
09. “Detonation” – 3:54 (com Jacob Lynam)
10. “Chasing the High” – 6:16 (com Willie Adler)
11. “Heavy Metal Maniac” – 3:53 (com Dan Beehler e Allan James Johnson) (faixa bônus japonesa; cover de Exciter)