Roadie Metal Cronologia: Alice In Chains – Alice In Chains (1995)

O auto-intitulado terceiro disco do Alice In Chains, prossegue a trajetória de uma das melhores bandas reveladas na América da década de noventa, dentro da seara do Stoner Rock e, também, do Doom Metal. Não vou usar aqui aquela palavra, começada com “G”, para definir o estilo do grupo, pois acho que ela sempre soa redundante e delimitadora de interpretação, mas quem se sentir mais confortável com a expressão, fique à vontade.

Vindos de uma sequência arrebatadora de lançamentos, com o álbum “Dirt” superando a excelente estreia “Facelift”, e preenchendo os intervalos com EPs inspirados como “Sap” e “Jar Of Flies”, o terceiro trabalho, cujo número transparece na capa de forma no mínimo peculiar, não surgiu através de um processo gestativo natural. Foi necessário recorrer ao forceps…

Os problemas de Layne Staley com a heroína impactaram a carreira da banda, antes, durante e após a gravação do disco. Dentro dessas condições, pode ser constatado que a qualidade do produto final não foi tão afetada pelas circunstâncias. Sim, esse é um disco com inspiração inferior ao material que lhe precede, mas tirando alguns momentos dispensáveis, ele resiste ao teste do tempo. Não poderia haver uma demonstração melhor de que as coisas não estavam funcionando bem do que o fato da primeira música, “Grind”, ter o vocal principal feito pelo guitarrista Jerry Cantrell. Sua voz sempre esteve presente nas músicas da banda, em duetos ou em backing vocals, mas até então, em nenhum álbum, ele não tinha assumido a linha de frente dessa forma. Ninguém duvidaria, porém, de que não o faria com competência e, de fato, “Grind” é uma excelente faixa, com a típica característica melódica do Alice In Chains, movendo-se como uma espiral por cima de um ritmo que se impulsiona de forma quase mecânica para adiante, cortesia do estreante baixista Mike Inez e do veterano baterista Sean Kinney. Layne surge fazendo as harmonias em conjunção com Jerry.

“Brush Away” e “Sludge Factory” prosseguem com a mesma pegada e, na sequência, vem a faixa “Heaven Beside You”, também cantada por Cantrell e que foi um dos principais singles desse disco. Ao chegar nesse ponto, já temos mais parâmetros para confirmar o que já tinhamos dito acima sobre a comparação desse trabalho com o restante da discografia, pois uma música mediana como “Heaven Beside You”, lançada como single, não tem força na comparação com singles anteriores como “Man In The Box”, “We Die Young”, “Angry Chair” e “Them Bones”. “Head Creeps”, composta por Staley, só não passa mais despercebida porque o desnecessário e irritante efeito utilizado na voz não permite, mas não faria falta caso fosse retirada do disco.

Felizmente, “Again” é o oposto de sua antecessora e torna a elevar o disco, seguida pela agridoce “Shame On You”. No padrão de altos e baixos que esse disco parece seguir, necessitaremos passar por mais uma trinca de canções que não acrescentam muito ao mesmo para podermos chegar em bons momentos como “Frogs”, uma peça lúgubre e lamacenta, e a última faixa, “Over Now”, fechando da forma que começou, com o vocal de Cantrell à frente.

No saldo final, das doze músicas, o disco sobreviveria melhor com sete ou oito. A qualidade dessas, porém, era suficiente para que a banda continuasse no jogo, embora os próximos lances estivessem longe de ser o que todos desejavam, pois Layne só viria a gravar o “Unplugged” antes de se soltar das correntes que o mantinham nesse plano. O disco poderia ser melhor? Poderia, mas apesar de seus defeitos, ele permanece como um epitáfio digno.

 

Formação

Layne Staley – vocal

Jerry Cantrell – guitarra, vocal em “Grind”, “Heaven Beside You” and “Over Now”

Sean Kinney – bateria

Mike Inez – baixo

Músicas

  1. Grind
  2. Brush Away
  3. Sludge Factory
  4. Heaven Beside You
  5. Head Creeps
  6. Again
  7. Shame in You
  8. God Am
  9. So Close
  10. Nothin’ Song
  11. Frogs
  12. Over Now
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