Não é mentira que o estado do Oregon/EUA possui diversos atrativos naturais e belíssimas paisagens, bem como por ter sido o lar do Agalloch. De sonoridade complexa e unida por diferentes elementos, a banda deixou sua marca na música pesada ao longo de cinco full length e demais materiais lançados entre 1997 e 2014.
O segundo trabalho oficial, ‘The Mantle’ saiu em agosto de 2002 pela The End Records e com quase setenta minutos de algo atmosférico, profundo e misterioso. Com apenas três integrantes e mais um punhado de convidados, o disco não é de pronta assimilação, especialmente para aqueles que não têm o hábito de se aventurar por essas sonoridades – que aqui oscila entre detalhes de Atmospheric, Doom, Black Metal, Post-Metal/Rock e, muito provavelmente, Progressivo.
A instrumental “Celebration for the Death of Man…” é conduzida quase que inteiramente por arranjos de violão e sons instrumentais ambientes, mas logo de cara já peca pela falta de criatividade, já que são quase dois minutos e meio de repetição. Como é apenas uma intro, a intenção é dar um desconto… Porém os 14 minutos de ritmo cadenciado em “In the Shadow of Our Pale Companion” não contribuem muito para isso. Mas, justiça seja feita: não fosse por sua extensão de tempo (confesso que não tenho muita paciência para canções longas e nada cativantes), a presença constante de um violão inexpressivo (os dedilhados feitos na guitarra, obtém um resultado bem mais satisfatório) e uma produção que não soube equilibrar as camadas de instrumentos, a faixa tem sim seus momentos bacanas.
“Odal” é outra instrumental (e não é que rimou?), mas que felizmente se apresenta como uma boa composição, mais fluída e que segue uma linha mais Post-Rock. O Metal retorna em “I Am the Wooden Doors”, com interessantes traços de Black e com andamento menos cadenciado do que as anteriores, além de – junto com a anterior – o violão estar soando bem melhor. De fato, a audição que estava ficando preocupante em seus instantes iniciais, começou a soar agradável e prendeu minha atenção. Encerrando as faixas instrumentais, temos “The Lodge”, novamente guiada por violões e alguns efeitos aqui e ali, o que conferiu a ela um clima reflexivo e quase viajante.
“You Were But a Ghost in My Arms“ é outra na ala onde os elementos de Black Metal fazem parte, mantendo o track list bem variado e em alta. Mas é claro, não espere por rajadas de “blast beats” ou aquela rifferama infernal, ok? (não sei, mas talvez uma das influências dos músicos, poderia ter sido facilmente a fase “viking” do Bathory…) Porém, a chave que liga a diversidade é novamente acionada com a equilibrada “The Hawthorne Passage” – a segunda faixa mais extensa do trabalho -, que é basicamente instrumental, não fosse a utilização de diálogos de dois filmes distintos: ‘Det Sjunde Inseglet’, de 1957 e ‘Fando y Lis’, 1968.
A audição que começou complicada, com as duas primeiras faixas, lentamente nos conduz à reta final de uma forma positivamente surpreendente com “…and the Great Cold Death of the Earth” – alternando entre vocais limpos e guturais rasgados, sem contar uma pitada de Progressivo e algo mais épico – e “A Desolation Song” – que esbarrou no Folk, apesar de sua interpretação mais melancólica e serena, fechando perfeitamente ‘The Mantle’.
NOTA: 8,0
Faixas:
01. A Celebration for the Death of Man… (Instrumental)
02. In the Shadow of Our Pale Companion
03. Odal (Instrumental)
04. I Am the Wooden Doors
05. The Lodge (Instrumental)
06. You Were but a Ghost in My Arms
07. The Hawthorne Passage
08. …and the Great Cold Death of the Earth
09. A Desolation Song
Formação:
John Haughm (vocal, guitarra, violão, bateria, percussão, samples, woodchimes, e ebow)
Don Anderson (guitarra, violão e piano)
Jason William Walton (baixo)
Convidados:
Ty Brubaker (contrabaixo – faixas 05 e 08), acordeão (09)
Neta Smollack (samples – 05)
Aaron Sholes (samples – 05)
Danielle Norton (trombone e sintetizador – 07 e 08)
Ronn Chick (teclados (01 e 08), sinos (08) e mandolin (09).