O Agalloch ainda não tinha realizado apresentações ao vivo até o lançamento de seu segundo álbum, “The Mantle”. A experiência em reproduzir no palco a complexidade daquelas canções fez com que o direcionamento do disco seguinte, “Ashes Against The Grain” fosse voltado para um tratamento mais direto sobre as composições, de forma a viabilizar mais plenamente suas execuções.
O líder John Haughm, guitarrista e vocalista, também atribui os resultados do projeto a um interesse renovado que estava tendo pelo Metal na época. De fato, há a proeminência desse estilo, representado por suas vertentes Black, Folk e Post, intercaladas entre si ao longo de todo o trabalho.
“Limbs” abre o álbum com uma progressão de acordes de Post-Metal, até ser intercalada por um trecho que soa entre o etéreo e o sombrio, com a bateria vindo num crescendo que pavimenta o retorno dos riffs e a entrada do vocal, em uma faixa de Black Metal épico, marcada pela poesia da letra.
Essa poesia é uma constante no disco e frequentemente irá se referir aos elementos da natureza: a água, o fogo, as árvores, os pássaros ou a neve caindo em “Falling Snow”, nove minutos com um andamento mais rápido e uma exploração maior da presença dos bumbos. Haughm intercala os vocais tipicamente Black Metal com passagens de voz limpa e as guitarras fazem uma interação harmônica que conduz a música para o seu final.
Então temos um pequeno e desolador interlúdio com “This White Mountain on Which You Will Die”, uma breve passagem antes de “Fire Above, Ice Below”, que inicia bem melódica e evolui para um épico emocional, onde novamente o destaque vai para o trabalho conjunto de Haughm com Don Anderson.
“Not Unlike the Waves” possui riffs mais pesados, necessários para emoldurar as visões mitológicas que narra, e os solos que lhe pontuam são ideias cíclicas que servem à música, reforçando as suas melodias principais, até adentrar na peça em três atos, “Our Fortress is Burning”. Sua primeira parte é instrumental e é marcada por um bom trabalho nas linhas de baixo de Jason William Walton. “Bloodbirds” é o momento intermediário, com passagens equilibradas entre o Progressivo e o Folk, sustentadas pela atuação de Chris Greene nos pratos. Sua letra é a mais agressiva e angustiante do álbum. Ainda sobre as letras, elas geralmente são curtas e surgem para ornamentar apenas parte das composições. O que se percebe é que o Agalloch não tem pressa de introduzi-las. As músicas vão se desenvolvendo de forma gradativa, alternando picos e vales, e a parte cantada costumeiramente aparece perto do final, como se para robustecer um clímax.
A conclusão, com “The Grain”, é um longo trecho sonoro de Drone que, de certa forma, fez-me lembrar os momentos centrais de “A Plague of Lighthouse Keepers” do Van Der Graaf Generator. Esses sons se repetem até o encerramento da audição. Terminado o disco, o que se afere é que, do começo ao fim, ele soa completamente coerente como uma peça una, dividida em pedaços apenas para efeitos de fluidez, da mesma maneira que um livro é dividido em capítulos.
O terceiro álbum do Agalloch é uma bela obra, mas não agradou tanto Haughm, que o considera muito polido e o pior que já fizeram. Os fãs da banda certamente não concordam com essa opinião.
Ashes Against The Grain – Agalloch
Data de Lançamento: 08/08/2006
Gravadora: The End
Tracklist:
01 Limbs
02 Falling Snow
03 This White Mountain on Which You Will Die
04 Fire Above, Ice Below
05 Not Unlike the Waves
06 Our Fortress Is Burning… I
07 Our Fortress Is Burning… II – Bloodbirds
08 Our Fortress Is Burning… III – The Grain
Formação:
John Haughm – vocal, guitarra, bateria em “Not Unlike the Waves” e “Falling Snow”
Don Anderson – guitarra
Jason William Walton – baixo
Chris Greene – bateria
