“Rocks” é o quarto disco do Aerosmith, lançado no ano de 1976, e pode ser considerado como o ápice criativo dessa autêntica instituição do Rock americano. Não seria o ápice comercial da carreira, pois esse foi alcançado apenas em tempos mais recentes, quando foram adotados pela geração MTV, mas em termos artísticos não há outro.
A banda estreou fazendo um certo barulho, chamando atenção logo com a balada “Dream On”, e mais à frente cravou o primeiro grande clássico com o álbum “Toys in the Attic”. “Rocks”, porém, não apenas supera tudo o que já tinha passado, como também nunca foi sobrepujado.
Basta imaginar uma simples situação: Gravadoras adoram fazer coletâneas. É prático e garantido. Você pinça, no meio da discografia do artista, as melhores ou mais relevantes canções e monta um retrato do que é mais significativo em sua obra. No caso de “Rocks”, existe, porém, um fator dificultante no momento de formatar uma coletânea. Não se trata de escolher quais seriam as melhores faixas do disco, e sim decidir qual faixa não entraria! Fazer a exclusão de qualquer uma daquelas canções é uma decisão dificílima, pois todas representam o melhor que o Aerosmith tem para apresentar. “Rocks”, sozinho, já pode ser considerado uma coletânea.
Fora o baterista Joey Kramer, a banda inteira participou do processo de criação, concentrando-se, porém, mais na parceria do cantor Steven Tyler com o guitarrista Joe Perry, e a faixa “Back In The Saddle” é a primeira deles através da qual iniciamos a fruição do álbum. De início insidioso, quase como se fosse a música incidental de uma cena em um filme de suspense, “Back In The Saddle” é uma música bastante forte, perfeita para abrir o disco, sustentada pela linha de baixo de Tom Hamilton, sobre a qual Joe Perry e Brad Whitford podem fazer inserções livres com suas guitarras. De imediato, percebe-se que as comparações do som do Aerosmith com os Rolling Stones são pertinentes, mas que também não é nada tão robusto a ponto de que esse ponto seja levantado com tanta insistência, como se o Aerosmith não tivesse seus próprios méritos e a sua própria assinatura musical, tendo sido, para o bem ou para o mal, uma das pedras fundamentais em que foram erguidos os fundamentos de boa parte do Hard Rock americano, bem como de seus desdobramentos, sendo o Glam Rock ianque um dos mais relevantes.
Mas a influência do Aerosmith não se prende apenas a essas correntes musicais, pois bandas de Thrash Metal como o Testament já prestaram homenagens, como a que foi feita através do cover da pesadona “Nobody’s Fault”, cuja contundência faz contraponto imediato com a melodia da power ballad “Home Tonight”, que com sua doce cadência setentista supera de longe as insossas megaproduções mais recentes da banda na mesma linha.
Se alguém acha que “Rats In The Cellar” bebe da mesma fonte da clássica “Toys In The Attic”, do disco anterior, saiba que não está errado. A faixa foi criada justamente para ser não uma continuidade daquela, mas uma espécie de inversão, de sentido reverso, bem perceptível quando se comparam os títulos de ambas. Essa acaba por ser a única piscadela que a banda irá lhe dar em relação a seu recente passado, pois as demais faixas, das quais temos que destacar “Lick And Promise”, “Combination” e “Sick As A Dog” apontam para a frente e demonstram que esse disco não poderia ter outro título que não fosse esse: “Rocks”. Tão simples, tão óbvio, que fica-se imaginando porque ninguém teve essa ideia antes?
Ouça o disco e encontre a resposta. Está implícita em cada nota, em cada batida, em cada verso carregado de malícia. Apenas o Aerosmith teria autoridade para fazê-lo.
Formação:
Steven Tyler (vocal, gaita e piano);
Joe Perry (guitarra);
Brad Whitford (guitarra);
Tom Hamilton (baixo);
Joey Kramer (bateria).
Faixas:
01 – Back In The Saddle
02 – Last Child
03 – Rats In The Cellar
04 – Combination
05 – Sick As A Dog
06 – Nobody’s Fault
07 – Get the Lead Out
08 – Lick And A Promise
09 – Home Tonight