Depois do advento da internet é muito comum o cidadão tirar um tempo para ouvir a discografia completa de suas bandas preferidas. Comigo não é diferente, mas tenho que confessar que, quando ouvi os álbuns do Aerosmith, não dei a devida atenção ao sexto álbum do quintento de Boston. Só fui ouvir com mais atenção depois que o Gleison Junior me encarregou de assinar a resenha desse trabalho na sessão Roadie Metal Cronologia.
Não bastasse ter sido todo composto num período em que chovia cocaína nos estúdios da banda, o álbum receberia um Disco de Ouro na época do lançamento e um de Plantina muitos anos depois. Isso tudo somado deveria ter chamado mais minha atenção, mas a gente só se apega a esses detalhes quando tem que estudar para poder comentar.
E foi assim que descobri que “Night in the Ruts” é um álbum muito bacana, apesar de uma ou outra faixa descartável, casos de “Chiquitita”, “Three Mile Smile” e “Bone to Bone”. Ainda assim não são daquelas canções que te fazem mudar de estação se ouvidas no rádio.
Recheado com três covers, um exagero em minha modesta opinião, essas são faixas agradáveis de se ouvir. Se bem que a versão para o sucesso dos Yardbirds, “Think about It”, foi salva pelo solo hora inspirado hora experimental de Joe Perry, que deixou a banda ainda no período de gravações cabendo a seu substituto, Jimmy Crespo, apenas o solo em “Reefer Head Woman”, originalmente gravado em 1938 por Jazz Gillum. É um Blues com levada Hard Rock que ficaria igualmente sensacional se gravada por Eric Clapton. A sessão “Tocando o Som Alheio” se encerra com “Remember (Walking in the Sand)” do quarteto vocal feminino The Shangri-Las, gravado originalmente na década de 60. Trata-se de mais uma daquelas baladas que, apesar de não ser composta pela banda, tem a assinatura do Aerosmith.
No meio disso tudo temos um show de Slide Guitar com uma interessante alternância de andamento na faixa “Cheese Cake”.
O álbum abre com um som que tem o DNA “Aerosmithiano” e uma levada contagiante com a sensacional “No Surprize”, a melhor do álbum em minha opinião.
E se “Night in the Ruts” abre com um tapa na cara o mesmo se encerra com um cafuné na cabeça. “Mia”, composição de Steve Tyler em homenagem a sua filha Mia Tyler, é daquelas baladas feitas no piano e que agrada a mulherada.
“Night in the Ruts” é agradável sem ser espetacular. É instável sem ser comprometedor. É simples e direto sem ser óbvio. É exagerado ao ter 33% de músicas não autorais, mas as versões são dignas de aplausos. É um trabalho digno de uma banda atemporal.
Formação:
Steve Tyler (vocal);
Joe Perry (guitarra);
Brad Whitford (guitarra);
Tom Hamilton (baixo);
Joey Kramer (bateria).
Faixas:
01 – No Surprize
02 – Chiquita
03 – Remember (Walking in the Sand)
04 – Cheese Cake
05 – Three Mile Smile
06 – Reefer Head Woman
07 – Bone to Bone (Coney Island White Fish Boy)
08 – Think About It
09 – Mia
