Internacionalmente, “Let There Be Rock” foi o terceiro álbum do AC/DC. A banda dos irmãos Young já dispunha de relativo sucesso pelos EUA e Reino Unido com as versões internacionais dos excelentes “High Voltage” e “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, lançados pela major Atlantic Records. Foi no fechamento dessa trinca que se figurou pela primeira vez o logotipo popular da banda, criado por Gerard Huerta, mas também houveram outros tópicos definitivos para um reconhecimento maior do quinteto australiano.
Apesar de o último disco ter rendido seis platinados, a gravadora americana resolveu não apostar no próximo lançamento, pois torceu o nariz para a produção apresentada. Convicta, a banda retorna ao seu país e inicia o processo daquele que seria um trabalho mais distanciado das influências Hard Rock/Glam que nortearam o grupo nos primeiros LPs. “Malcolm e eu combinamos em fazer muitas guitarras nesse álbum, e foi o que aconteceu”, relembra Angus Young na série Behind The Music da VH1 no ano de 2000.
“L.T.B.R.” foi lançado a 21 de março de 1977 pela australiana Albert Productions, dois meses depois a Atlantic volta atrás e faz seu lançamento internacional. “‘Let There Be Rock’ foi o primeiro álbum do AC/DC totalmente arredondado. Com ele a banda finalmente se encontrou”, disse Clinton Walker em seu livro “Highway To Hell: The Life and Times of AC/DC Bon Scott Legend”.
Assim como nos anteriores, o álbum foi produzido por Harry Vanda e George Young (irmão da dupla Angus e Malcolm Young), que levaram apenas duas semanas para a sua conclusão. O resultado mostrava um AC/DC mais agressivo e técnico com solos mais expressivos. O empenho dos músicos foi tal que um dos amplificadores não suportou tanta energia, explodindo em plena sessão de gravação. “Quando Angus gravava o solo da faixa título, seu amplificador começou a esfumaçar, não demorou muito até o estúdio inteiro ficar coberto por faíscas e fumaça”, conta Walker em seu livro. Angus Young também comentou o fato em uma entrevista cedida à revista Guitar World em 1991, “O álbum em que nós fizemos mais coisas com guitarras foi provavelmente ‘Let There Be Rock’. Há muitos solos e muitas paradas. Lembro-me de meu irmão, George, dizendo no estúdio, ‘Vamos Angus, vamos obter algo diferente aqui…’, no último ‘take’ me lembro do amplificador explodindo no final, eu gritei, ‘O amplificador estourou!’, mas George dizia, ‘Continue tocando, continue!'”.
As músicas “Let There Be Rock” e “Whole Lotta Rosie” se tornaram hinos absolutos e até hoje embala os shows da banda com forte empolgação do público. A canção que dá nome ao disco, que conta a história do Rock ‘n’ Roll, seguiu o estereótipo da na música “Roll Over Beethoven” de Chuck Berry, já “Whole Lotta Rosie” saiu de uma experiência sexual vivida por Bon Scott. “Estávamos na Tasmânia (AUS) e depois do show Bon Scott disse que iria a alguns bares. Ele disse que desceu a rua quando ouviu um grito, ‘ei, Bon!’, ele olhou e viu aquele pedaço de mulher. Era Rosie e uma amiga dela. Eles foram tomar alguns drinks e Rosie disse a ele: ‘Já transei com 28 famosos este mês!’ Na manhã seguinte ele acordou detonado, abriu os olhos e ouviu Rosie comentando com sua amiga: ’29!’. Poucas pessoas escreveriam uma canção sobre uma grande garota gorda, mas Bon disse que valeu muito a pena”, relata Angus.
Após o lançamento, o baixista Mark Evans sai da banda devido a inúmeras diferenças musicais com Angus, em seu lugar, entra o ex-Home Cliff Williams, que faz sua primeira aparição no videoclipe oficial de “Let There Be Rock”, disponibilizado em julho de 1977, filmado em uma igreja. Além do single e vídeo da faixa título, “Dog Eat Dog” também serviu para promover o álbum pela Austrália.
Naquela época, as gravadoras exerciam grande poder sobre os artistas e, no princípio, o AC/DC foi refém das decisões da Atlantic para lançamentos de suas obras, em “L.T.B.R.”, a prova está na retirada da música “Crabsody In Blue” que foi substituída por uma versão encurtada de “Problem Child”, lançada originalmente em “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”.
“L.T.B.R.” foi sucesso de crítica e foi tido por alguns veículos como uma nova orientação para o Rock, como afirma o site Amazon.com: “Uma ruptura iniciada com novas abordagens, uma nova visão de composição focada naquilo que a banda, com o tempo, aperfeiçoou”. Eduardo Rivadavia da Allmusic declarou que “‘Let There Be Rock’ é um verdadeiro evangelho para a glória do Rock”. As certificações não poderiam ser melhores com cinco discos de platina na Austrália, dois platinados nos EUA e ouro na França, Alemanha e Reino Unido.
Faixas:
01 – Go Down
02 – Dog Eat Dog
03 – Let There Be Rock
04 – Bad Boy Boogie
05 – Overdose
06 – Crabsody In Blue (apenas na versão original e LP internacional)
07 – Problem Child (apenas na versão internacional)
08 – Hell Ain’t A Bad Place To Be
09 – Whole Lotta Rosie
Formação:
Bon Scott (vocal);
Angus Young (guitarra solo);
Malcolm Young (guitarra base, backing vocal);
Mark Evans (baixo, backing vocal);
Phil Rudd (bateria).