Em janeiro de 1976, o AC/DC começava a gravar o seu segundo álbum de estúdio. Embora tenha lançado a versão internacional de “High Voltage” naquele mesmo ano, a banda já contava com a versão australiana do trabalho na discografia, que chegou às prateleiras do país no ano anterior.

Para gravar “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, o AC/DC foi para o Albert Studios com Harry Vanda e George Young assumindo a produção. George é um dos irmãos mais velhos dos guitarristas Malcolm e Angus Young. A versão australiana do disco foi lançada em 1976, com um tracklist diferente da edição internacional, que só estaria disponível em 1981. As faixas “Jailbreak”, que só foi lançada para o mundo no EP “74 Jailbreak” em 1984, e “R.I.P. (Rock In Peace)” foram substituídas no relançamento por “Love At First Feel” e “Rocker”. Esta última já estava presente em “T.N.T.”, o segundo álbum de estúdio, lançado somente na Austrália, mas com praticamente as mesmas músicas da segunda versão de “High Voltage” (a primeira saiu em 1975 apenas na Oceania), que é o primeiro trabalho internacional da banda.

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Capa da versão australiana, de 1976

A chegada de “Dirty Deeds…” ao mercado local em 1976 veio acompanhada de uma turnê em abril no Reino Unido, onde “It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)” havia sido lançado como um single. Ainda na terra da Rainha, o AC/DC, junto com os produtores de “Dirty Deeds…” se reuniram no Vineland Studios para gravar um EP, que acabou sendo descartado. A música “Love At First Feel” foi reaproveitada para a versão internacional do álbum. Outros materiais foram refeitos para trabalhos posteriores e algumas músicas nem chegaram a ser lançadas. Uma música chamada “I’m A Rebel” foi gravada no Maschener Studios. Com composição dos irmãos Young, junto com outro dos irmãos mais velhos, Alex Young. A faixa nunca foi lançada pelo AC/DC. O Accept gravou uma versão e a lançou no ano de 1980 em um single, além de ser o nome do segundo disco do grupo alemão. Em setembro foi liberada a versão internacional de “High Voltage” nos Estados Unidos, mas a banda teve problemas com o visto dos integrantes e um desinteresse da Atlantic Records no país e precisou voltar para a Austrália para gravar “Let There Be Rock”.

A faixa de abertura é um clássico que dá nome ao álbum. “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” começa com a guitarra característica de Angus Young e em seguida entra o vocal de Bon Scott. A música vai crescendo até o refrão, um dos mais famosos do AC/DC. Além dele, a faixa tem um belo solo de guitarra de Angus Young.

A próxima é “Love At First Feel”, que mantém a pegada da anterior, com um Rock ‘n’ Roll (que, para mim é o rótulo que mais se adequa ao som da banda) bem ao estilo AC/DC. Porém o refrão não tem a mesma força, mas a música compensa com outro grande solo de Angus Young. A bateria de Phil Rudd funciona de forma eficiente, assim como o baixo, tocado por Mark Evans.

Em seguida temos “Big Balls”. As guitarras, tanto a base, de Malcolm Young, quanto a solo, trazem um andamento mais arrastado. A faixa quebra o ritmo das anteriores, chegando a ser um pouco entediante em alguns momentos. Os backing vocals, que também são uma característica bem marcante da banda ao longo da discografia, também estão por aqui.

Quando “Big Balls” está no fim, já emenda com a alucinada “Rocker”, que muda totalmente o ritmo, ficando extremamente acelerada. Se o AC/DC fez isso com essa pretensão, definitivamente estão de parabéns pela sacada. A característica mais marcante de “Rocker” são as guitarras descontroladas, junto com o vocal de Bon Scott.

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Depois da injeção de ânimo da faixa anterior, o álbum retoma o rumo com “Problem Child”. Angus Young segue nos brindando com o seu talento único na guitarra, inclusive com mais um dos seus melhores solos. O estilo bem próprio do AC/DC segue intocável ao longo do álbum e este é um de seus maiores momentos, sem dúvida.

“There’s Gonna Be Some Rockin’” é mais lenta, com a voz de Bon Scott ganhando mais destaque. O refrão é interessante, mas talvez não um dos mais grudentos do disco, o que não desmerece o trabalho da banda em “Dirty Deeds…” de uma forma geral.

Mantendo a pegada da anterior, “Ain’t No Fun (Waiting ‘Round To Be A Millionaire)” lembra imediatamente “It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)”, do álbum de estreia da banda, “High Voltage” (1975). As duas têm um ritmo bem parecido em alguns trechos e é bem difícil ouvir uma sem lembrar da outra, principalmente por causa da guitarra de Angus Young. “Ain’t No Fun…” não chega a ser uma das melhores do álbum, mas tem alguns bons momentos.

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“Ride On” começa bem lenta, com a bateria de Phil Rudd, o baixo de Mark Evans e a voz de Bon Scott. De longe é a faixa mais deslocada do disco. “Ride On” é mais para encher linguiça, mesmo com bons solos. A faixa ameaça emplacar em alguns trechos, mas tem várias quebras de ritmo. Resumindo, “Ride On” é uma faixa desnecessária que está ali para preencher espaço.

“Squealer” começa retomando o estilo mais Rock ‘n’ Roll. Em seguida o ritmo quebra, porém a faixa cresce ao longo da audição, tendo como destaques a guitarra de Angus e o baixo de Mark Evans. A última faixa de “Dirty Deeds…” melhora perto do fim e muito se deve ao solo de Angus Young, que encerra o álbum como se deve.

“Dirty Deeds…” no geral é um bom trabalho, com alguns deslizes, mas que foi o começo da popularização do AC/DC. O disco é perfeito para quem gosta do Rock ‘n’ Roll sem firulas, direto ao ponto.

Faixas:
01 – Dirty Deeds Done Dirt Cheap
02 – Love At First Feel
03 – Big Balls
04 – Rocker
05 – Problem Child
06 – There’s Gonna Be Some Rockin’
07 – Ain’t No Fun (Waiting ‘Round To Be A Millionaire)
08 – Ride On
09 – Squealer

Formação:
Bon Scott (vocal);
Angus Young (guitarra solo);
Malcolm Young (guitarra base e backing vocal);
Mark Evans (baixo e backing vocal);
Phil Rudd (bateria).

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