Se um dia me perguntarem um álbum que defina o espírito do Metal nos anos 80, não terei nenhuma dúvida ao responder: Balls to the Wall. Lançado em 5 de Dezembro de 1983, o 5º álbum de estúdio do Accept consegue a façanha de ser seu melhor trabalho, e olha que ele é antecedido na discografia dos alemães por nada menos que Restless and Wild (82) e teve como sucessor o não menos clássico Metal Heart (85). Mas o que faz de Balls to the Wall um trabalho tão importante?
Esqueça o rótulo de “versão Metal do AC/DC” atribuída ao Accept por alguns (por mais que sim, a definição caiba ao seu trabalho). A coisa aqui é muito, mas muito mais ampla. O Metal Tradicional apresentado aqui possui uma influência bem evidente de Judas Priest, além claro, de NWOBHM. Além disso, flertes com o Glam podem ser notados aqui e ali, gerando assim uma música pesada, com refrões simples e marcantes, ótimos duetos de guitarra (Wolf Hoffmann e Herman Frank formam uma dupla incrível) e solos de uma elegância ímpar. Além disso, a parte rítmica se destaca, principalmente a figura do baixista Peter Baltes, sendo certamente a grande responsável pelo maior peso aqui constatado. Os vocais inconfundíveis de Udo também são uma característica marcante da música do Accept.
A força de Balls to the Wall se mostra não apenas no poder de verdadeiros hinos do Metal, como a grandiosa e marcante faixa-título, a pesada “London Leatherboys” ou a veloz e agressiva “Losers and Winners”, mas também em músicas como a veloz e enérgica “Fight It Back”, a poderosa “Head over Heels” ou “Turn Me On”, com seu ótimo refrão e um solo primoroso de Wolf. Além disso, pode-se dizer sem medo de errar que ele lançou as bases para o que viria a ser o Power Metal, sendo inegável sua importância para bandas do estilos, tanto em relação a antigos medalhões, quanto a nomes mais atuais. Vários são os momentos aqui que nos recordam de tal fato.
A produção foi outro ponto alto. Produzido pela própria banda, foi gravado e mixado por Michael Wagener (Megadeth, Metallica, Helloween, Ozzy Osbourne) no Dierks Studios. Outro fato que merece ser destacado são as letras, que foram escritas em parceria da banda com Deaffy, ou se preferir, Gaby Hoffmann, esposa de Wolf e manager da banda. O mesmo ocorreu em diversos outros lançamentos posteriores do Accept (ela também foi responsável pelas letras de “Neon Nights” e “Princess of the Dawn” em Restless and Wild), sendo que ela também foi responsável pela concepção da capa de Russian Roulette (86).
Como já dito, Balls to the Wall é um álbum que define bem o que foi o Metal nos anos 80. Cativante, pesado e forte, mostra o Accept em seu auge criativo, podendo ser colocado sem esforço alguns entre os 10 melhores trabalhos do Heavy Metal oitentista. Um clássico mais do que obrigatório.
Formação:
Udo Dirkschneider (vocais);
Wolf Hoffmann (guitarras);
Herman Frank (guitarras);
Peter Baltes (baixo);
Stefan Kaufmann (bateria).
Faixas:
01 – Balls to the Wall
02 – London Leatherboys
03 – Fight It Back
04 – Head over Heels
05 – Losing More than You’ve Ever Had
06 – Love Child
07 – Turn Me On
08 – Losers and Winners
09 – Guardian of the Night
10 – Winter Dreams