O Kataklysm não mediu esforços neste trabalho. O quinto álbum da banda canadense de Death Metal, lançado em 2001 pela Nuclear Blast e contando novamente com os caprichos do guitarrista Jean-François Dagenais na produção, apresenta um trabalho gráfico bem superior aos discos anteriores, com uma ilustração que remete diretamente ao teor das faixas “Era of the Mercyless” e “As the Glorious Weep”, que se complementam em sua narrativa sobre a Roma antiga.
A primeira música “Il Diavolo in Me” surge explosivamente, sem que você tenha muita oportunidade de raciocinar sobre o que está acontecendo. O desempenho do baterista Max Duhamel, um mestre dos blasts beats, é assombroso e se manterá como um destaque ao longo de toda a duração do disco, conforme se confirma na canção seguinte, “Damnation is Here”.
Também é destacável o talento de Maurizio Iacono como letrista, conforme pode ser verificado mais atentamente nas duas já mencionadas canções sobre Roma, bem como na homenagem aos fãs contida no momento de autoafirmação de “What We Endure”. Escrever as próprias letras permite que Maurizio tenha mais liberdade para a alternância de vocais guturais com gritos de Black Metal que marca a sua forma de interpretar. As músicas do Kataklysm permitem essa variedade, pois percorrem equitativamente essas duas abordagens de extremismo. “Shivers of a New World” tem o riff de guitarra introdutório e partes centrais bem afeitas ao Metal Negro, utilizando-se também de momentos de puro peso, com palhetadas arrastadas.
“Epic: The Poetry of War” é um disco de qualidade coesa, sem momentos de baixa qualidade, mas “Manipulators of Souls” surgiu como a melhor faixa, com sua levada de absoluta insanidade e caos sonoro. “Wounds”, que vem logo na sequência, é um pouco – mas só um pouco – contida na utilização da velocidade e permite a variação de climas, com um riff mais sombrio e maligno, permitindo que o baixo de Stéphane Barbe assuma uma posição de mais destaque dentro do arranjo.
A última faixa, “When Time Stands Still” é a mais longa de todas e revela-se como o épico Death Metal que o título do álbum sugere. O lançamento de “Epic: The Poetry of War” coincidiu com o aniversário de dez anos de atividade do Kataklysm e a comemoração não poderia ter sido mais adequada. Originário de um país repleto de bandas diferenciadas e cheias de personalidade, o Kataklysm representa dignamente o Death Metal daquela região e “Epic: The Poetry of War” representa dignamente a fúria do Kataklysm!
Formação
Maurizio Iacono – vocal
Stéphane Barbe – baixo
Jean-François Dagenais – guitarra
Max Duhamel – bateria
Músicas
01 Il Diavolo in Me
02 Damnation Is Here
03 Era of the Mercyless
04 As the Glorious Weep
05 Shivers of a New World
06 Manipulator of Souls
07 Wounds
08 What We Endure
09 When Time Stands Still