Mais um ano está acabando, e podemos dizer que bastantes coisas aconteceram no mundo do rock/metal em 2019. Assim como ocorre todos os anos, perdemos grandes ídolos, bandas se despediram dos palcos, turnês passaram pelo Brasil, algumas conturbadas, tretas aconteceram, e por ai vai.

Certamente, nesse texto tentaremos filtrar os principais acontecimentos que marcaram o estilo esse ano, obviamente não conseguirei falar de todos, mas tentarei ao máximo me focar nos principais destaques.

ÓBITOS

Então, vamos logo começar pela parte chata. Como eu disse anteriormente, grandes ídolos partiram dessa para uma melhor nesse ano de 2019, e como dito anteriormente também, provavelmente não conseguirei falar de todos, por isso, já peço perdão por aqueles nomes que não irão aparecer. Mas vamos para aqueles que sem sombra de dúvidas, são os que mais impactaram os headbangers com sua partida.

ANDRÉ MATOS

É inegável que com certeza, a morte de André Matos foi a morte que mais chocou o mundo do metal em 2019. O vocalista das bandas Angra, Shaman e Viper, nos deixou no dia 08 de junho após sofrer uma parada cardíaca.

A notícia foi ainda mais impactante pelo fato que André tinha feito dois shows com o Shaman no fim de semana anterior a sua morte, sendo um deles abrindo para o Avantasia, banda do seu amigo Tobias Sammet, que foi um dos grandes nomes que lamentou a perda do vocalista publicamente.

Muitas homenagens ocorreram ao redor do Brasil, tanto de músicos renomados quanto de anônimos, e uma delas ocasionou a aprovação em São Paulo do “Dia do Metal”, que passará a ser celebrado no dia da morte de André. Os fãs também fizeram uma campanha para que uma grande homenagem ao vocalista fosse feita no Rock In Rio em substituição ao Megadeth, que havia cancelado a participação no evento por problemas de saúde de Dave Mustaine (falaremos disso com detalhes mais tarde), mas infelizmente esse acabou não acontecendo.

KEITH FLINT

Infelizmente, a depressão tem levado muito dos nossos grandes ídolos, e a vítima mais recente desse mal foi Keith Flint, vocalista do “The Prodigy” O músico foi encontrado morto em sua casa no dia 04 de março.

Segundo os legistas, o cantor teria se enforcado após ter consumido uma grande quantidade de drogas.

GINGER BAKER

Um dos fundadores do Cream ao lado de Eric Clapton, o baterista Ginger Baker faleceu no dia 06 de outubro em Londres. No anúncio oficial, sua família confirmou que o músico estava internado em estado crítico desde o dia 25 de setembro, mas não deu maiores detalhes da causa da morte.

TIMI HANSEN

No dia 04 de novembro, o cantor King Diamond confirmou em suas redes sociais a morte do baixista Timi Hansen, seu ex-companheiro do Mercyful Fate. Segundo a nota divulgada pelo próprio cantor, Hansen batalhava contra um câncer há um bom tempo.

Esses foram alguns dos principais nomes que perdemos, mas para tentar ser o menos injusto possível, mencionarei mais alguns nomes, como Larry Junstrom, baixista e fundador do Lynyrd Skynyrd, Ric Ocasek, vocalista do The Cars, Paul Raymond, guitarrista e tecladista do UFO, Bernie Tomé, ex-guitarrista do Ozzy Osbourne e do Ian Gillan, Dick Dale, e por ai vai (não deixem de mencionar outras nomes que se foram nos comentários).

TURNÊS CONTURBADAS

Assim como todos os anos, inúmeras turnês internacionais passaram pelo Brasil, tendo boa parte sido executadas com extremo sucesso. Mas, posso dizer sem sombra de dúvidas que o número de turnês conturbadas que passaram pelo país esse ano superou as expectativas. Irei agora mencionar algumas delas.

ELUVEITIE

Em fevereiro, a banda suíça de Folk Metal Eluveitie, realizaria uma turnê pelo Brasil, tendo marcado quatro datas, sendo elas em São, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília, onde em todas, a banda brasileira Tuatha de Dannan faria a abertura dos shows.

De início, a data de São Paulo ocorreu “normalmente”, mas quando chegou o dia que seria o show de Belo Horizonte, a banda anunciou que a apresentação estava cancelada por “motivos de força maior”, tendo oferecido como forma de compensação, um translado para os fãs poderem encontra-los e interagirem com eles no hotel.

Como se não bastasse para os fãs o choque desse cancelamento, pouco depois a produtora responsável pela turnê, a EV7 Live, anuncia em suas redes o cancelamento das outras duas datas da turnê, em uma nota onde eles acusam a banda de serem mesquinhos, alegando que eles teriam cancelado o show de BH por motivos fúteis, tendo assim cancelado os outros dois shows por insegurança do grupo acabar tendo uma reação parecida nos mesmos.

Depois, a banda divulgou uma nota em português para os fãs brasileiros se defendendo das acusações da produtora, e alegando que a razão para o cancelamento em BH teria sido descumprimentos de questões contratuais por parte da EV7, se mostrando também surpresos com a decisão por cancelar as datas de Brasília e Curitiba.

E como se tudo já não estivesse confuso o suficiente, aparece a produtora On Stage, que nada tinha a ver com a história, aproveitou a estadia da banda no Rio de Janeiro após toda essa confusão, e fechou com eles um show na cidade (que nem estava no roteiro de início) com apenas 2 dias de antecedência, com ingressos custando apenas 60 reais para todos, dando inclusive entrada livre para aqueles que compraram entradas para as datas canceladas.

Eluveitie após show no Rio de Janeiro

DEAD KENNEDYS

A clássica banda punk americana Dead Kennedys viria fazer quatro shows no Brasil no mês de maio, comemorando os 40 anos do grupo, tendo datas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

Estava tudo indo nos conformes, até ser divulgada a arte de divulgação da turnê brasileira, feita pelo designer Cristiano Suarez, onde há uma clara alfinetada ao atual presidente Jair Bolsonaro e aos seus eleitores, tendo a mesma uma grande repercussão nacional. Até o momento, nada de estranho para os fãs (que aplaudiram, inclusive), que já esperava um posicionamento do tipo do grupo por já conhecerem o perfil ideológico dos mesmos.

MAS… ao verem a repercussão, a própria banda alegou de que não tinham conhecimento de tal arte, e que não haviam autorizado a divulgação da mesma, dizendo não ter conhecimento o suficiente da política no Brasil para opinar, coisa negada pelo Cristiano Suarez, que mostrou um print de um email do próprio guitarrista East Bay Ray aprovando o flyer.

No fim, toda a confusão resultou no cancelamento de toda a turnê, tendo a banda alegado em nota posteriormente deletada que a produtora (que também era a EV7) não tinha sabido lidar bem com a situação, justificando a decisão por questões de segurança.

Mas fato é que com isso, a banda conseguiu queimar a própria imagem perante os fãs brasileiros, que os acusam de terem “amarelado” perante as críticas dos favoráveis ao Governo.

E só pra não esquecer da cereja do bolo, Jello Biafra, ex-vocalista do grupo, que deixou a banda nos anos 80 brigado com os outros integrantes, se pronunciou em nota sobre toda a situação, detonando os ex-companheiros de banda, e elogiando o flyer em questão.

MICHALE GRAVES

Logo no início do ano, Michale Graves, ex-vocalista dos Misfits, tinha anunciado que faria uma turnê na América do Sul tocando os álbuns “American Psycho” e “Famous Monster” (os dois gravados por ele quando estava na banda) na íntegra, tendo até pegado uma briga judicial com sua ex-banda por conta disso.

A tal turnê é anunciada com nada mais, nada menos, do que 12 shows no Brasil, tendo a mesma sido realizada no mês de junho. Tudo ocorria muito bem até o show de São Paulo (que segundo os que foram, foi um show insano), até que no dia seguinte, quando a produtora Venus Concert o aguardava no hotel para seguirem para Limeira, teve-se a notícia de que o cantor teria fugido na calada da noite de volta para os Estados Unidos sem dar satisfação para seu ninguém.

Em conversas privadas divulgadas pela própria produtora, o cantor alegou problemas familiares como motivo da fuga, tendo depois em nota oficial acusado a Venus Concert de ter gerido a turnê de forma confusa, tendo a mesma afetado sua saúde mental.

Vale ressaltar que Graves abandonou a turnê ainda faltando 6 datas para serem cumpridas.

STRYPER, NARNIA E TOURNIQUET, E OUTRAS TURNÊS ENVOLVENDO A EV7

Como vocês já perceberam, as duas primeiras turnês conturbadas citadas nesse texto tiveram o envolvimento da produtora EV7, e infelizmente, essas não foram as únicas.

Outra turnê confusa foi a das bandas Stryper, Narnia e Tourniquet, que de início iria ocorrer com quatro datas, sendo elas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

Até que a EV7, que já estava lidando com os cancelamentos do show da banda Combichrist, em São Paulo, e toda a turnê de Glenn Hughes na América do Sul, anunciou uma redução na turnê, tendo assim cancelado o show de Brasília, e adiantada o de Belo Horizonte. E só para completar, no meio dessa confusão toda, a banda Tourniquet cancelou sua participação na turnê.

E só para fechar a conta da EV7 esse ano, os shows das bandas I Am Morbid e Uriah Heep, o qual a produtora também era responsável, também foram cancelados.

DESPEDIDAS

Em 2019 também tivemos que lidar com algumas turnês de despedidas, sendo a mais impactante delas a da banda americana Slayer, que realizou seu último show da carreira no dia 30 de novembro em Inglewood, na Califórnia, onde a banda fez uma despedida de 10 minutos com o público após o fim da última música.

Apesar de haver indícios de que o Slayer não irá realmente acabar, e que haveriam alguns planos pro futuro, fato é que dificilmente os veremos nos palcos novamente.

https://www.youtube.com/watch?v=1RYAZGJq_O0

Outro grande artista que se despediu dos palcos foi o guitarrista britânico Peter Frampton. Sendo que, mais triste do que sua despedida é sua motivação para a decisão, que é o fato do músico ter sido diagnosticado com miosite autoimune, uma doença degenerativa que não tem cura. Ou seja, isso afetaria sua aptidão para tocar guitarra com o tempo.

O último show de Frampton foi realizado no dia 12 de outubro em Concord, na Califórnia. Agora, o mestre passará o resto dos seus dias cuidando da saúde.

RETORNOS

Em contra ponto, algumas bandas que estavam com as atividades paralisadas decidiram retornar em 2019, tendo a volta do Mötley Crüe sido a que causou mais alvoroço, principalmente porque quando o grupo “encerrou” as atividades em 2015, havia tido um contrato onde os integrantes prometiam nunca mais se reunirem.

Segundo a própria banda, a motivação do retorno repentino foi a boa repercussão do filme “The Dirt”, exibido pela Netflix, onde é contada a história e a trajetória da banda. Segundo a nota do grupo, isso acabou gerando novos fãs do Mötley Crüe os quais nunca tiveram a chance de ver a banda ao vivo, sendo assim, eles queriam dá-los essa chance, tendo assim literalmente explodido o tal contrato.

Outro retorno anunciado esse ano foi o da banda americana Rage Against the Machine, cujas informações ainda estão bastantes vagas. Ao que tudo indica, a banda tem datas confirmadas para março de 2020, sendo entre elas no festival Coachella.

Também se especula que com isso, o supergrupo Prophets of Rage (que junta integrantes do RATM, Cypress Hill e Public Enemy) irá acabar, informação ainda não confirmada oficialmente.

PROBLEMAS DE SAÚDE

Em 2019 alguns grandes músicos precisaram se afastar dos palcos por motivos de saúde (onde podemos incluir Peter Frampton, citado anteriormente). Com certeza, o que causou mais comoção foi o câncer de garganta de Dave Mustaine, vocalista e guitarrista do Megadeth, fazendo com que a banda cancelasse todos os shows do ano, incluindo o que fariam no Rock In Rio.

A boa notícia é que, de acordo com as últimas atualizações, o tratamento tem ocorrido da melhor forma.

Outro que cancelou vários shows esse ano por problemas de saúde foi o nosso “Madman” Ozzy Osbourne, e houve quem apostasse que ele partiria para uma melhor dessa vez.

Mas felizmente, nosso príncipe das trevas está se recuperando, e já remarcou alguns shows cancelados da “No More Tours 2”, que talvez não seja mais a última afinal de contas.

Já aqui no Brasil, outro que teve suas idas e vindas no hospital foi João Gordo, vocalista do Ratos de Porão, tendo sido no total três internações, todas por problemas pulmonares. Mas ao que tudo indica, após a terceira internação, o problema foi 100% sanado.

ROCK IN RIO

E para terminar essa retrospectiva em alto astral, vamos falar do Rock In Rio 2019, cujo dia do metal teve um dos melhores cast de todas as edições. E o mais interessante foi que o dia do metal foi o primeiro a ser fechado, provavelmente como forma de compensar a falta do mesmo no Rock In Rio 2017.

Na noite do dia 04 de outubro, tocaram no Palco Mundo da Cidade do Rock as bandas Sepultura, Helloween (substituindo o Megadeth), Iron Maiden e Scorpions. E o Palco Sunset também não ficou atrás, contando com a Nervosa, o Torture Squad com o Claustrofobia (com Chuck Billy como convidado), Anthrax, e a despedida do Slayer dos palcos brasileiros.

Mas claro que o maior destaque do Rock In Rio 2019, e que comoveu toda a internet, foi o encontro de Júnior Bass Groovador com Jack Black na apresentação do Tenacious D.

Para relembra-los um pouco do caso, tudo começou quando o Jack Black publicou um vídeo de Júnior Groovador (que já fazia vídeos na internet tocando versões forró de banda de rock, dançando enquanto toca baixo) em suas redes sociais, pedindo para que os fãs o colocassem em contato com o baixista.

Então, mais uma vez a internet mostrou sua força, e o encontro do até então anônimo baixista potiguar dançarino, com o grande músico e ator Jack Black, aconteceu em rede nacional, e diante de mais de 100 mil pessoas na cidade do rock.

Bom, esses foram alguns fatos marcantes ocorridos em 2019, infelizmente algumas coisas provavelmente ficaram de fora, mas acho que consegui filtrar o melhor que pude. E claro, não deixem de comentar algum fato relevante que vocês acham que também deveriam está nessa lista.

Muito obrigado e um feliz 2020 para todos.

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