Resenha (Clássicos): Pettalom – The Wine of The Night (2000)

Falando um pouco de Metal nacional, vez ou outra aparecem trabalhos tão marcantes, em que a obra foi tão inspirada e bem acabada que o trabalho acaba se tornando referência e termo de comparação para os que surgem depois. Este foi o caso de “Theater of Fate” do Viper, “Schizophrenia” do Sepultura, “Inri” do Sarcófago, e tantos outros clássicos do Metal tupiniquim.

Neste mesmo conceito de importância se enquadra sem dúvidas o excelente “Wine of The Night” da banda Pettalom, um dos álbuns mais injustiçados da história do Heavy Metal brasileiro. Esta pequena obra prima impressionou pela qualidade, sonoridade e originalidade. O Petallom era essencialmente uma banda de Gothic/Symphonic Metal, mas não tenha em mente os lugares comuns dos gêneros. Só para se situar, nesta época bandas como Nightwish, Type O Negative, My Dying Bride estavam estourando para o mundo.

Pettalom

O Pettalomentão surgido na pequena Tatuí, lançou a demo “The Wine of The Night… and The Promisse of The Sun”, chamando a atenção de toda a mídia especializada pela tamanha qualidade daquele trabalho. Toda essa atenção encorajou a banda então a polir suas composições para o que viria a se tornar seu álbum de estreia “Wine of The Night”, lançado em 2000, que impressionou público e crítica. Toda aquela riqueza musical capitaneada pelos vocais de Marcos Riva e Katia Santana era irretocável! Enquanto Marcos pontuava com uma voz com um toque de Andrew Eldritch (Sisters of Mercy), Katia brilhava com suas características operísticas fazendo a música do Pettalom ganhar uma textura própria, acompanhados de músicos acima da média.

Não seria exagero dizer que “Irate Lizard” e “Felling Buried Alive” estejam entre as mais belas canções escritas no Metal brasileiro – esta segunda num perfeito amalgama de partes sinfônicas, acústicas e peso sem eu final com uma linda citação na língua portuguesa, irretocável!

“Sons of Light” é uma canção épica num impressionante duelo entre os vocalistas e as guitarras em suas mudanças de andamento. “Berenice” já toma o ouvinte por sua dramaticidade em sua estrutura com sendo uma Ópera/Metal, num dos melhores duelos vocais já ouvidos por este escriba. “Serenade To A Sleep Fairy” é uma pequena obra-prima escrita a piano onde Katia mostra toda a magia de sua voz, indicando por que foi uma das melhores vocalistas que já passaram em nosso Metal.

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Com certeza, a força do álbum também estava em apresentar um trabalho equilibrado de canções que traziam uma harmonia entre si. A musicalidade do trabalho impressiona por conter diversas passagens que grudam na mente e atraem pela riqueza de seus momentos acústicos e épicos.

Por todas estas qualidades não é de se estranhar que o álbum tivesse sido reverenciado em todas as mídias onde foi divulgado; mas infelizmente nem tudo são flores e uma estratégia de divulgação tímida por parte da gravadora e a quebra interna entre os músicos da banda fez com que poucos shows de turnê fossem feitos. Quando o segundo álbum “Ancient Sacraments” saiu, já não chamou a atenção e não possuía a formação brilhante nem a qualidades das canções do Pettalom anterior. A banda acabou se desfazendo pouco depois. O vocalista Marcos Riva tem tentado levar seu projeto atual Pethallian ao sucesso.

Fica o registro deste que ainda é, sem dúvidas, um trabalho que marcou o Metal nacional e influenciou muitos músicos posteriormente. Não por acaso a banda é citada por diversas outras de fora do país como uma influência até hoje.

Formação em “The Wine of The Night”:
Kátia Santana (vocal);
Marcos Riva (vocal);
Fernando de Almeida (guitarra);
Allan de Augustinis (guitarra e violão);
Erick André (baixo);
Celso Veagnoli (teclados e flautas).

Robson Rocha (violinos em “Beyond The Castle’s Door” e “Ashes Garden”).

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