Aqui no Resenhando você fica por dentro de resenhas feita de diversos álbuns que foram lançados no mundo do Rock. Para a sequência da série, vou analisar o EP (a)morfina (2018) da banda de Rock and Roll/Rock Alternativo chamada Móbile Drink.
Móbile Drink é uma banda de Rock and Roll formada no Rio de Janeiro – RJ em 2004. Dentre os trabalhos que a banda já lançou está o EP (a)morfina (2018), trabalho que conta com quatro faixas autorais da banda.
A banda já passou por outras formações e já apresentou outras propostas de sonoridade anteriormente, mas com o tempo, a banda foi tomando forma mais madura, atingindo um trabalho mais coeso e com letras mais bem elaboradas. Atingiram este nível no EP (a)morfina (2018), depois de 14 anos de estrada (com um hiato de 4 anos no meio tempo).
Apesar de ser um EP curto, é um ótimo trabalho que consegue misturar muito bem a sonoridade do Rock and Roll com o Rock Alternativo, sendo intenso, pesado, com boas criações e com aquela pegada de Rock de Garagem trazendo agressividade em suas faixas.
As quatro faixas têm uma temática em comum, porém são divididas em dois grupos com visões diferentes: as duas primeiras relatam o fim de um relacionamento, o fim de um ciclo e apresentam o que acontece depois deste fim; as duas últimas já apresentam um recomeço, um novo amor e uma nova história.
A formação da banda no EP (a)morfina (2018) contou com Ronan Valadão nos vocais, Pablo Rodrigues na guitarra, Felipe Rodrigues no baixo e Bruno Valadão na bateria
O EP já começa com a agressiva Acabou que chega com tudo, mostrando a proposta de sonoridade da banda já no início da música. Com um som agressivo, intenso, com linhas de bateria muito bem elaboradas, cheias de intensidades e ataques, a faixa é um bom cartão de visitas para o trabalho geral da banda.
A letra desta primeira faixa fala sobre um relacionamento que acabou e todo o tempo em vão que acabou sendo investido na relação. De uma forma direta, o eu lírico apresenta que tudo tem um fim e que aquele momento era o fim para os dois. A relação já estava desgastada para ambas as partes e o melhor era o fim de uma vez.
O riff de guitarra que leva a maior parte da música é bem criativo, permitindo que a voz conseguisse colocar sua presença com drive e casar muito bem com a proposta da música.
O fim relatado na música não é angustiante e melancólico como costuma ser relatado em outras músicas, mas sim cheio de raiva, de intensidade, de ânimo para poder recomeçar.
Seguindo por uma temática parecida, a faixa O Amor é uma Coisa Louca chega para complementar o que a anterior trouxe de introdução. Aqui já não há tanta raiva e angústia, apenas uma constatação de que depois do fim vem o começo de uma nova vida.
A letra fala sobre como uma pessoa, após ceder muito por um relacionamento, resolve voltar a viver e aproveitar sua liberdade. A sensação de poder fazer o que quiser e na hora que quiser: este grito de liberdade é contagiante.
Mais uma vez, a bateria apresenta quebras de tempo e ataques que surpreendem, sendo o maior destaque para a música. O baixo tem papel muito importante também, fazendo uma ótima base e permitindo que com apenas uma guitarra o som seja bem preenchido. Os drives da voz bem utilizados apresentam a real sensação do que a música tem a dizer.
A terceira faixa é Quente Sigilo que já apresenta uma temática diferente, é como se tivesse conhecendo uma nova pessoa e estivesse recomeçando a vida amorosa ou apenas começando a curtir após o término com o relacionamento com um grande amor. É como se encontrasse alguém para ajudar a superar aquela raiva que estava sentindo, é o primeiro passo para poder recomeçar a vida.
A linha de guitarra base da música, mais uma vez, é interessante e cativante, faz muito bem seu trabalho e prende a atenção do ouvinte.
As marcações e ataques da bateria são novamente o maior destaque da faixa, abrindo espaço para o grande trabalho do baixo, talvez seja a faixa onde o baixo mais se destaca. A melodia de voz da faixa é bem contagiante, fácil de memorizar e muito bem elaborada.
A faixa final começa indo por um caminho mais Rock and Roll e depois se demonstra uma power ballad, mais romântica e voltada para algo mais calmo. É como se o EP descrevesse de forma linear o término de um relacionamento, a raiva e a busca pela felicidade, em seguida o desejo saciado e o fim da solidão e, para encerrar, o reencontro com o amor, o renascimento.
A melodia da faixa é o que mais se destaca, sendo bem elaborada do início ao fim.
O trabalho do EP como um todo é bem interessante, sendo cru e direto, com muita influência de Rock Alternativo mas sem deixar o bom e velho Rock and Roll de lado, apresentando bons riffs e refrãos marcantes e bem bolados. O som é bem visceral, não se sente nada forçado ao ouvir, tudo soa bem honesto e de acordo com a característica que a banda quer realmente passar para seus ouvintes.
O EP talvez apresente uma mudança na sonoridade da banda que, de lá para cá, lançou alguns singles sempre com intensidade, com bons trabalhos de melodia e com um ótimo trabalho de bateria, apresentando boas soluções e resoluções para as músicas, fazendo com que as mesmas deixem aquele formato mais simples de trabalhos anteriores. Este bom trabalho feito pela bateria eleva o nível do EP e obriga o baixo e a guitarra a serem mais criativos para preencherem bem os espaços criados pelos ataques e quebras de tempo.
O EP (a)morfina (2018) é um ótimo cartão de visitas para quem quer conhecer a banda e o que ela pode criar e apresentar.
Móbile Drink – (a)morfina
Data de lançamento: 23/03/2018
Gravadora: Independente
Tracklist
01 – Acabou
02 – Amor é Coisa Louca
03 – Quente Sigilo
04 – Sei Não
Formação
Ronan Valadão – Vocais
Pablo Rodrigues – Guitarra
Felipe Rodrigues – Baixo
Bruno Valadão – Bateria