Resenhando é um quadro criado por mim, Helton Grunge, que visa ir a fundo nas análises sobre os trabalhos, tentando evidenciar o que ele tem de melhor, suas características mais marcantes e tentando deixar claro para o público por que ele precisa ouvir. O trabalho escolhido para a resenha de hoje foi Stay Heavy (2018) da banda Blixten. Confira abaixo tudo sobre o trabalho.

Stay Heavy (2018) é o primeiro EP lançado pela banda Blixten. O trabalho contém 6 faixas, sendo uma introdução, quatro novas e faixa bônus de um single lançado anteriormente pela banda.

Blixten é uma banda de Hard Rock/Heavy Metal formada no ano de 2013 pela vocalista Kelly Hipólito, na cidade de Araraquara – SP. O som da banda recebe fortes influências de bandas dos anos 80, como: Iron MaidenDioSkid RowMotley CrueLed ZeppelinKissAC/DC, entre outros.

A formação da banda que participou das gravações do EP contou com: Kelly Hipólito (vocal); Miguel Arruda (guitarra); Aron Marmorato (baixo); Murilo Deriggi (bateria).

Confira abaixo a tracklist do EP Stay Heavy (2018) da banda Blixten.

01. Requiem Aeternam
02. Trapped in Hell
03. Stay Heavy
04. Maktub
05. Strong as Steel
06. Like Wild (Bonus Track)

Uma banda que se propõe a resgatar a agressividade das bandas de Hard ‘n Heavy principalmente dos anos 80 é, no mínimo, ousada. Aliar agressividade, técnica, bons arranjos a letras agressivas tendo como referência para o trabalho bandas como Dio, Iron Maiden, Led Zeppelin, Kiss, Skid Row, Motley Crue e AC/DC não é para qualquer um. Aliar tudo isso e deixar sua marca registrada de forma única, sem ser uma mera cópia de trabalhos anteriores é ainda mais difícil. O resultado? Um dos melhores EP’s de Rock and Roll que já ouvi e me arrependo de não ter conhecido antes o trabalho!

O trabalho tem peso, agressividade, velocidade, boas melodias e boa técnica. Músicas bem elaboradas, um trabalho coeso, direto, intenso e que casa perfeitamente entre si, deixando uma ótima impressão aos amantes do Rock and Roll e fazendo o público esperar por novos trabalhos.

Em um mundo atual onde muitos presam por novidades inovadoras, a Blixten chegou e mostrou que tem como fazer um trabalho muito bom se espelhando em bandas do passado e numa sonoridade já consagrada. A banda não precisou “reinventar a roda”, não precisou misturar estilos e trazer novas tendências para chamar a atenção dos ouvintes, bastou ser criativa e muito competente para criar seu trabalho desfrutando do que de melhor ouviu de bandas de quem se espelharam e pensando em fazer um trabalho no estilo que curtissem e que quisessem apresentar ao público; bastou colocar a alma naquilo que acreditava e preparar o melhor material possível. Conseguiram com maestria.

Gravar 4 faixas inéditas, aliar a uma introdução de música clássica e a uma Bonus Track que era um single já lançado anteriormente pela banda, fazendo com que tudo soe como um trabalho único de ponta a ponta não é das tarefas mais fáceis. A banda gravou como já tocassem juntos há uns 20 anos e resolvessem gravar apenas mais um EP, tal a performance, entrosamento e criatividade apresentadas no trabalho.

Foto da formação da Blixten que gravou o EP Stay Heavy

Com uma formação mais crua, trazendo vocal, uma guitarra, baixo e bateria, a banda mostrou que, muitas vezes, menos é mais. O trabalho não precisou se encher de instrumentos, não precisou encher de recursos eletrônicos e nem nada que a banda não tenha a oferecer em suas apresentações ao vivo para apresentar um trabalho muito bem feito. Aliás, quem assistir a uma apresentação ao vivo da banda, prepare-se para ouvir um trabalho tão bom quanto do EP ou até melhor, tal o entrosamento e a técnica apresentada nos shows, junto de muita energia e agressividade.

Todas as músicas são muito boas, mas já deixarei registrado que minhas preferidas são Stay Heavy e Maktub. A primeira citada apresenta um Hard Rock puro, ditado por um riff intenso e constante repetido pela guitarra, que leva a música e dita sua forma. A faixa Maktub já é mais calma, inicia-se com o violão num riff simples e marcante, mas vai ganhando corpo ao decorrer do trabalho, apresentando tensão e intensidade. Não posso deixar de destacar meu solo de guitarra preferido do EP: ele se encontra na faixa Strong as Steel. Mas falarei mais sobre as características de cada faixa, tentando apresentar o que mais me chamou a atenção em cada uma e traduzindo a sensação que o trabalho me passou ao ouvi-lo.

O EP começa com um tema de Mozart, chamado Requiem Aerternam. A introdução, aliás, é exatamente tudo o que o álbum não é: calma. Ao ter uma introdução mais cadenciada, com uma música clássica, trazendo uma sonoridade sacra e de coral, a banda prepara o ouvinte para o que vem em seguida: um Hard Rock feroz e agressivo.

A faixa Trapped in Hell é a mais agressiva e acelerada do EP. É o cartão de visitas da banda, mostrando que não veio para brincadeira. É o típico “chegou com o pé na porta”. A agressividade lembra uma sonoridade Thrash Metal por causa da agressividade e da voz rouca da vocalista Kelly Hipolito. O refrão sendo repetido pelas vozes de apoio é algo bem característico dos anos 80, bandas como Twisted Sister e Kiss cansaram de usar esse artifício para dar corpo à canção em seu refrão, mantendo a agressividade e mostrando explosões de intensidade. O solo de guitarra apresenta bastante velocidade e intensidade, casando perfeitamente com a agressividade da banda. O grito final da música também é marcante, fazendo com que a música termine em seguida de forma seca.

Em seguida, a faixa Stay Heavy aparece numa levada mais Hard Rock, com riffs próximo a de bandas como Scorpions e Whitesnake, sendo marcante e levando a cadência da música. Enquanto a guitarra mantém seu riff, a bateria faz uma preparação para a entrada de vez na música, tocando apenas nos tons e no surdo da bateria; em seguida, começa a usar a caixa e a música se apresenta de uma vez. Além disso, a faixa apresenta um refrão bem marcante e com a frase “Stay Heavy” mais uma vez cantada a 3 vozes. Com certeza é uma faixa de levantar público no show e fazer a galera cantar junto. O baixo é bem marcante na faixa, cada nota parece uma marretada nas notas. A voz mantém-se agressiva, mas sem deixar de apresentar boas melodias na faixa. Mesmo sendo uma música mais cadenciada do que a primeira, é contagiante demais!

A seguinte é a Maktub, diferente de todas do EP. Aqui a banda quis apresentar uma outra face: o fato de saber criar melodias mais tranquilas em uma linguagem crescente. Enquanto a bateria e o baixo só marcam o tempo de leve no começo, o violão dita com seu riff a cadência da música. A vocalista mostra aqui que sabe cantar de outras formas, não só se utilizando do drive e da voz agressiva, apresentando a calmaria em uma voz aveludada. Ao chegar no refrão, o baixo segura bem a base junto da bateria, dando liberdade para a guitarra se utilizar de efeitos para preencher o som. As vozes entram juntos naquela máxima de preencher o som cantando “Maktub!” em uníssono, enquanto a vocalista continua sozinha as respostas. Esta faixa é genial! A música apresenta dois solos de guitarra, ambos bem melódicos e criativos, sendo exatamente o que a faixa precisava para ter uma mensagem mais clara e coesa.

A faixa Strong as Steel já apresenta uma marcha de guerra muito bem executada. A cadência da música é muito bem estruturada, tem toda uma preparação muito boa, um groove de bateria e baixo muito bem montado. A bateria aparenta simular sinais de marcha de guerra. É uma ótima faixa de preparação para músicas hits que viriam em seguida no show, ela prepara o público para uma grande energia. O solo, melhor do EP na minha opinião, é dividido em duas partes: a primeira com fortes referências a David Gilmour, bem melódico e cadenciado; a segunda com fortes referências de bandas consagradas Hard Rock, sendo agressivo, rápido, mas sem deixar de ser técnico e muito bem elaborado.

A faixa Like Wild é uma Bonus Track de respeito e dá corpo ao trabalho, mostrando o embrião de um trabalho que chegaria no restante do EP. A faixa é selvagem e agressiva, talvez seja a ideia que tenha iniciado todo o projeto. Mas, é bem notável que houve uma grande evolução desta faixa para o restante das músicas, principalmente no que se diz respeito a arranjos de guitarra e melodias. Com o tempo, a banda se permitiu explorar outras sonoridades no estilo e se permitiu criar linhas mais melódicas e técnicas, sem perder peso e agressividade em seu trabalho. De qualquer forma, a faixa apresenta características enraizadas do conceito da banda como: refrão marcante cantado com três vozes ferozes e muita agressividade, tanto nos instrumentos quanto na voz, que usa bastante o drive, assim como na faixa Trapped in Hell.

Em resumo, é um EP muito bom, um ótimo cartão de visitas para o que a banda tem a oferecer e o que ainda pode criar. Músicas agressivas, enérgicas, intensas, cheias de nuances e boa técnica. A guitarra é extremamente criativa, apresentando ótimos riffs, ótimos arranjos e solos que prendem a atenção, sejam eles mais melódicos e suaves, sejam eles mais intensos, rápidos e agressivos. A bateria e o baixo trazem essa marcação bem feita, simulando “pedradas” no som, quase de forma literal, permitindo que a música flua coesa, de forma natural e faça sentido como um todo; ambos sabem ser intensos quando precisam, levando peso e agressividade e suaves quando a música pede.

Videoclipe da faixa Trapped in Hell presente no EP Stay Heavy (2018)

As melodias de voz são muito bem feitas, sendo marcantes e intensas. A vocalista sabe apresentar uma voz mais aveludada quando a música precisa, mas se for para ser intensa e passar agressividade e selvageria, encontramos a voz perfeita. As vozes de apoio dão o suporte necessário, aplicando boa intensidade nos refrães das músicas.

Amar Rock and Roll e gostar de conhecer trabalhos novos da cena passa por querer ouvir cada vez mais o que o underground tem a oferecer. Conhecer o este EP da Blixten faz com que esperemos ansiosos para a gravação de novos trabalhos, tendo boas expectativas para o que a banda tem a oferecer e sabendo que tem tudo para vir com ótimas músicas.

Atualmente a banda segue compondo e já apresenta em seus shows faixas ainda inéditas, mas que estarão registradas em futuros trabalhos. A banda segue agora com uma nova baterista, seu nome é Larissa Futenmaa e, com certeza, entrou para a banda trazendo ainda mais opções de arranjos, peso e técnica para as novas músicas.

Para saber mais sobre os trabalhos da banda Blixten e ouvir suas músicas, basta clicar nos links abaixo ou acessar seu serviço de streaming preferido.

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