O mês de agosto tornou-se marcante para a história da banda campineira XFEARS, de metal progressivo. A banda, liderada pelo vocalista e tecladista Gabriel Carvalho, lançou The First, seu debut album, em agosto de 2021 e coube ao mesmo mês de 2023 a responsabilidade de dar à público o segundo álbum, Reasons for Change, lançado em 25 do referido mês. A missão de Reasons for Change é simples, superar a aclamação do público e da crítica ao referido álbum debutante. Muito se fala na vida de uma banda sobre o teste de fogo que é produzir um segundo trabalho e por consequência, dar seguimento à carreira, principalmente em se tratando de Brasil, um país que há muito tempo virou-se de costas para o rock e seus derivados sonoros. E, neste caso, a XFEARS encarou o desafio e partiu com tudo para sua vida adiante e com isso, nos entrega Reasons for Change com uma competência extraordinária. Reasons for Change não é só um álbum de metal, é uma lição de vida, pois nos presenteia com canções que abordam temas inspiradores e reflexivos. A banda mudou, trocou a metade dos integrantes, contando agora com Gabriel Carvalho, como já citamos, ao lado do baterista Douglas Polents, tendo a seu lado o baixista Murilo Barim e o guitarrista Nando Cavaccini, que renovaram o som da banda elevando o nível ainda mais.
Reasons for Change começou a ser composto há pouco mais de um ano. O desejo da banda era dar continuidade ao primeiro trabalho, mantendo o direcionamento progressivo, porém sendo mais diretos. Assim como em The First, a própria banda produziu Reasons for Change, garantindo assim que o som produzido fosse facilmente assimilado pelos fãs. E como de costume, a banda traz mais uma homenagem e o escolhido foi ninguém menos que o dono de uma das vozes mais cultuadas do rock, Freddie Mercury, com a clássica “The Show Must Go On”, de sua banda, a realeza Queen. Até pela escolha do tributo, dá para se ter noção de que os músicos entraram com tudo nessa nova jornada. A temática lírica está mais profunda, mais emocional e próxima dos pensamentos mais humanos, falando sobre relacionamentos, trazendo reflexões sobre a morte e como encaramos o nosso destino, diante dela, assim como dar mais atenção aos nossos sonhos e vontades, não nos prendendo a regras desnecessárias, enfim o álbum aborda a essência do é ser humano. Por se tratar de metal progressivo, a responsabilidade de se evidenciar o virtuosismo é levada à sério, com os músicos demonstrando suas habilidades de forma superlativa, o que dá ainda mais beleza ao trabalho recentemente lançado.
A audição se inicia com a épica “Overture”, que já entra derrubando a porta sem pedir licença, evidenciando toda a temática do álbum numa faixa instrumental de tirar o fôlego. “When We Die”, com seu videoclipe gravado dentro de um cemitério, pega carona na faixa de abertura e mantem a pegada épica introdutória. Um riff seco a carrega e a conduz longo de sua execução, que vem com vocais intensos e carregados. A música de trabalho mostra como reflexão o fato de que não podemos carregar nenhum bem material ou riqueza deste mundo, além de nossa consciência. O canção ainda nos brinda com um belo solo de teclados. “Don’t Wait, lançada como single no final do ano passado, é mais aberta e cheia de camadas de teclados. Com um som que se aproxima do hard rock, mostrar a importância de não se deixar levar pela opinião alheia e sim dar mais atenção aos seus próprios sonhos e vontades. “Fix It All”, que pra mim é uma das melhores faixas do álbum, com suas viradas e mudanças de andamento, é também uma das mais longas, e mais antigas do repertório da banda, tendo sido lançada originalmente em 2020, sendo reorganizada. É pesada e mais arrastada, como um clamor, de que apesar de erros, muitas vezes graves até, enquanto se ainda está vivo é possível reparar ou consertar tudo, recomeçar e buscar sempre acertar. Nunca é tarde para mudar. “Redemption”, a quinta faixa, é de uma forma elegantemente emocional, por ser uma linda balada e pra mim, a mais bonita canção de Reasons for Change. Ela faz uma viagem, que me lembra as canções grandiosas do Metallica, como “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”, porém bem mais melodiosa com suas camadas de teclados, elementos orquestrais e um solo inspiradíssimo. Bebendo da mesma fonte que sua antecessora, a temática aqui mostra que qualquer um pode repensar suas atitudes e corrigir seus erros. Fracassos podem servir como incentivo para mudar e mesmo que os caminhos sejam sombrios e condenatórios, uma redenção plena pode nos reconectar para prosseguir.
“Changes” é a canção mais power metal do álbum, lembrando os grandes clássicos do gênero. Apesar de ser mais antiga, foi resgatada e totalmente reformulada para este lançamento, apresentando novos arranjos e mais uma vez batendo na tecla da necessidade de se buscar mudanças para sermos seres melhores. “Reason to Stay” vem em seguida trazendo a banda novamente ao prog metal, de forma mais direta. A música fala sobre o relacionamento de um casal, trazendo um a mensagem de um para o outro. “The Show Must Go On” é o tributo ao Queen. A homenagem aqui não se resume ao próprio Freddie Mercury, mas aos tantos amigos que se perdem e ficam pelo caminho ao encerrarem sua jornada terrena. A banda passou por diversas perdas no ano passado e se permitiu honrar as amizades perdidas. A música ganhou novos e grandiosos arranjos. “Peace Within” tem a missão de finalizar a audição, no alto de seus 7 minutos, sendo a mais longa do play. A faixa é a mais progressiva, grandiosa, bem animada, com variações e quebras de andamento, como se tivesse mostrando os altos e baixos da vida. Ela traz a mensagem de que a “paz interior” é possível de ser lançada se tão somente fizermos a nossa parte, pois não de pendemos de ninguém, quais seres absolutos e donos de nossas próprias vidas.
Reasons for Change é um álbum caótico, pesado e emocional, com uma forte e poderosa mensagem, que nos faz refletir sobre quais os valores estamos dando em nossas vidas. E já podemos observar isso já analisando a bela arte da capa, que remete ao conceito de dualidade, yin-yang, os dois lados da moeda. Ou seja, sempre há dois caminhos, duas possibilidades de escolha. Não há que se duvidar dos músicos aqui, todos virtuosos e comprometidos com o mais alto grau de profissionalismo. Se a pretensão do quarteto era entregar um álbum grandioso, virtuoso, pesado e emocional, que faça valer a máxima de sobrevivência da continuidade de um trabalho, acertaram em cheio. Tudo aqui é feito com requinte, tudo é muito bem gravado, muito bem executado, muito bem produzido, uma obra-prima de metal progressivo. Meu conselho a você que está lendo essa resenha é que você se liberte de todos os seus pesos momentâneos, coloque o play pra tocar e mergulhe nessa viagem sonora pelo subconsciente e liberte suas emoções e reflexões sobre os seus caminhos, afinal há muitas “razões para mudar”, então vá à luta.
Ah, e antes que me esqueça, sempre é bom lembrar, clique no play abaixo e ouça Reasons for Change, o novo álbum da banda XFEARS:
Data de Lançamento: 25/08/2023
Gravadora: Metal Relics
Formação:
Gabriel Carvalho – Vocais, Teclados
Douglas Polents – Bateria
Murilo Barim – Baixo
Nando Cavaccini – Guitarra
A banda concedeu à Roadie-Metal uma recente entrevista para falar sobre o novo álbum. Relembre no link a seguir: https://roadie-metal.com/entrevista-gabriel-carvalho-da-banda-xfears-fala-sobre-o-lancamento-do-novo-album-reasons-for-change/
Nota: Todas as faixas de Reasons for Change estão sendo lançadas como clipes oficiais, em formato de video clipe ou lyric video. Assista no canal oficial da banda no YouTube: https://www.youtube.com/@Xfearsmetal
Acompanhe a XFEARS pelas redes sociais:
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Crédito da foto: Facebook/ XFEARS
Fonte: Metal Relics/ XFEARS
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